Associação espírita se posiciona sobre caso João de Deus
14 dezembro 2018 às 13h15

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AbrePaz se solidarizou às vítimas e repudiou violência cometida a fieis por alguém em posição de autoridade espiritual
A Associação Brasileira Espírita de Direitos Humanos e Cultura de Paz (AbrePaz) publicou nota se posicionando sobre as denúncias de abuso sexual contra o médium João de Deus. No texto, a AbrePaz diz que deseja ver respeitados os direitos humanos para todos.
Na nota, a associação diz, ainda, que deseja que a investigação prossiga com respeito à dignidade dos envolvidos. Eles também expressam solidariedade às mulheres que fizeram as denúncias, mas manifestaram o desejo pelo direito de defesa do médium, que, segundo a associação, é suscetível à presunção de inocência.
Entretanto, a AbrePaz se manifesta contra toda forma de violência cometida por alguém em posição de poder religioso contra pessoas em “posição de fragilidade emocional e boa-fé”. A associação também repudiou a culpabilização da vítima, respaldada na “cultura do estupro, misoginia e machismo”.
Além disso, a Abrepaz pontuou que não concorda com idolatria a qualquer médium e reconhece a mediunidade como algo a ser praticado com “dignidade e gratuidade, e jamais como privilégio moral ou superioridade espiritual”. Confira nota na íntegra:
Sobre as recentes denúncias envolvendo o médium João Teixeira de Faria, conhecido como João de Deus.
A AbrePaz,
Associação formada por espíritas, que em seu exercício de cidadania, desejam ver respeitados os direitos humanos para todos e ver construída uma cultura de paz. Para isso atuam com a missão de estudar, divulgar e promover os Direitos Humanos, a Cultura de Paz e Não-Violência alinhados ao Espiritismo, com os princípios de democracia, transparência, pluralismo de ideias, inclusividade, diversidade, não-violência e sem vínculos político-partidários.
1) expressa sentimento de consternação e deseja que a investigação prossiga com respeito à dignidade dos envolvidos;
2) externa sentimentos de solidariedade às supostas vítimas que devem ser preservadas em sua dignidade e ouvidas pelo poder público;
3) deseja o amplo direito de defesa do médium e reconhece seu direito à presunção de inocência;
4) repudia fortemente toda forma de violência, abuso, assédio principalmente se praticado por alguém em posição de destaque de natureza religiosa, contra outrem que se encontra em posição de fragilidade emocional e boa-fé;
5) repudia a cultura do estupro, a misoginia e o machismo que tende a transformar, de alguma forma, a vítima de abuso em culpada pelo infortúnio;
6) reconhece a dificuldade da vítima de abuso, geralmente mulheres e crianças, em fazer a denúncia, de prová-la, por receio de serem julgadas e caluniadas;
7) reconhece a importância que as denúncias venham à tona, para que, em se comprovadas, restaurem nos termos da lei a justiça e a dignidade dos envolvidos, e que possam cessar novas práticas abusivas onde quer que possam acontecer;
8) não concorda com a idolatria a qualquer médium, reconhecendo o exercício da mediunidade como encargo a ser praticado com dignidade e gratuidade, e jamais como privilégio moral ou superioridade espiritual, e que não deve receber quaisquer ganhos materiais, diretos ou indiretos, resultantes do exercício da mediunidade ou das suas condições de atendimento a quem quer que seja;
9) ressalta que a mediunidade é inerente ao ser humano, aptidão orgânica, e que sua prática independe da filiação religiosa.