Acusados de matar vítima com aplicação de hidrogel vão a júri popular
24 janeiro 2018 às 15h26

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Juiz acolheu parecer do Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO)
O juiz Jesseir Coelho de Alcântara, da 3ª Vara dos Crimes Dolosos Contra a Vida e Tribunal do Júri da comarca de Goiânia, acolheu parecer do Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO) e mandou a júri popular, Raquel Policena Rosa e o namorado dela Fábio Justiniano Ribeiro. Eles são acusados de matar Maria José Medrado de Souza Brandão, que morreu após ter sido submetida a procedimento de bioplastia no glúteo. A data do julgamento ainda não foi marcada.
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De acordo com o juiz, os réus sabiam que a aplicação do hidrogel de poliamida é de atribuição exclusiva da área médica, tendo em vista que o diretor administrativo do Instituto de Terapias Alternativas Folha Verde LTDA-ME, ao prestar depoimento, informou que o curso feito pelos acusados na instituição não qualifica o aluno a fazer qualquer procedimento invasivo, somente dá noções básicas para o estudante trabalhar como auxiliar ou assistente de um profissional da medicina.
Ainda, ao pronunciar os denunciados, o magistrado acrescentou que outro fato que merece destaque, é o de os acusados realizarem procedimento invasivo em locais como um quarto de hotel e uma clínica de estética, locais estes que não possuíam nenhuma estrutura e aparato para isso, posto que não eram munidos de equipamentos básicos de socorro.
O caso
Maria José Medrado de Souza morreu no dia 25 de outubro de 2014, no Hospital Jardim América, após ter sido submetida a procedimento estético, denominado bioplastia glútea, com aplicação de Hidrogel Aqualift, em uma clínica de estética.
Segundo o processo, a vítima conheceu Raquel Policena em uma rede social, onde anunciava o procedimento estético. A investigada, que morava em Catalão, veio a Goiânia e se hospedou em um hotel no Setor Oeste, no dia 12 de outubro de 2014, onde realizou, na companhia do namorado Fábio Justiniano, aplicações de hidrogel nos glúteos de Maria José e de outras mulheres.
A primeira aplicação não alcançou o resultado e foi preciso realizar uma nova sessão. Maria José queixava-se de dores e de inchaço na região. Foi marcado outro encontro, no dia 24 de outubro, em uma clínica de estética no Setor Parque das Laranjeiras.
A vítima teria sido orientada a usar cola para estancar o vazamento no orifício deixado pela agulha usada para introduzir o Hidrogel no glúteo. Após a segunda aplicação, a mulher já saiu da clínica de estética sentindo mal-estar, especialmente falta de ar.
Ao chegar em casa, o estado de saúde foi se agravando e ela foi levada ao Centro de Assistência Integrada à Saúde (Cais) do Setor Vila Nova. Como o seu quadro se agravou, Maria José foi encaminhada para o Hospital Jardim América e morreu na madrugada do dia seguinte.