Segundo as últimas pesquisas, o candidato do PSL cresceu de 1% para 5,5%, o que é insuficiente para virar o jogo

No Tocantins, as chances de vitória do PSL são mínimas. Trata-se mais de uma marcação de território que uma disputa | Foto: Divulgação

Como sempre ocorreu em outras eleições, a população brasileira, de uma forma geral, procura um salvador da pátria. Mas, para o cargo de salvador, o povo já apostou em Fernando Collor, em Lula da Silva (PT) e, agora, a bola da vez é Jair Bolsonaro (PSL). Depois do atentado que o candidato liberal sofreu, tornou-se então, uma espécie de Roque Santeiro.

Os brasileiros rapidamente se esqueceram que o país instituiu um parlamentarismo às avessas. O regime presidencialista e foi escolhido, inclusive, por meio de plebiscito, mas são os parlamentares quem “dão as cartas”.

Collor caiu porque não tinha a maioria no Congresso Nacional. Dilma, da mesma forma. Lula da Silva só não caiu porque utilizou-se do “mensalão”, que foi capaz “amansar” o parlamento e arquivar os pedidos de impeachment.

Se eleito, Bolsonaro teria melhor sorte sem a ampla maioria nas duas casas legislativas? Provavelmente não. Para não cair como seus antecessores, só se o “mito” instituir um regime militar ditatorial. Liquidar a democracia brasileira que, diga-se de passagem, ainda engatinha, talvez não seja a melhor opção.

Analisando o rol de candidatos a governador, senador e deputados federais pelo PSL ou de siglas que apoiam o presidenciável em todo território brasileiro, é provável que poucos deles sejam eleitos. Neste ponto, entra o questionamento acerca da governabilidade de Bolsonaro. Qual será a base de sustentação desse governo, se os candidatos indicados por ele nos Estados não emplacam nas pesquisas?

Por exemplo, na região Sul — em que pese o presidenciável ter cerca de 70% dos votos, segundo o Ibope — apenas em Santa Catarina o PSL tem candidato próprio ao governo, mas com apenas 5% das intenções de voto. O candidato do Paraná foi rejeitado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TER-PR), como também pela própria sigla. E, no Rio Grande do Sul, não foi registrada nenhuma candidatura da sigla ao governo.

Já no Sudeste, região mais rica e po­pulosa do país, apenas no Espírito Santo houve registro de candidatura pelo PSL: Carlos Manato, que tem 6% dos votos. Em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro — estado de Bolsonaro — não houve candidaturas.

Na região Centro-Oeste — Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul —, também não houve registros. Entre os novo estados do Nordeste, há registros de candidatos do PSL apenas em Sergipe, Piauí, Maranhão, Ceará e Alagoas, cujos candidatos são, respectivamente, Tarantella (1%), Sérvio (2%), Maura (3%), Dr. Hélio (2%) e Josan (2%).

Por fim, na região Norte, a mais desabitada e com menos eleitores, há um paradoxo: dos sete estados, há registros de candidaturas em cinco deles: Acre — Coronel Ulisses (8%) —, Amapá — Cirilo (4%) —, Rondônia — Coronel Marcos (4%), Roraima — Antônio Denarium (20%) — e Tocantins — César Simoni (5,5%).

No Tocantins, há muito mais uma marcação de território do que uma disputa que se apresente como parelha. As chances de vitória de Simoni são mínimas. Seja pelo fato de o ex-promotor de Justiça não ser muito conhecido no meio político seja por ele ter feições um tanto quanto sisudas, a transferência de votos de Bolsonaro ainda não ocorreu.

É bem verdade que, segundo as últimas pesquisas, houve um crescimento de 1% para 5,5%. Contudo, insuficiente para virar o jogo. Este fato, naturalmente, ocorre também com os candidatos a senador, deputados federais e estaduais. É provável que o PSL e sua frágil aliança partidária não eleja nenhum deles. Neste contexto, não será o Tocantins a contribuir com a governabilidade de Bolsonaro — por meio de um governador ou por deputados, cujas chances são ainda menores.

Evidentemente que, caso Bolsonaro ganhe as eleições presidenciais, muitos parlamentares tocantinenses eleitos, se aproximarão dele logo nos primeiros meses, como certamente vai ocorrer com deputados e senadores de outros estados. Entretanto, a pergunta é: haverá governadores aliados a Bolsonaro como líderes destas bancadas? Os parlamentares estarão juntos em quaisquer circunstâncias? Aprovarão as duras medidas a serem propostas pelo “salvador”? Não exigirão “favores” ou “recompensas” para votar os projetos que forem remetidos ao Congresso?

Ora, caso Bolsonaro mantenha seus discursos e convicções, as respostas a essas perguntas, infelizmente, são sonoros “nãos”. À medida que não houver benesses, como de costume, os parlamentares largarão o presidenciável do PSL e, em pouco tempo, ele estará isolado.

Sem alicerce forte, esse castelo de sonhos não vai demorar muito para implodir. Um novo impeachment? Uma nova ditadura militar? Não se sabe. Mas há algo que os brasileiros precisam, urgentemente, aprender a fazer: votar.