Levantamento realizado pelo Estadão ouviu 58 mulheres que concorreram aos Executivos municipais das capitais no ano passado, 46,7% relataram sofrer ataques com frequência

Por Nayane Gama
O cenário político brasileiro nunca foi muito convidativo à participação feminina, no entanto somente em 1997 foi definido uma cota de participação mínima por gênero, a Lei 9.504 (Lei das Eleições), que obrigada o percentual de 30% de candidaturas de cada sexo.
No ano passado, 58 mulheres concorreram aos Executivos municipais das capitais, 50 delas responderam a um questionário enviado pelo jornal Estadão, que concluiu que 75% já sofreram algum tipo de violência política de gênero.
A pesquisa apontou também, que 97,7% sentiu algum tipo de dano no estado mental ou emocional causado pela violência psicológica, a maior parte no ambiente virtual, representando 78% os ataques via internet.
A deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP) foi uma das representantes políticas mais atacadas, e chegou a receber mais de 40 xingamentos por dia no Twitter, de acordo com um estudo divulgado pela revista AzMina.
Esse levantamento apontou que o termo “Peppa”, personagem de desenho infantil, foi a segunda palavra mais usada para ofender candidatas nas últimas eleições, uma forma “gordofóbica” para diminuir mulheres baseado em suas características físicas.
O Estadão também ressaltou os três principais adjetivos usados em ambiente virtual para ofender candidatas durante o processo eleitoral, são eles: Inexperiente, imatura e incapaz. Ataques como estes, fizeram com que 72,3% das mulheres participantes da pesquisa afirmassem que se sentiram prejudicadas em suas campanhas.
O Jornal Opção conversou com a vereadora goiana eleita, Aava Santiago (PSDB) que afirmou que a participação de mulheres nas disputas eleitorais não é o ponto de partida e sim o resultado de ações que precisam ser fortalecidas, que é a ocupação feminina nos espaços de decisão.
“Antes mesmo de entrarmos na disputa política somos desencorajadas, quando decidimos fazer parte que o bicho pega, pois homens com posicionamentos firmes são celebrados, enquanto nós mulheres somos definidas como loucas, histéricas e até mesmo somos convidas a nos retirarmos, pois nossa presença causa estranhamento” contou Aava que mesmo depois de eleita, precisa por várias vezes se reafirmar vereadora em eventos e até mesmo em elevadores sociais.
Deixe uma resposta