O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e sete governadores se reúnem em uma manifestação na Avenida Paulista, São Paulo. O ato defende a anistia aos contra condenados pelos atos de 8 de Janeiro sob argumento de perseguição política e injustiça. O caso da cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos, presa após escrever “Perdeu, mané” com batom na estátua da Justiça, virou símbolo da manifestação, que conta com um batom inflável. 

Os governadores que participam da manifestação são Ronaldo Caiado (UB), de Goiás; Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo; Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais; Ratinho Jr. (PSD), do Paraná; Jorginho Mello (PL), de Santa Catarina: Mauro Mendes (União Brasil ), de Mato Grosso; e Wilson Lima (União), do Amazonas. O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, não pôde comparecer em função das enchentes em Angra. Os quatro primeiros são cotados como presidenciáveis em 2026 diante do vácuo aberto pela inelegibilidade de Bolsonaro.

Bolsonaro e governadores se manifestam no dia 6 de abril | Foto: Reprodução / Instagram

Além deles, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e congressistas como Nikolas Ferreira (PL) deve discursar no trio elétrico. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, ausente no ato em Copacabana, no Rio de Janeiro, está presente. A manifestação é organizada e financiada pelo pastor evangélico Silas Malafaia. O deputado federal Sóstenes Cavalcante abriu o ato em um discurso pró-anistia. 

Nikolas Ferreira chamou o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes de “covarde”, o ministro Barroso de “debochado”, e disse que a corte atua autoritariamente.

O deputado Altineu Côrtes (PL-RJ), vice-presidente da Câmara Federal, afirmou que o presidente Hugo Motta (Republicanos-PB) seria pautado pela maioria, e prosseguiu a questionar aos governadores presentes se seus partidos apoiam a anistia.

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirmou que a condenação dos envolvidos na invasão da Praça dos Três Poderes é “desumana” e que atuaria junto a seu partido para convencer os deputados do MDB a articular uma anistia.

A ex-primeira dama Michelle Bolsonaro (PL) subiu ao trio elétrico com representantes de diversas religiões: Sérgio Pina (religiões de matriz africana) e “Padre” Kelmon (católico, candidato a presidente em 2022) e afirmou que um rabino foi convidado mas não pôde comparecer. Chamou ainda os filhos de Jair Bolsonaro — Renan, Carlos e Flávio Bolsonaro — a subir ao trio elétrico e lamentou a ausência de Eduardo Bolsonaro, nos Estados Unidos.

Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, criticou a inflação: “Se está tudo caro, volta Bolsonaro”. O governador afirmou que o Brasil tem a tradição de anistiar: “Deram anistia aos emboabas, aos envolvidos na insurreição pernambucana; Prudente de Moraes deu anistia para os revoltosos do início da República, Getúlio Vargas para aqueles da Intentona Comunista, JK em 1955, houve lei da anistia em 1989”.

Silas Malafaia negou a tentativa de um golpe em 8 de janeiro de 2023. O pastor atacou as Forças Armadas por não ter reagido à prisão do general Braga Netto: “Cambada de frouxos”. Malafaia não explicou qual reação esperava. Silas Malafaia atacou também Hugo Motta: “Ele pediu aos líderes para não assinar a urgência do projeto de anistia. Você está envergonhando o povo da Paraíba.” Por último, Malafaia atacou o ministros do STF e incitou o canto de “fora Moraes” do público.

Bolsonaro diz que espera que “ajuda de fora” e fala inglês | Foto: Reprodução

Jair Bolsonaro afirmou que anistia é competência privativa do Congresso, e pressionou por um projeto no parlamento ao citar o caso de Débora Rodrigues. Em inglês, Bolsonaro tentou falar à imprensa internacional que “pipoqueiros e sorveteiros estão sendo perseguidos”. Bolsonaro voltou a falar que as eleições de 2022 foram fraudadas.

Bolsonaro citou Bukele em El Salvador e Donald Trump nos Estados Unidos como modelos. Usou Le Pen na França e Klaus Iohannis na Romênia como exemplos de perseguição judicial a líderes de direita. Afirmou que não desistiria, embora disse saber que “uma covardia” poderia ser feita com ele a qualquer momento, se referindo à possibilidade de prisão.

Ronaldo Caiado e Jair Bolsonaro | Foto: Reprodução