Um estudo recente publicado no periódico científico JAMA revelou que a aspirina, conhecida por suas propriedades analgésicas e anti-inflamatórias, pode ter um papel significativo no tratamento da gordura no fígado. Esta condição, cada vez mais prevalente devido ao aumento global da obesidade e do diabetes tipo 2, apresenta um desafio crescente para a saúde pública.

Pesquisadores do Hospital Geral de Massachusetts, nos Estados Unidos, conduziram um estudo de fase 2, empregando o padrão-ouro em pesquisa científica: um ensaio randomizado, duplo-cego e controlado por placebo. O estudo envolveu 80 pacientes com idades entre 18 e 70 anos diagnosticados com doença hepática esteatótica associada à disfunção metabólica.

Metade dos participantes recebeu uma dose baixa de 81 mg de aspirina, enquanto os demais receberam placebo ao longo de seis meses. Os resultados revelaram uma redução média de 10,2% na gordura hepática entre os pacientes que receberam aspirina em comparação com aqueles que receberam placebo. Além disso, a dosagem foi considerada segura e bem tolerada.

“Como estima-se que a condição afete até um terço dos adultos dos Estados Unidos, a aspirina representa uma opção atraente e potencial de baixo custo para prevenir a progressão para cirrose ou câncer de fígado, as complicações mais temidas”, afirmou em um comunicado Andrew Chan, gastroenterologista e autor do estudo, além de chefe da Unidade de Epidemiologia Clínica e Translacional do hospital.

A gordura no fígado afeta aproximadamente 30% da população brasileira, e esse número aumenta para 80% entre os indivíduos com diabetes. Análises adicionais sugerem que a aspirina pode ter benefícios para outras condições relacionadas ao fígado.

“Vários exames não invasivos de sangue e de imagem para gordura hepática, inflamação e fibrose mostraram uma direção semelhante de benefício que favoreceu o tratamento com aspirina”, destacou Tracey Simon, hepatologista da Divisão de Gastroenterologia do Hospital Geral de Massachusetts. “Juntos, esses dados apoiam o potencial da aspirina para proporcionar benefícios aos pacientes.”

Apesar dessas descobertas promissoras, os pesquisadores enfatizam que “estudos adicionais são necessários para determinar se o uso continuado de aspirina pode reduzir o risco dos indivíduos de complicações de saúde a longo prazo” relacionadas à gordura hepática.

Enquanto aguardamos resultados futuros, o tratamento para essa condição continua sendo baseado em hábitos alimentares saudáveis, atividade física regular e, quando necessário, medicamentos específicos prescritos por profissionais de saúde.

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