Graduada em psicologia desde 1991, Cida Alves participou de estudos, criação de legislações e movimentos populares, tudo com o foco na defesa das crianças, adolescentes e mulheres. Com mestrado e doutorado em Educação pela Universidade Federal de Goiás (UFG), ela fala sobre a importância de educar sem violência.

Quando questionada sobre os indivíduos que dizem “apanhei, e tô bem”, Cida Alves explicou que não é por apanhar que alguém fica bem. “Inclusive, acho que é uma grande injustiça, porque a maioria das famílias intercalam o cuidado, o amor e o carinho com essas práticas de castigos físicos da cultura”.

Ela ainda conta que, na verdade, se alguém só recebe esse tipo de resposta violenta, existem grandes chances de essa pessoa não sobreviver. “Então ele está bem apesar da violência, e não por causa dela”, explica.

A violência física contra crianças é decorrente de uma visão que coloca como necessidade a punição, e como direito de qualquer adulto responsável aplicá-la. “Depois do conselho tutelar, [a escola] era de onde eu mais tive encaminhamentos”, relata a psicóloga.  Ela ainda afirma que isso pode diminuir a capacidade de ter empatia, intimidade e relações mais aprofundadas, até com os próprios filhos, o que fortalece esse ciclo de violências.

De acordo com a estudiosa, existem mecanismos de defesa psíquicos que são engatilhados ao sofrer ou ser castigado severamente pela figura pela qual se deveria ser cuidado, o que gera um grande conflito psicológico. “Então [quando alguém diz que apanhou, como se fosse algo positivo]  é uma negação da própria dor que sofreu, para manter uma versão idealizada da família”, finaliza.

A doutora esteve presente na construção da Política Municipal de Promoção e Atenção ao Desenvolvimento Infantil Saudável, Promoção da Saúde Mental e Prevenção de Violências de Goiânia. Além disso, ainda participou do desenvolvimento da Lei Menino Bernardo e da Lei Não é Não, da Câmara Municipal de Goiânia. E também foi consultora colaboradora do Ministério da Saúde entre 2007 e 2016.

Leia também:

Aparecida de Goiânia terá local para tratamento especializado a crianças com autismo

Férias escolares viram oportunidade para fortalecer os laços familiares

Criado para identificar crianças com atraso vacinal, programa goiano chega a 236 municípios