Caiado não cumpre integralmente proposta de equiparação salarial e policiais criticam projeto
30 janeiro 2019 às 11h50
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No total, 2.661 servidores passam a integrar a graduação de 2ª Classe. Categoria esperava equiparação à 1ª Classe
O aguardado projeto de lei que reestrutura as carreiras das forças policiais goianas e extingue a graduação de Soldado de 3ª Classe foi divulgado pela Secretaria de Segurança Pública do Estado de Goiás (SSP-GO). No entanto, o texto não contempla a equiparação salarial prometida pelo governo estadual.
No projeto que será enviado à Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego), o governo de Goiás determina que fica suprimida, na carreira de Praças da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar, a graduação de Soldado de 3ª Classe. No entanto, os policiais não serão remanejados para a 1ª classe, como era esperado.
“Os quantitativos de postos da graduação referida no caput deste artigo, bem como os respectivos ocupantes, ficam transferidos para a graduação de Soldado de 2ª Classe”, diz.
O projeto determina ainda que somente após cinco anos na graduação de Soldado de 2ª Classe é que será realizada promoção à graduação de Soldado de 1ª Classe. A medida acaba aumentando para 10 anos o prazo para que os soldados sejam promovidos à cabo.
Com o novo projeto, os soldados que recebiam a remuneração inicial de R$2.126,07 passarão a receber R$5.766,64 . Já o soldado de 1ª Classe recebe R$6.358,32.
No total, 2.661 servidores saem da categoria de 3ª Classe e passam a integrar a de 2ª Classe. O projeto ainda não foi encaminhado à Assembleia Legislativa e pode sofrer alterações.
O que diz a categoria?
O presidente da União dos Militares de Goiás (Unimil), vereador Cabo Sena, falou ao Jornal opção sobre a repercussão do projeto entre os soldados de terceira classe. Para ele, é inegável o avanço salarial, porém a prometida equiparação ficou apenas no discurso.
“A Unimil entende que houve um grande avanço em termos financeiros, porém temos uma infinidade de vídeos e declarações do governador Ronaldo Caiado [DEM] prometendo igualar os salários. Em nenhum momento ele falou em criar uma classe intermediária”, afirmou o Cabo Sena.
Para o presidente da Unimil, talvez o governador não entenda a questão da carreira policial a fundo, já que a criação dessa nova classe reflete negativamente na progressão dos soldados.
“Para eles saírem da 2ª Classe demorarão cinco anos, para virar cabo será necessário aguardar mais cinco anos, ou seja, mais de 10 anos para serem reconhecidos. Com essa nova classe a progressão dentro da carreira fica um pouco travada”, explicou Cabo Sena.
Segundo o vereador, o significado de equiparação no dicionário é muito claro, “equiparar é igualar, isso não foi feito”, disse.
Por meio das redes sociais, vários soldados estão se manifestando em busca de respostas para a decisão de Caiado. A maioria das mensagens afirma que se não tivesse sido criada a figura do soldado de 3ª Classe pelo então governador Marconi Perillo (PSDB), os profissionais teriam ingressado na corporação como soldados de 2ª Classe e, após um ano de curso de formação, seriam promovidos a soldados de 1ª Classe.
A categoria diz ainda que projeto do governo não sana injustiças, prejudica a carreira e pede modificações antes do envio à Assembleia Legislativa.