Sem grupo, senadora Kátia Abreu está em “sinuca de bico”

17 fevereiro 2018 às 10h52

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Ela quer concorrer ao governo, mas no momento a única perspectiva é convencer o PT a ser vice em sua chapa e torcer para Lula conseguir se safar da Justiça e disputar a Presidência da República

O futuro da senadora Kátia Abreu é uma incógnita. De senadora a ministra da Agricultura, de “rainha da motosserra” — apelido que os petistas lhe puseram — a defensora dos índios e dos trabalhadores sem-terra, a falta de uma postura firme acerca do espaço que pretende ocupar no jogo político tocantinense causa estranheza.
Chega a ser antagônico, uma vez que em janeiro de 2018, Kátia assumiu – pela sexta vez – a presidência da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Tocantins (Faet), contudo, seu vínculo com a ex-presidente Dilma Rousseff (mais) e com o PT (bem menos) é inequívoco. Não há como servir a dois deuses, já dizia o Evangelho, contudo, a senadora ignora – como quase sempre – regras ou preceitos que não lhe beneficiem.
Kátia Abreu tem mandato até 2022 como senadora da República. Pretende se candidatar ao governo do Tocantins em 2018, entretanto, em razão de ter sido expulsa do MDB em 2017, nem sequer está filiada a um partido político, no momento. Os bastidores dão conta de que ela tentou filiar-se ao Podemos, mas teria sido barrada pelos senadores Romário Faria (RJ) e José Medeiros (MT).
Aliado a isso, seu passado político de desentendimentos, quer seja com Siqueira Campos e Eduardo Gomes, quer seja com Marcelo Miranda e Vicentinho Alves, a impede de formar um grupo sólido para a disputa. Se é improvável uma aliança com o prefeito Carlos Amastha (PSB), só resta à senadora se aliar ao PT, partido ao qual foi fiel até no dia do impeachment de sua amiga Dilma.
Mas, ironicamente, quem é o PT hoje? Um partido desmoralizado e acusado de ser o mais corrupto do Brasil e que afasta, por si só, eleitores de boa-fé. Caso a candidata convencesse(?) o pré-candidato petista ao governo, Paulo Mourão, a ser seu vice, a chapa estaria formada, uma vez que o candidato ao Senado seria seu próprio suplente, Donizeti Nogueira (PT). Essa coligação dificilmente teria forças, pelos motivos óbvios.
A alternativa? Apostar que o ex-presidente Lula se safe da cadeia e registre sua candidatura à Presidência da República. Talvez – e isso não é garantido – Lula arrastasse votos para a tal chapa, na medida em que esse seria o palanque do ex-presidente no Estado do Tocantins.
A hipótese é um tanto quanto improvável, pois Lula está atolado até o pescoço com a Justiça, tendo contra si uma condenação em segunda instância, o que lhe retira o pré-requisito de “ficha limpa”. A não ser que obtenha uma liminar, que tornaria a candidatura temerária e insegura juridicamente, Lula está fora do páreo. Alijado da disputa, o condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro (mais condenações vêm aí, em outros processos) arrasta consigo Kátia Abreu, Paulo Mourão e Donizeti Nogueira, entre outros petistas.