Durante uma operação da Polícia Federal em fevereiro deste ano, dois comprovantes de transferências bancárias no valor de R$ 6,8 milhões foram encontrados na sede do PL, em Brasília, dentro de um cofre na sala da assessoria de Jair Bolsonaro. Cada comprovante indicava um pagamento de R$ 3.383.331,45 a seus advogados.

A apreensão desses documentos aconteceu enquanto os agentes cumpriam um mandado de busca e apreensão, e, além dos recibos, também foi encontrado um esboço de um pronunciamento que ficou conhecido como “discurso pós-golpe” pelos investigadores.

Essas transferências ocorreram no contexto de uma movimentação financeira significativa envolvendo o ex-presidente. Em 2024, no primeiro semestre, Bolsonaro recebeu R$ 17,2 milhões por meio de transferências via Pix, com o objetivo declarado de ajudar a pagar multas judiciais. A campanha para arrecadar recursos teve a adesão de apoiadores e resultou em 769 mil transações. As transferências estão sendo investigadas pela Polícia Federal.

Os pagamentos encontrados no cofre foram direcionados a dois advogados que atuam em causas de grande repercussão envolvendo o ex-presidente. O primeiro deles é Paulo Amador Cunha Bueno, advogado de Bolsonaro no caso da tentativa de golpe de Estado.

Ele se recusou a comentar sobre os honorários, afirmando que trata-se de um assunto privado entre cliente e advogado. Conhecido por sua atuação no direito penal e por sua afinidade com o meio militar, Cunha Bueno tem sido um dos principais defensores do ex-presidente.

Além dele, o escritório D. B. Tesser Sociedade de Advogados, que representa Bolsonaro no caso das joias, também recebeu uma parte do pagamento. O escritório emitiu um comunicado destacando que todos os pagamentos foram feitos de acordo com um contrato formal de prestação de serviços jurídicos, que inclui cláusulas de confidencialidade. O escritório ressaltou ainda que sua atuação é pautada exclusivamente em questões técnicas e que não se envolve em aspectos políticos.

O vínculo entre os advogados e Bolsonaro não se limita a essas questões jurídicas. Ambos trabalharam juntos em uma explicação apresentada publicamente quando foi revelado que o ex-presidente se hospedou na embaixada da Hungria por dois dias.

Eles alegaram que o objetivo da viagem era discutir temas políticos relacionados ao Brasil e à Hungria. O caso foi arquivado pelo Supremo Tribunal Federal, que não encontrou indícios de que o ex-presidente estivesse tentando obter asilo político ou fugir do país.

A revelação sobre os pagamentos milionários aos advogados de Bolsonaro surge em um momento de intensificação das investigações sobre as finanças do ex-presidente e suas relações jurídicas. O caso continua a ser monitorado pelas autoridades, que buscam entender melhor o fluxo de recursos e os vínculos estabelecidos entre o ex-presidente e sua equipe legal.

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