A pedido da Consciente, Prefeitura de Goiânia arranca árvores saudáveis da calçada do Nexus
06 setembro 2016 às 11h50

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Justificativa da Gerência de Arborização Urbana é que quatro oitis e uma aroeira pimenteira atrapalhariam acesso ao empreendimento e acessibilidade
Após conseguirem suspender a liminar que impedia a construção do investigado Nexus Shopping & Business, a Consciente Construtora e a JFG Incorporações conseguiram, também, que a Prefeitura de Goiânia removesse cinco árvores saudáveis do passeio público do local.
Nas imagens acima é possível ver o que restou de quatro oitis e uma aroeira pimenteira, que foram arrancadas pela Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) nesta semana das calçadas das Avenidas D e 85, no Viaduto Latif Sebba.
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Ao Jornal Opção, a gerente de Arborização Urbana da Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma), Jarina Padial, explicou que o pedido de remoção das árvores partiu da própria construtora, que alegou que estas impediam acesso ao empreendimento e atrapalhariam o plano de “calçada sustentável” proposto. Além disso, a análise realizada pelo órgão municipal identificou que havia “conflito” com a rede de energia elétrica.
“Foram três fatores: acesso ao empreendimento, acessibilidade para transeuntes e a rede de alta e baixa tensão”, disse, fazendo questão de ressaltar que o processo “seguiu os trâmites legais”. Segundo Padial, foram apresentados os projetos aprovados pela Secretaria de Planejamento Urbanismo e Habitação (Seplanh) e pela Secretaria Municipal de Trânsito, Transportes e Mobilidade (SMT).
De fato, o Nexus Shopping & Business teve seus projetos aprovados pelas Seplanh e SMT; contudo, como mostrou o Jornal Opção com exclusividade, os estudos apresentados pela Consciente JFG estão sendo questionados na Justiça. O Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO) ajuizou ação civil-pública exigindo que a Prefeitura de Goiânia revogue as licenças e alvarás concedidos ao empreendimento, por fortes indícios de fraude.
“Na gerência de arborização não chegou nenhum questionamento do MPGO. Se chegou ao licenciamento é outro departamento, não tenho conhecimento. O embargo da obra foi posterior ao processo de arborização, e outra coisa, arborização é passeio público… O que acontece dentro do empreendimento, na área particular, já não é com a gente”, desconversou Padial.
Questionada se o corte das árvores não havia sido realizado apenas para atender os interesses comerciais do Nexus Shopping & Business, a gerente respondeu de forma ríspida: “Você não escutou. Não é interesse do imóvel. Eles apresentaram um projeto de acesso e acessibilidade, que é de interesse público. Como contraproposta irão colocar uma calçada toda com acessibilidade, farão replantio ao longo do passeio, vai ser ‘sustentável’.”
Além disso, ela informou que a lei prevê a qualquer cidadão, “se ficar comprovado que a árvore impede acesso a sua moradia”, a Amma faz a retirada.
Combo

Entre as justificativas apresentadas à reportagem pela gerente de Arborização Urbana para a retirada dos quatro oitis e da aroeira pimenteira — que estavam saudáveis, sem nenhum problema de fitossanidade — na calçada do Nexus Shopping & Business, está o “conflito” com a rede elétrica.
A questionamos se a justificativa não seria frágil, já que normalmente é mais fácil realizar apenas uma poda, em vez de arrancar as árvores. Segundo Jarina Padial, “quando levado em consideração os outros dois motivos [acesso ao empreendimento e acessibilidade]”, esse também seria válido.