Quando a gente não é mãe ainda, a gente é tão besta, mas tão besta! Eu tinha um objetivo real. Queria ser aquela mãe bonitona da escola, que chega pra levar a criança de roupa de academia ou que vai buscar com a roupa social, arrumada, maquiada, de cabelo limpo. Corta pra Catherine em 2024 de coque, roupa suja de leite, chinelo, num calor lascado, com ar condicionado do carro estragado, carregando mochila, criança, lancheira e implorando a Jesus pra Cecília não pedir nada que vende na entrada: bombom, laranjinha, raspadinha.

Eu, definitivamente, não sou a mulher que fica sem lavar o cabelo. Se precisar (e acontece) eu levo o bebê com o moisés para dentro do banheiro e brinco com ele pra ele não chorar (demais) enquanto eu lavo meu cabelo com calma. Mas aí é o limite, galera. Essa semana eu me olhei no espelho e pensei: socorro, mulher, tu tá horrível. E eu não estava preocupada com o que as pessoas estão pensando não, eu estava preocupada era de esquecer como é que é andar arrumada, maquiada, limpa, cheirosa, de cabelo bonito. Pois hoje eu saí de casa de cabelo arrumado, roupa combinando e uma leve base no rosto pra esconder as espinhas que chegaram num modo pós-parto e adolescente.

A maternidade é, com certeza, a sensação mais bonita que eu já vivi na minha vida. Só que unir maternidade com home office é um grande risco. Se não tiver uma reunião on-line no dia a dia, então, quase que dá pra ficar de pijama. Eu falo brincando, claro, porque quem lê minhas crônicas e me conhece 10% sabe que é assim que eu levo a vida mesmo, mas é importante se reencontrar. Para além da maternidade, é importante não esquecer quem a gente é e isso envolve também a roupa que a gente usa, o mimo semanal que a gente acha importante, tipo a unha feita, a sobrancelha em ordem, uma roupa bonita. Pra mim, isso é apenas uma forma de refletir sentimentos. Se eu tô bem, geralmente minha casa tá limpa e eu gastei pelo menos 10 minutos pra escolher o que eu vou vestir hoje.

O começo é caótico e quem já passou por isso uma vez sabe, no segundo filho, que vai passar e que é só uma questão de tempo. A Catherine de 2023 às vezes ia pra escola com a roupa de malhar ou com o social impecável a caminho do trabalho presencial. De vez em quando a gente se perde mesmo, e faz parte. O filho tá lá de roupa nova, perfume em ordem, sapato limpo e a mãe, coitada, não decidiu ainda o que fazer para jantar. Parece que ela acabou de acordar e foi engolida por um dia maluco. É bonito demais ver a mulherada do Instagram, vidas organizadas, impecáveis. Alô vida real. Meu conselho: só tenta não esquecer quem você é. De resto, aproveita, que passa rápido, do jeitinho que dizem os mais velhos. Ah, hoje eu até lembrei de colocar um brinco.