Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), foi detido nas dependências do Supremo Tribunal Federal (STF) após um interrogatório que durou quase 1h30. O depoimento, que ocorreu das 13h05 às 14h30, centrou-se em áudios vazados nos quais Cid faz críticas à Polícia Federal (PF) e ao ministro Alexandre de Moraes.

“Após o término da audiência de confirmação dos termos da colaboração premiada, foi cumprido mandado de prisão preventiva expedido pelo ministro Alexandre de Moraes contra Mauro Cid por descumprimento das medidas cautelares e por obstrução à Justiça”, informou o STF.

O ex-ajudante de Bolsonaro chegou ao STF por volta das 13h30, evitando a entrada principal para evitar a imprensa. Conduzida pelo desembargador Airton Vieira, a audiência contou com a presença da defesa de Cid e de um representante da Procuradoria-Geral da República.

Os áudios, divulgados pela revista Veja na noite anterior, mostram Cid expressando descontentamento com a atuação da PF, afirmando que os investigadores têm uma “narrativa pronta” e não buscam a verdade. Além disso, ele critica a postura do ministro Moraes, sugerindo que o magistrado já tem uma “sentença pronta”.

A defesa de Cid emitiu uma nota esclarecendo que ele não questiona a integridade das instituições envolvidas nas investigações, mas sim expressa sua angústia em relação aos efeitos da investigação em sua vida pessoal e profissional.

“Referidos áudios divulgados pela revista Veja, ao que parecem clandestinos, não passam de um desabafo em que relata o difícil momento e a angústia pessoal, familiar e profissional pelos quais está passando”, afirmou. “Seus defensores não subscrevem o conteúdo de seus áudios”, completou.

De acordo com os advogados, este “desabafo” surge “da investigação e dos efeitos que ela produz perante sociedade, familiares e colegas de farda”.

“Mas que, de forma alguma, comprometem a lisura, seriedade e correção dos termos de sua colaboração premiada firmada perante a autoridade policial, na presença de seus defensores constituídos e devidamente homologada pelo Supremo Tribunal Federal nos estritos termos da legalidade”, continuou.

A divulgação dos áudios levanta dúvidas sobre o futuro da delação premiada de Cid, aceita pela Polícia Federal em setembro de 2023. Fontes próximas à investigação sugerem que a colaboração do ex-ajudante de Bolsonaro pode não trazer novidades substanciais, além de arriscar sua própria situação.

Há especulações de que Cid esteja enviando mensagens cifradas para seu círculo pessoal ao criticar publicamente a corporação e o ministro Moraes. Essa atitude é vista como contraproducente entre os militares, considerando que a investigação já avançou significativamente em relação a Cid.

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