Quando comecei a estudar no Ensino Médio, em 1998, no Colégio Agostiniano, as provas eram feitas aos sábados. Acabou o tempo de brincar até tarde nas noites de sexta-feira. Já não podia mais esperar a madrugada para ver as piadas que o Jô Soares contava na abertura do seu programa no SBT. Era preciso dormir cedo na sexta e acordar disposto no sábado porque 07:15 da manhã tinha prova. Ao adentrar na 1a série do Ensino Médio parecia que rompíamos os laços da infância. Não éramos mais crianças, porém não queríamos ser adultos.

Eu não tinha paciência para ficar até o último minuto e tentar responder mais uma questão. Terminava a prova, entregava para o examinador e descia até o pátio do Agostiniano em direção ao orelhão que ficava ao lado de um dos portões para ligar para minha mãe e pedir para me buscar. E não era só eu que fazia isso. Às vezes, uma fila se formava. Eram tempos em que o celular era uma novidade acessível para quem tinha dinheiro. Ao ver esta placa em um poste no Setor Aeroporto me veio à mente essa época que os orelhões eram os telefones de muita gente.

Olhar essa placa toda desgastada pelo tempo, mas ainda sendo possível ler as informações que trazia em seu corpo nos mostra que, apesar da acelerada inovação tecnológica e da sofisticação dos celulares, existem esses marcos históricos que nos recordam de onde nós viemos ou o que fazíamos antes. São placas de ferro que, apesar da ferrugem, resistem ao tempo e as mudanças da metrópole. É o passado que teimosamente se prende ao nosso presente.

Quem anda acelerado por aí, ao se deparar com alguma placa antiga, desacelera o passo porque uma testemunha do seu passado olha fixamente para você. Essa placa da Telegoiás nos recorda as filas nos orelhões que a gente já enfrentou só para ligar pra mãe e pedir para nos buscar no colégio depois de uma manhã de sábado de provas.