Após críticas, presidente em exercício da Celg diz que Caiado desconhece contrato com Eletrobras
04 agosto 2014 às 18h41
COMPARTILHAR
“Não adianta a apresentação de planos mirabolantes para um setor estritamente técnico e regulado”, alegou Elie Chidiac
O presidente em exercício da Celg, Elie Chidiac, rebateu as críticas do deputado federal Ronaldo Caiado (DEM) quanto à transferência de 51% das ações da Celg para a Eletrobras. Na avaliação do dirigente, o democrata desconhece o contrato de federalização, e peca ao levar a questão para um viés político. “Não adianta a apresentação de planos mirabolantes para um setor estritamente técnico e regulado”, acrescentou Chidiac em entrevista ao Jornal Opção Online.
A posição de Caiado em relação ao acordo entre as duas distribuidoras está em um artigo publicado nesta segunda-feira (4/8) pelo jornal Folha de São Paulo. No texto, o democrata afirma que entrará na Justiça contra a federalização da estatal alegando que a conclusão do processo em ano eleitoral favorece tanto a presidente Dilma Rousseff (PT) como o governador Marconi Perillo (PSDB).
[relacionadas artigos=”11794,11352,10815″]
Também diretor de Regulação da CelgD e vice-presidente da CelgPar, Chidiac destacou que o trâmite em torno da federalização da Celg remonta a um processo anterior bastante complexo e que segue uma negociação e um ritmo próprio. “Fico surpreso com as declarações. A lei permite que nós façamos essa negociação. Então, quem somos nós para discutir a lei? Todo mundo quer jogar no quanto pior melhor e isso não é justo com a empresa”, frisou.
O presidente interino explicou que a demora na negociação foi necessária a fim de prevenir qualquer delapidação do patrimônio público. Quanto à visita de Marconi à presidente Dilma, Chidiac ratifica que a intenção do encontro foi exclusivamente o pedido de liberação de R$ 1,9 bilhão para a Celg. Montante este que será aplicado integralmente na liquidação de encargos setoriais e dívidas da estatal goiana.
Uma das justificativas utilizadas por Caiado para embasar seu artigo foi a de que a gestão marconista iria usufruir financeiramente da negociação com a intenção de “reforçar o caixa” do governo estadual. Segundo Chidiac, o argumento do democrata é mais uma prova do desconhecimento do parlamentar quanto ao assunto. “Esse dinheiro já vem carimbado para o seu destino certo e foi votado em assembleia. Não tem nada a ver com caixa do Estado. Para ter uma ideia, a empresa hoje é gerida por sete diretores, sendo que cinco são da Eletrobras. Como esse dinheiro vai parar nos cofres estaduais?”
Em seu artigo, Caiado foi além de questões relacionadas ao atual contrato a ser celebrado com a Eletrobras e lembrou que, em 2010, Marconi divulgou uma carta “criticando exatamente o governo anterior por negociar a Celg”. No entanto, Chidiac contra-argumentou alegando que a negociação a qual o tucano se referia iria causar prejuízos graves ao Estado e ao patrimônio público. O dirigente explica por quê.
“Nesta negociação, a Celg e o governo estadual ficariam com 97% das ações da empresa, sendo que a nomeação de todos os diretores ficaria a cargo da Eletrobras. Essa é uma das fórmulas mais perigosas para o Estado, pois qualquer prejuízo ou aporte ficaria a cargo do tesouro estadual, sendo que a empresa estaria nas mãos do governo federal. Dessa vez, Marconi chamou todos à responsabilidade. Esta será uma gestão compartilhada.”
Prestes a ser assinada a promessa de contrato entre as duas estatais, Chidiac também lembra que, após esta etapa, ainda existirão outros entraves burocráticos para que a federalização de fato ocorra. A expectativa é de três meses, mas, à reportagem, o dirigente preferiu não prever nenhum prazo hábil. “Cada dia com sua agonia. Hoje estamos totalmente envolvidos para fechar a promessa de acordo. Com o aporte de dinheiro, o restante será mera burocracia”, finalizou.