A Assembleia Legislativa de Goiás aprovou em segunda e última votação o reconhecimento como patrimônio cultural, imaterial e histórico de Goiás a festa da Caçada da Rainha de São João D’Aliança, uma tradição de origem afro-portuguesa. O texto segue agora para sanção do governador Ronaldo Caiado (UB). A festividade, de acordo com relatos históricos, teria começado como forma de homenagear a Princesa Isabel pela alforria dos negros escravizados.

Tradição é passada de geração em geração | Foto: Débora Amorim

Em todo mês de julho, o município de São João D’Aliança faz uma festa, que dura uma semana, em homenagem ao Divino Pai Eterno e Nossa Senhora do Rosário. Nesses dias são realizados uma série de eventos, como missas, novenas, batizados, casamentos, leilões. Entre as festividades mais esperadas nesses dias está a Caçada da Rainha.

No dia da caçada, os festeiros (rei, rainha e imperador) oferecem almoço para toda a comunidade. De barriga cheia, começa o ritual: cavalheiros vão procurar a rainha, que está escondida. Quando é encontrada, foguetes anunciam o encontro. Reunidos, os festeiros esperam a chegada de todos e são recebidos com música e dança.

Danças de povos tradicionais do Cerrado são uma das atrações da festa | Foto: Débora Amorim

Na justificativa apresentada na Assembleia, o deputado Bruno Peixoto (UB), autor da propositura, afirmou que “o patrimônio cultural de um povo reflete sua identidade. Deve ser preservado, tombado, registrado, revitalizado e nunca esquecido”. Além disso, o parlamentar acredita que é preciso manter a tradição viva de geração em geração.

A região de São João da Aliança, há cerca de 300 anos, serviu como refúgio para negros que fugiram o quilombo em busca de liberdade. Nessa época, o povoado fazia parte do município do Forte e era chamado de Capetinga. As nascentes e belezas naturais do local até hoje atraem pessoas que desejam se conectar com a natureza.