Pela primeira vez na história, o Brasil nomeou oficiais-generais para atuar como adidos militares na embaixada brasileira na China. Até então, os Estados Unidos eram o único país a receber representantes militares do alto escalão brasileiro para tratar das relações militares bilaterais.

Os oficiais-generais são os postos mais altos na carreira militar. Como adidos militares, eles representam as Forças Armadas e o Ministério da Defesa junto às autoridades militares estrangeiras, com a missão de promover a cooperação, trocar informações e fortalecer os laços bilaterais.

De acordo com o decreto presidencial, assinado por Luiz Inácio Lula da Silva, se estabelece a lotação de três oficiais na China:

  • um oficial-general do Exército como Adido de Defesa e do Exército;
  • um contra-almirante da Marinha como Adido Naval;
  • um coronel da Aeronáutica como Adido Aeronáutico.

Além disso, esses militares também serão responsáveis pelas relações militares com a Tailândia, ampliando a presença diplomática brasileira no Sudeste Asiático.

Embora o governo brasileiro não cite a crise nas relações com os Estados Unidos como motivação oficial, a nomeação ocorre num momento em que produtos brasileiros sofreram sobretaxas de 50% no mercado americano.

Especialistas consultados pelo G1 interpretam essa iniciativa como um esforço do Brasil para diversificar fornecedores de equipamentos militares e reduzir a dependência estratégica dos EUA.

O professor Rodrigo Amaral, da PUC-SP, afirmou que:

Essa ação indica maior profundidade na relação estratégica entre Brasil e China, refletindo o interesse mútuo em ampliar um diálogo que historicamente era mais técnico

Até 2025, a prioridade brasileira era claramente direcionada aos Estados Unidos, fruto de uma histórica dependência tecnológica e doutrinária do aparato militar norte-americano.

Laerte Apolinário, também da PUC-SP, destacou:

O Brasil mantém canais ativos com EUA e OTAN, e essa aproximação com a China faz parte de uma estratégia de diversificação, não de exclusão

Além dos oficiais-generais destacados para Pequim, o Brasil contará com outros três representantes militares na China:

  • um coronel ou tenente-coronel do Exército como adjunto do Adido de Defesa;
  • um capitão de mar e guerra ou capitão de fragata como adjunto do Adido Naval.

A atuação dos adidos vai além da representação protocolar. Segundo apuração do G1, eles participam de negociações de acordos de cooperação, facilitam o intercâmbio de informações, acompanham visitas oficiais e monitoram avanços tecnológicos e industriais no setor de defesa.

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