“Serei candidato a deputado por que o Médio Araguaia está sem representação”

15 abril 2018 às 00h00

COMPARTILHAR
Ex-prefeito de Santa Rita do Tocantins terá como principal bandeira, caso conquiste uma cadeira na Assembleia Legislativa, o trabalho para a formação de consórcios intermunicipais

Filiado ao PSD desde sua criação em 2011 e convicto que pode representar a região do Vale do Araguaia na Assembleia Legislativa, a partir de 2019, o prefeito de Santa Rita de Tocantins, Arthur Maia, renunciou, um dia antes do prazo final para desincompatibilização, ao cargo para o qual houvera sido reeleito em 2016, com 54,5% dos votos.
Segundo suas projeções, sua representatividade se estende a 15 municípios do médio Araguaia. Caso seja eleito, Maia pretende seguir os trilhos do municipalismo, incentivando as relações consorciais entre as cidades de pequeno porte que, associadas, experimentarão consideráveis avanços.
Arthur Caires Maia é goianiense, radicado no Tocantins há vários anos. É graduado em Direito pela Universidade Católica de Goiás e é um dos mais jovens gestores do Estado do Tocantins, com apenas 30 anos.
O sr. renunciou ao mandato de prefeito de Santa Rita do Tocantins para disputar cadeira na Assembleia Legislativa. Como avalia o seu trabalho na prefeitura, o sr. que vinha de ser reeleito?
Tivemos muitos avanços, entre os quais posso destacar a construção de duas escolas e, também, a reforma de duas outras. Inauguramos e ampliamos, ainda, postos de saúde, que só foi possível graças às emendas parlamentares, angariadas pelo deputado federal Irajá Abreu (PSD) e pela senadora Kátia Abreu (PDT).
Fui reeleito em 2016 com expressiva votação e isso é o reconhecimento por parte da população do árduo trabalho que desenvolvi ao longo do mandato. A partir de 2017, dei continuidade ao modelo de gestão implantado em 2012 e que vinha dando certo.
No que concerne à sua base de sustentação na Câmara Municipal, foi sempre pró-ativa?
Sempre contei com a maioria absoluta dos membros do parlamento, que me ajudaram a governar a cidade. Dentre os nove vereadores, sete deles estiveram na base governista. Nos últimos tempos, houve uma baixa, mas a base situacionista permanece com seis parlamentares.
A cidade de Santa Rita do Tocantins se localiza às margens da BR-153 e seu desenvolvimento está intimamente ligado a esse fato. Além disso, o que mais impulsiona a economia do município?
A principal fonte de renda e que fomenta o município é o FPM (Fundo de Participação dos Municípios), em que pese ser apenas 0,6%, correspondente a aproximadamente R$ 500 mil em valores brutos. Contudo, durante a minha gestão consegui que várias empresas se instalassem na cidade, entre as quais, empresas de prestação de serviços que exploram o movimento da própria rodovia, tais como postos de gasolina, oficinas mecânicas, hotéis, manufaturados de hortaliças, fábricas de ração, entre outros. Com isso, a partir de 2019, a título de ICMS, o valor vai praticamente dobrar e trazer mais desenvolvimento para a cidade.
E quanto a agricultura familiar?
A extensão do município é considerável, 3.275 Km² que são, basicamente, todos produtivos. Há poucas reservas e, exatamente por conta disso, uma grande parte da população reside na zona rural, com destaque para dois assentamentos. Ali construímos, inclusive, a escola e o posto de saúde antes mencionado, visando atender a população rural.
Por que o sr. quer ser deputado estadual?
Sem dúvidas, a razão está diretamente relacionada ao fato da região do médio Araguaia ser carente de representantes na Assembleia Legislativa. É necessária uma atuação municipalista no parlamento estadual. A grande maioria dos deputados desta legislatura nunca foi prefeito. Se foram, isso se deu há muito tempo, e muitos parecem não ter a mínima noção das dificuldades que os municípios, principalmente os de pequeno porte, sofrem. Para se ter uma ideia, 85% das cidades tocantinenses se enquadram neste padrão.
