Wanderlei Barbosa terá oposição “light” na Assembleia Legislativa
04 dezembro 2022 às 00h01

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O governador Wanderlei Barbosa (Republicanos), reeleito com uma votação expressiva – uma das maiores para o governo do Estado em toda a história do Tocantins –, deve continuar governando no próximo mandato sem oposição. Ou quase sem. É o que indica a composição da Assembleia Legislativa e da representação do Tocantins no Congresso Nacional.
Wanderlei recebeu uma votação consagradora, que impactou diretamente na eleição do Legislativo. Além do mais, alguns parlamentares eleitos pela oposição mantêm relações de proximidade política com o governador, facilitando entendimentos e reduzindo o espaço de organização da oposição.
A eleição foi tão significativa para a chapa governista que ajudou na eleição da maioria dos parlamentares, tanto dos representantes no Congresso Nacional – Senado e Câmara Federal – como na Assembleia Legislativa. O resultado é que o governador terá oposição, mas bem suave, quase simbólica, para não dizer inexpressiva.
Para ter ideia da importância da vitória do governador na composição do poder, basta dizer que elegeu a maioria absoluta da Assembleia Legislativa – 16 dos 24 deputados estaduais – e nada menos do que seis dos oito deputados federais, além da deputada Professora Dorinha Seabra (UB), que conquistou a única cadeira em disputa ao Senado.
No caso da Câmara Federal, os dois deputados eleitos pela oposição – Eli Borges (PL) e Felipe Martins (PL) – têm proximidade política com o governador. Foram eleitos pela oposição, mas são tão governo quanto os parlamentes eleitos nos partidos da base.
Os novos deputados eleitos pela oposição – Marcus Marcelo (PL), Janad Valcari (PL), Gipão (PL) Luciano Oliveira (PSD), Wiston Gomes (PSD) e o deputado reeleito Professor Júnior Geo (PSC) – são os principais nomes que podem fazer oposição ao governo, já que foram eleitos por partidos de oposição ao Palácio Araguaia e que também tiveram candidato ao governo do Estado num confronto direto com Wanderlei Barbosa. O PL teve como candidato o ex-prefeito de Araguaína Ronaldo Dimas, que ficou em segundo lugar na disputa. O fraco desempenho fez com que se elegesse uma bancada nada robusta na oposição, o que dificulta sua organização.
Isolados, os parlamentares tendem a se posicionar de acordo com seus interesses políticos e não segundo a recomendação partidária. Parlamentar da base tem sempre mais condições de levar benefícios a suas comunidades do que de oposição, mesmo com o mecanismo da emenda impositiva. Vale registrar que dois deputados estaduais eleitos por partidos de oposição – Ivory de Lira (PCdoB) e Cláudia Lelis (PV) – fizeram campanha no palanque do governador, sem nenhum tipo de preocupação com o fato de os partidos aos quais são filiados integrarem confederação com o PT, que teve candidato próprio ao governo, Paulo Mourão.
O PSD do senador Irajá Abreu, que foi candidato ao governo e acabou em quarto lugar, conseguiu eleger três deputados. O senador fez duras críticas ao governador Wanderlei Barbosa durante a campanha, nitidamente oportunistas e eleitoreiras. Dificilmente os deputados do partido vão manter esta postura do líder maior. O mais provável é que façam uma oposição construtiva, mais para adesão do que para oposição.
O deputado reeleito Professor Júnior Geo (PSC), que no primeiro governo se manteve como a única voz de oposição no plenário, a partir do próximo ano parece buscar uma outra postura. Geo tem feitos cobranças ao governo, mas deixou de fazer críticas que vinha fazendo. Possivelmente avalia que o governador foi ungido pelo desejo popular como resulto do bom trabalho que vem realizando. Não é mais uma continuidade do carlessismo, como parecia no primeiro momento.
O governador Wanderlei Barbosa terá alguma oposição. Neste momento as vozes discordantes se resumem aos ex-candidatos a governador derrotados – Ronaldo Dimas (PL) e Paulo Mourão (PT) –, que devem continuar discordando dos rumos do governo, mais como forma de marcar terreno no contexto político estadual. A senadora Kátia Abreu (pP), que não engoliu o desprestígio e a falta de apoio do governador na disputa pelo Senado, deve reforçar o time. Quem também deve se colocar como oposição é o ex-prefeito de Palmas Carlos Amastha (PSB), que buscar voltar ao comando da capital e deve disputar o cargo com algum nome apoiado pelo Palácio Araguaia. A grande diferença é que esses líderes ainda têm peso no processo político do Estado, mas em 2023 estarão sem mandato.
Sem oposição
Desde que chegou ao Palácio Araguaia, em 20 de outubro de 2021, na condição de governador interino por ser vice-governador (foi efetivado em fevereiro de 2022, após renúncia do governador afastado Mauro Carlesse), Wanderlei Barbosa não sabe o que é oposição. No momento que assumiu a cargo já contava com maioria absoluta na Assembleia Legislativa. Até mesmo os deputados mais próximos do ex-governador Carlesse aderiram de imediato ao governador e permaneceram com forte influência no governo.
Ao ser efetivado Wanderlei recebeu um manifesto de apoio assinado por 21 dos 24 deputados. Apenas três parlamentares não assinaram o manifesto por questões partidárias. Dois parlamentares que não assinaram o documento são do PT, por recomendação do partido foram vetados de aproximação ao governo da base do presidente Jair Bolsonaro. Ainda assim o governador tinha o apoio desses parlamentares na hora de apreciar assuntos de interesse do Estado.
O certo é que Wanderlei governou sem oposição até agora, pelo menos na Assembleia Legislativa e deve continuar assim, em céu de brigadeiro. Se não corresponder aos anseios dos tocantinenses não será por falta de apoio. Wanderlei pode entrar para a história, como o governador mais bem votado, mas também o gestor que conseguiu reunir o maior volume de apoio para governar.