Diretora multiprofissional de reabilitação da unidade disse aos funcionários que contrato foi renovado por mais quatro anos, porém, tiveram que perder “alguns benefícios”

Foto: Divulgação

Conforme mostrado pelo Jornal Opção anteriormente, celetistas do
Centro de Reabilitação e Readaptação Dr Henrique Santillo (Crer) se mobilizaram na manhã desta segunda feira, 1°, para manifestarem repúdio aos cortes referentes ao triênio, quinquênio, assiduidade e redução da insalubridade dos trabalhadores da saúde vinculados a
Associação Goiana de Integralização e Reabilitação (Agir) – Organização Social (OS) responsável pela administração da unidade de saúde.

Logo no início da manhã os celetistas se reuniram com a diretora multiprofissional de reabilitação, Sônia Helena Adorno de Paiva, que anunciou a “necessidade de se fazer um ajuste em relação aos custos e receitas”. “Tivemos nosso contrato revogado por mais quatro anos, mas tivemos alguns benefícios suspensos”, reafirmou a diretora antes de confirmar que os cortes já foram implicados no pagamento do mês de março.

Na ocasião, uma funcionária da unidade de saúde questionou: “E o jurídico encara isso (o fato de não terem sido notificados com antecedência) como legal?”. Sônia, por sua vez, respondeu: “isso eu não tenho condições de responder”. 

Os profissionais da saúde que estiveram presentes nesse primeiro encontro o considerou “improdutivo”. “Eles não souberam responder aos nossos questionamentos e não chegamos a nenhuma solução. Não abrimos mão dos nossos serviços hoje, mas estamos dispostos a ir até as últimas consequências caso isso não se resolva”.

Segundo uma funcionária que preferiu não se identificar, por conta da mobilização a recepção da unidade foi aberta com 30 minutos de atraso. “Algumas áreas já começaram a ser afetadas como a lavanderia e a própria recepção que, pelo atraso, gerou uma fila enorme”, relatou. Outra mobilização foi agendada para às 12h30 da tarde de hoje.

Procurada pela reportagem, a Organização Social que gere o Crer, a Agir, disse que as mudanças se tratam de reorganização da estrutura orçamentária. Veja a nota na íntegra:

A AGIR, Associação Goiana de Integralização e Reabilitação, na gestão do CRER desde 2002 sempre se empenhou em proporcionar aos seus colaboradores condições diferenciadas de trabalho. Contudo, as sucessivas crises financeiras pelas quais o  país tem passado  impactou sobremaneira os governos estaduais, inclusive Goiás.

Essa situação, de conhecimento geral, levou os governos a ajustar seus orçamentos.

As OSS, na condição de gestoras de serviços públicos têm seus recursos financeiros definidos nos contratos de gestão, que estabelecem os valores a serem aplicados nas unidades de saúde, determinando os percentuais de desembolso com pessoal, atendimentos de saúde e custeio geral da unidade.

Com relação a alimentação, a AGIR adotava como prática o fornecimento de refeição aos seus colaboradores com parte do valor subsidiado. Essa medida, além de consumir parte dos recursos  do contrato de gestão com insumos, exigia a manutenção de uma estrutura operacional muito maior para atender o volume de produção. A medida reverteu recursos para a assistência ao paciente.

A entrada de alimentos na unidade, trazidos pelos colaboradores obedece às normas estabelecidas na NR-32 e regulamentados pela Comissão Interna de Infecção Hospitalar.

As medidas forma implementadas após ampla discussão e conscientização dos colaboradores.

Com relação ao plano de saúde, que também era subsidiado para o colaborador, pelos mesmas razões teve que ser suprimido. Contudo, a AGIR tabulou forte negociação com a UNIMED para manutenção dos melhores valores de mercado. Doravante a gestão do plano ficará ao encargo de uma comissão dos empregados (que será formada), haja vista que a AGIR não mais poderá se manter a frente da gestão do plano de saúde, ante a todos os fatores financeiros que podem comprometer os repasses do contrato de gestão, destinados a assistência.

Sem expectativas de melhoria no cenário econômico, a AGIR na condição de destinatária de recursos públicos tem o dever legal de garantir a sua aplicação prioritária no objeto do contrato de gestão, isto é, a assistência de qualidade ao usuários do SUS que buscam nas unidades por ela administradas o socorro à saúde. 

A Convenção Coletiva de Trabalho firmada entre Sindicato dos Trabalhadores na Saúde e o Sindicato patronal condicionou o beneficio da CCT aos empregados e a obrigação de seu cumprimento aos empregadores, exclusivamente àqueles que forem filiados ou que paguem a taxa negocial.

A insalubridade será paga segundo em conformidade com o estabelecido na lei, nos índices de 10%, 20% ou 40%.

Assim, considerando todas essas variáveis e as contingências legais que envolvem a questão, por se tratar a manutenção das unidades de saúde com uso de dinheiro público, sua aplicação deverá considerar sempre o interesse público, segundo os princípios constitucionais.

Não se tratam, pois, as medidas apontadas, de destituição de benefícios, nem de medida desarrazoada ou ilegal, mas de reorganização da estrutura orçamentária.