Em razão dessa região se encontrar desassistida e não haver nenhum deputado comprometido conosco, vislumbrei a hipótese de ocupar esse espaço. Sei dos problemas e das dificuldades e, caso haja apoio popular, vou representar essas comunidades, melhorando a vida do nosso povo.
O eleitorado de quais cidades poderia lhe proporcionar essa resposta positiva?
Partindo da cidade de Gurupi até Paraíso do Tocantins passando por todas as cidades às margens da BR-153, entre as quais Santa Rita do Tocantins, minha base, além de Brejinho de Nazaré, Cristalândia, Dueré, Porto Nacional, Pium e Lagoa da Confusão, entre outras.
Naturalmente, por estar filiado ao PSD, o sr. vai compor a coligação encabeçada pela senadora Kátia Abreu ao governo do Estado do Tocantins…
Sim, não há dúvidas. Pesquisas internas demonstram que ela está muito bem cotada pela população do Tocantins. Essa intenção de votos independe da pessoa dela, porque está diretamente relacionada aos projetos, avanços e benefícios que chegaram até as cidades do Estado, por intermédio das emendas parlamentares que ela direcionou. Isso vai contribuir muito para a eleição dela em outubro.
Evidentemente, também precisamos fortalecer a chapa. Estamos discutindo ainda acerca das coligações para indicação do candidato a senador, contudo, é necessário uma base forte de sustentação – deputados federais e estaduais – de modo a colaborar com a governabilidade. Uma aliança certa será entre o PDT e o PSD e ambas as siglas possuem bons nomes para a Câmara Federal, Tom Lyra e Irajá Abreu, respectivamente.
Dentro dessa perspectiva, quais seriam os projetos de maior relevância e que poderiam se tornar um marco do seu mandato?
Evidentemente que a parceria com o governo estadual deve ser uma constante, mesmo porque não adianta apresentar e aprovar bons projetos, se o poder executivo não consegue implementá-los. A minha primeira preocupação é com a saúde. Não é em relação à atenção básica que está sob a responsabilidade dos municípios e sim com exames e cirurgias que estão a cargo de unidades hospitalares instaladas em municípios de médio e grande porte. Precisamos viabilizar a integração e as parcerias entre os entes municipais e o governo do Estado.
Em relação aos outros problemas infraestruturais que os pequenos municípios enfrentam, vou propor alianças em forma de consórcios intermunicipais, que já estão funcionando muito bem em outros Estados da Federação. Neste caso, as cidades se unem para adquirir maquinários, equipamentos, entre outros, de forma tal que os bens adquiridos beneficiem todos os municípios que compõe o consórcio, mesmo porque as necessidades dos municípios são quase sempre comuns. Essa modalidade também se enquadra, por exemplo, na utilização da mesma tecnologia na construção e utilização compartilhada de aterros sanitários que atendam às exigências ambientais e legais referentes aos resíduos sólidos.
A operacionalização dessas parcerias, sem dúvidas, desonera e desafoga o Estado como um todo, facilitando a integração e a administração, contudo, sua viabilidade exige forte apoio e atuação parlamentar. É com esse espírito que começo a pré-caminhada para chegar à Assembleia Legislativa.
No Tocantins há alguma espécie de referência ou modelo desta integração municipal?
Sim, com o apoio da senadora Kátia Abreu já implementamos aqui em nosso município, em parceria com nossos vizinhos próximos, um consórcio – do qual fui presidente – visando adquirir usinas de asfalto para recapeamento ou mesmo novas pavimentações. No exercício do cargo de deputado, quero propor esse modelo consorcial como política pública de governo. Como já disse, isso desonera o ente federado, na medida em que os municípios colaboram com uma certa contrapartida, não deixando todas as obrigações para os governos estadual e federal. l