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14 janeiro 2019 às 10h55
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Senadora Katia Abreu parece ter esquecido perseguição sofrida no MDB e revela em rede social que ensaia apoio a Renan Calheiros para presidir o Senado
O que parecia ser mais uma semana de recesso político e parlamentar, ao apagar das luzes de 2018, acabou surpreendendo. É que a senadora tocantinense Kátia Abreu (PDT) disse, na quinta-feira, 10, que “é total” a simpatia dela e do seu filho, senador eleito Irajá Abreu (PSD), por Renan Calheiros (MDB-AL) – que quer voltar a presidir o Senado. “Não tenho problema com isso, não tenho preconceito. Os alagoanos elegeram o Renan para mais oito anos. Não sou policial, não sou do Ministério Público, não fiz concurso para juíza. Sou senadora”, argumentou Kátia. Segundo ela, Renan não está condenado, é experiente e “tem um raciocínio político muito rápido”, “Que pode, inclusive, ajudar demais o governo. Renan não é radical”, justificou a senadora tocantinense.
Não é crível, porém, que a parlamentar tocantinense cometa esse retrocesso. Se na rede social Twitter, a senadora defendeu o voto secreto, poderia ter tido a decência e o bom senso de se abster de comentar sua preferência. “Sou a favor do voto secreto para eleições das duas casas. É assim em todas as democracias do mundo. Por que aqui seria diferente? O voto secreto não é para proteger o mal feito e sim proteger o eleitor de perseguições caso seu candidato perca. Em todas as instâncias e poderes” postou a parlamentar na referida rede social.
Além de todos os brasileiros saberem, escancaradamente, as mazelas cometidas pelo senhor Renan Calheiros – que representa aquilo de mais sórdido no Congresso Nacional – e isso, por si só, seria suficiente para ser rejeitado, o tal senador é filiado ao MDB, partido do qual a senadora tocantinense foi expulsa ao final de 2017. Naquela oportunidade, Kátia vociferou toda sorte de impropérios à sigla e seus membros. Talvez seja necessário refrescar a memória da parlamentar e dos leitores: “Fui expulsa exatamente por não ter feito concessão à ética na política. Fui expulsa por defender posições que desagradam ao governo. Fui expulsa, pois ousei dizer não a cargos, privilégios ou regalias do poder”. E arrematou: “Fiquei no PMDB e não saí como queriam. Fiquei e lutei pela independência de ideias e por acreditar que um partido deve ser um espaço plural de debates. A democracia não aceita a opressão”. Essa foi a “saraivada” proferida por Kátia Abreu ao ser notificada de sua expulsão da sigla emedebista.
O senador Renan Calheiros, que hoje a senadora ensaia apoiar para presidente do senado federal, fazia parte – juntamente com Romero Jucá – da cúpula do MDB que lhe excluiu do partido, segundo ela, injustamente.
Enfim, a política brasileira é sórdida. Seus membros são desmemoriados e adotam condutas ou discursos convenientes com a situação momentânea, esquecendo-se, no entanto, que nesse segmento, a carreira tende a ser de longo prazo. Kátia já experimentou nas urnas (eleição suplementar do Tocantins), os reflexos das suas constantes mudanças de postura. Pelo jeito, não aprendeu nadinha.