“As pessoas acham que a pandemia acabou”, afirma secretária de Saúde de Pirenópolis após intensas fiscalizações
07 setembro 2020 às 10h57
COMPARTILHAR
Ela conta que, mesmo após alertar que 95% da capacidade da cidade estava reservada para feriado, turistas insistiram e aglomeraram sem máscaras nas ruas
Como diversas outras cidades turísticas do Brasil, Pirenópolis é um dos municípios com vídeos e fotos nas redes sociais em que se mostra, durante o feriado de 7 de setembro, completo desrespeito pelos decretos municipal e estadual e descumprimento de protocolos sanitários. Pessoas sem máscaras e aglomeradas pelas ruas, um clima de normalidade que não condiz com a atual realidade de uma pandemia.
De acordo com a secretária de Saúde, Luciana Rodrigues, durante todo final de semana e feriado, estão sendo realizadas intensas fiscalizações para garantir o cumprimento das normas sanitárias. Ela conta que foram fiscalizados atrativos, hospedagem, estabelecimentos, pessoas individuais por falta de máscaras, aglomeração, perturbação, música alta, mas que, como pessoas ainda chegam à cidade e o trabalho continua nesta segunda-feira,7 , não há um número concreto de quantas autuações foram realizadas.
“As pessoas não escutaram e vieram sem reserva e, por isso, houve aglomeração. Os estabelecimentos estavam recebendo 50% da sua capacidade, hospedagens 65% de sua capacidade, atrativos também. Todos estavam tentando cumprir os protocolos dentro de seus estabelecimentos, mas as pessoas estavam se aglomerando nas ruas, especialmente na Rua do Lazer, na Igreja Matriz”, apontou.
“Ontem, um fluxo enorme de carros que acabaram voltando das cachoeiras e atrativos, mesmo a gente recomendando que viessem apenas com reservas. As pessoas simplesmente vieram e, ontem, quando fomos dispersar as pessoas à meia-noite, porque temos um toque de recolher, várias pessoas diziam: ‘Vou para onde?’. Bem, que voltem para suas cidades, porque aqui foi alertado que teríamos reservas para apenas um tanto específico de pessoas”, relata a secretária.
De acordo com ela, não há como instalar barreiras sanitárias na entrada da cidade, porque o Supremo Tribunal autorizou a entrada em casos de segunda residência e visita a parentes. “Conseguimos barrar apenas o turismo, a barreira já não funcionava. Agora, se já abrimos para o turismo, para que abrir uma barreira sanitária? Para medir temperatura? Sendo que todos os estabelecimentos de Pirenópolis afere a temperatura na entrada”, argumenta.
“O alerta é que a cidade está aberta com restrições e quantitativo bem menor da capacidade normal. Na entrada da cidade está o Centro de Informação ao Turista, que está orientando sobre nossas regras, quais estabelecimentos estão abertos, quais pode haver vagas, quais já estão lotados”, explica a secretária.
Visitantes despreocupados
Na última sexta-feira, Luciana já havia informado veículos de comunicação que noticiaram que 95% da capacidade da cidade já estava com reservas. “Infelizmente a fiscalização e a Polícia Militar tiveram que ir para as ruas, porque as pessoas não estavam usando máscaras, estavam aglomerando. Mesmo que a gente oriente que elas não devem ir a alguns lugares, elas estavam indo. O rio estava fechado, várias vezes pedimos para as pessoas se retirarem e às vezes com polícia militar porque as pessoas insistem”, relata.
Segundo ela, os donos dos estabelecimentos tentam cumprir os protocolos, mas os turistas não cumprem dentro dos estabelecimentos, dificultando a ação da fiscalização. “Existem as regras, as orientações estão dadas, mas as pessoas não cumprem. […] Se as pessoas tivessem consciência, seguiriam e não haveria nenhum problema. Nossa preocupação não é com o visitante, que vem e vai embora para sua cidade, mas com o cidadão pirenopolino e com os trabalhadores de hospedagens, pois são esses que precisam sobreviver”, afirma.
“Por isso a cidade foi aberta, para a economia girar e essas pessoas sobreviverem. Nossa preocupação é deles se contaminarem e contaminarem as pessoas em suas casas. Infelizmente, o que vemos é que quem está vindo não tem preocupação nenhuma com esses trabalhadores ou com essas pessoas da nossa cidade”, avaliou Luciana.
“O balanço é que fizemos o que podíamos, estamos conscientizando, trabalhando, mas infelizmente é uma consciência coletiva das pessoas que acham que a pandemia acabou. Estamos enxugando gelo. Se eu tivesse um quantitativo dez vezes maior do que eu tenho, ainda não adiantaria. Eu teria que colocar um fiscal a cada 50 metros dentro da cidade, de cada atrativo ou pousada para ajudar os empresários, e isso é humanamente impossível”, pondera.
“Como secretária de saúde, tenho visto os fiscais se desdobrarem durante a semana e final de semana. As pessoas só veem o lado negativo e falam que a fiscalização não existe. Tudo que sai no Facebook, vamos lá. Autuamos, tiramos foto. Cheguei ao ponto de subir em um lugar e pedir pelo amor de deus para as pessoas colocarem suas máscaras, não aglomerarem para a saúde delas. Estamos ativos, é por uma consciência do meu cargo de responsabilidade e pelas pessoas da minha cidade, os fiscais e os trabalhadores”, afirma.
De acordo com Luciana, a experiência deste 7 de setembro irá nortear ações da secretaria para os próximos feriados. “Essa é nossa realidade. Vamos nos adaptando aos poucos e vendo no próximo feriado onde podemos melhorar, vamos nos adaptando como pudermos, mas tenho consciência do nosso trabalho”, disse.