Caso nenhum dos oposicionistas decole, pulverização votos, a tendência é que a prefeita – mesmo com alta rejeição – seja reeleita

Cinthia Ribeiro, prefeita de Palmas | Foto: Edu Fortes

Mesmo em meio à pandemia decorrente da Covid-19, em sessão administrativa ocorrida na terça-feira, 12, em análise ao questionamento formulado pela deputada federal Clarissa Garotinho (PROS/RJ), o plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) manteve todos os prazos das eleições de 2020, mantendo, por consequência o pleito em outubro. Não haverá, portanto, fôlego no calendário para pirotecnias eleitoreiras.

Encerrada a controvérsia – com pico ou sem pico de coronavírus – nos prazos já previstos, entre julho e dezembro de 2020 ocorrerão as convenções partidárias, o registro das chapas, as propagandas eleitorais, as votações propriamente ditas e as diplomações.

Na capital do Tocantins, Palmas, um novo cenário se forma. A pandemia trouxe efeitos deletérios à reeleição da atual prefeita, Cinthia Ribeiro (PSDB). É que mesmo com muito dinheiro para gastar em obras – recursos oriundos do empréstimo junto à CAF, Cooperativa Andina de Fomento – os decretos de manutenção do isolamento em razão da pandemia desagradaram um número considerável de eleitores.

Se os comerciantes – muitos deles à beira da falência em virtude do fechamento obrigatório – refluíram e já não estão dispostos a votar na prefeita, muitos ex-funcionários destes mesmos comércios também passaram a rejeitar a gestora, em razão das demissões em massa havidas na capital. As mais diversas classes têm críticas à postura da prefeita, desde os mototaxistas até os sócios da empresa concessionária do transporte coletivo. As intransigentes medidas restritivas atingiram, em cheio, os mais diversos ramos do comércio.

Flexibilização

Enquanto isso, em outras cidades vizinhas e até mesmo o distrito de Luzimangues, do outro lado do lago de Palmas, a flexibilização é uma realidade. Comércios abertos até as 22 horas, transeuntes e clientes sem máscaras, entre outras condutas que ferem os decretos restritivos. O mesmo ocorre em Lajeado e Aparecida do Rio Negro, pequenas cidades onde o isolamento não é prioridade absoluta. Falta, enfim, fiscalização. Ora, se há migração e intercâmbio de pessoas, a todo instante, entre essas cidades e a capital, a “caixa fechada” que a prefeita projetou para Palmas resta prejudicada.

Evidentemente, a mola propulsora da candidatura de Cinthia Ribeiro – o pujante comércio da capital – praticamente “pulou do barco” por se sentir discriminada em relação aos comerciantes de outras cidades. Isso é fato. Não há controvérsias e todas as pesquisas de consumo interno demonstram, em alto percentual, a rejeição da atual gestora, em número muito maior que a intenção de votos.

A despeito desse fato, Cinthia parece ter boa parte do funcionalismo público “na mão”. Cada um deles, aliados aos votos de seus familiares lhe renderia, em média, entre 20 e 22% dos votos. Trata-se de um bom número para início de conversa. Logo, para os candidatos adversários – não restam dúvidas – a atual ocupante do Paço Municipal é a candidata a ser batida.

Mas ela decola além dos 22%? Difícil precisar neste momento, uma vez que o quadro ainda é muito incipiente. Contudo, a falta de diálogo com o parlamento municipal e a dificuldade de agregar lideranças são fatores que podem prejudicá-la, se analisarmos sob o ponto de vista  macro. É sabido, por exemplo, que alguns vereadores – que hoje estão na base de sustentação da prefeita – pedirão votos apenas para si mesmos, não fazendo questão do voto casado. Isso se dá em razão da quantidade de “pitos”, “chás de cadeira” e “portas fechadas” que eles absorveram como rotina, no decorrer da gestão.

Pré-candidatos

Vários pré-candidatos já se apresentaram, entre eles, dois atuais vereadores, Milton Neris (PDT) e Tiago Andrino (PSB). Além deles, os deputados estaduais Professor Junior Geo (PROS) e Vanda Monteiro (PSL); os deputados federais Vicentinho Junior (PL), Eli Borges (SD) e Osires Damaso (PSC); e, por fim, o ex-reitor da UFT e ex-deputado estadual, Alan Barbiero (PODEMOS), o ex-senador Ataídes Oliveira (PP), o ex-deputado estadual Marcelo Lelis (PV), o ex-prefeito Raul Filho (MDB), como também os empresários Gil Barison (PRB) e Max Dorneles (PTC).

Não seria absurdo conjecturar que dos dois vereadores, apenas um deles mantém a candidatura. Os bastidores indicam essa possibilidade; dos dois estaduais, apenas um deles permanece, com mais chances para o perfil do Professor Junior Geo; entre os três federais, não seria absurdo se apenas um deles continuar no páreo, provavelmente Vicentinho Junior; na galeria dos “ex”, também é razoável que, dos quatro, apenas um continue na batalha, com mais chances para Alan Barbiero. É que Ataídes perdeu espaço ao ser alijado do PSDB e Raul e Lelis, provavelmente, não conseguirão se livrar – em tempo hábil – das inelegibilidades. Naturalmente, dentre os dois empresários, um renunciará em favor do outro, não sendo possível, por enquanto, precisar qual deles é mais altruísta.

Pois bem. No “frigir dos ovos” entre os treze pré-candidatos oposicionistas, não será surpresa se restarem apenas cinco. A chance de qualquer um deles é polarizar a eleição com a atual prefeita e atingir o mesmo patamar percentual dela, disputando – por assim dizer – “cabeça a cabeça”. Se os cinco oposicionistas não conseguirem “decolar”, mantendo números muito parecidos entre si, ou seja, a chamada pulverização dos votos, a tendência é que a prefeita – mesmo com alta rejeição – seja reeleita.

A máxima de todas as eleições anteriores na capital permanece: quanto mais dividirem os votos, maior chance de reeleição terá o ocupante do cargo. Mais do mesmo? Talvez, porém nunca é demais relembrar, afinal, a lição já foi repetida várias vezes, contudo, quase ninguém aprendeu.