Aécio Neves recebeu propina da Furnas, segundo delação de Delcídio do Amaral
15 março 2016 às 14h19

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Senador afirma que esquema na subsidiária da Eletrobras é semelhante ao da Petrobras e que quem orquestrava pagamentos era o ex-diretor de Engenharia, Dimas Toledo

A delação do senador Delcídio do Amaral (PT), homologada nesta terça-feira (15/3) pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), colocou muitos políticos em situação delicada e polêmica. Além da menção a um dos membros do alto escalão do governo Dilma Rousseff (PT), o ministro da Educação, Aloízio Mercadante, a delação também atinge o senador Aécio Neves (PSDB). Segundo Delcídio, Aécio recebeu propina da Furnas.
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Não é a primeira vez que Aécio é ligado à Furnas, empresa subsidiária da Eletrobras. O doleiro Alberto Yousseff também já havia declarado que ele recebia propina da empresa, embora o juiz Sergio Moro tenha decidido que não havia provas suficientes para abertura de inquérito.
Segundo o senador, o esquema em Furnas é bastante similar ao da Petrobras, com participação inclusive das mesmas empreiteiras investigadas pela Lava Jato. Ele citou a Andrade Gutierrez, a OAS, a Camargo Correa e a Odebrecht.
Delcídio afirmou que, embora não saiba precisar todos os políticos que foram beneficiados com dinheiro da empresa, tem certeza que o ex-diretor de Engenharia da Furnas, Dimas Toledo, realizava pagamentos em benefício de Aécio Neves. Ele inclusive ressaltou que Aécio e Dimas têm uma relação muito próxima e que a indicação de Dimas ao cargo foi articulada pelo senador.
Quem também atuava para defender Dimas é o ex-deputado pelo PP José Janene, que morreu em 2010 e também era, segundo Delcídio, beneficiado por propinas de Furnas. O senador disse que ouviu do presidente Lula que tanto Janene quanto Aécio pediram a ele que Dimas permanecesse em seu cargo na empresa.
Ainda de acordo com Delcídio, o PT também teria sido beneficiado pelo esquema, embora ele não saiba afirmar quem exatamente recebeu o dinheiro e quais os valores envolvidos. Delcídio garantiu, no entanto, que, da parte do PT, quem pediu a permanência de Dimas foi o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu (PT).
Além de Aécio, Delcídio também mencionou a irmã dele, Andréa Neves. Ele não soube afirmar se ela também recebeu propina da empresa, mas destacou que a influência dela no governo de Aécio em Minas era muito grande e que ela era o cérebro por trás da gestão do tucano e inclusive atendia no gabinete do irmão.
O tucano também foi acusado de atrasar envio de dados do Banco Rural para as investigações da CPI dos Correios em 2005. Delcídio disse que o objetivo de Aécio era apagar dados que não só o comprometiam, mas também incriminavam outros nomes.
Ainda sobre a CPI dos Correios, Delcídio afirmou que a polêmica lista de Furnas, um documento que atestava o esquema de propinas, apesar de provavelmente ser materialmente falsO, tratava de pagamentos que realmente existiram.