“Quem sobrevive não é o mais forte, nem o mais inteligente, mas aquele que mais rapidamente se adapta às mudanças”
04 julho 2021 às 00h00
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O presidente da Associação Comercial e Industrial de Palmas, Joseph Madeira, perspectivas para o comércio no período pós-pandêmico
O empresário Joseph Madeira é graduado em Jornalismo pela Universidade Federal do Maranhão e em marketing pelo Instituto de Ensino e Pesquisa Objetivo. Radicado no Estado do Tocantins há mais de 20 anos, fez de Palmas sua terra natal, onde solidificou o Grupo Jorima, um conglomerado de empresas que atuam no ramo da vigilância privada e eletrônica, conservação e energia fotovoltaica.
Associativista, Joseph Madeira, atualmente é presidente da Associação Comercial e Industrial de Palmas (ACIPA). Nesta entrevista exclusiva ao Jornal Opção/Tocantins, ele fala sobre os avanços da entidade sob o seu comando, realizações e perspectivas para o comércio no período pós-pandêmico.
Pelo seu histórico de empreendedorismo na capital do Tocantins, bem como sua luta classista empresarial, seus posicionamentos são sempre requisitados, tanto pela imprensa como pela sociedade civil. Inobstante a isso, o fato do Sr. ter concorrido como candidato a vice-prefeito de Palmas na chapa do deputado federal Eli Borges em 2020, chama a atenção. Seria interessante a abordagem dessa experiência até então inédita…
O processo foi extremamente enriquecedor, foi uma experiência que eu vou guardar com muito carinho e que, sem dúvidas, contribuiu muito com meu processo de crescimento pessoal e profissional.
Uma campanha eleitoral atípica, pois não foi possível ir às ruas, fazer o corpo a corpo, em razão da pandemia e do isolamento social. Na condição de candidato a vice-prefeito fiquei mais na retaguarda, porém a oportunidade de crescimento nesse campo foi muito ampla e representou aprendizagem e crescimento, que considero muito importante para minha vida.
O Sr. tinha vários projetos como empresário em Palmas, pois lidera e administra um “combo” de empresas, na área da segurança e vigilância privada, limpeza e conservação, energia solar, entre outros empreendimentos. A sua ascensão ao cargo de presidente da ACIPA o levou a pensar mais no coletivo e não individual. Como foi essa experiência?
Eu já havia sido presidente de entidades sindicais patronais e isso me deu uma certa experiência em relação ao mandato classista. No entanto, reconheço que a presidência da ACIPA trouxe um diferencial para a minha vida pessoal e profissional. Trata-se de um capítulo muito singular na minha história como cidadão palmense, que tem me oportunizado o crescimento e a convivência com uma infinidade de outros empreendedores. Aprender com eles, conviver, e caminhar juntos, também possibilita a oportunidade de ampliar horizontes da entidade, buscando torná-la mais humana, em função desse momento trágico em que vivemos.
A avaliação que faço é extremamente positiva e enfatizo que é um vínculo de gratidão muito forte, porque há um histórico de parceria, quando eu ainda sequer era empresário e exercia apenas o cargo de jornalista na ACIPA. Hoje, quando chego ao gabinete, reflito que renasce em mim esse sentimento de gratidão, baseado na transformação e o forte desejo de contribuir, na melhor forma, para que essa associação se fortaleça cada dia mais e se torne o elo de confluência dos empresários na nossa capital. É isso que faço, todos os dias, e continuei fazendo até o final do meu mandato.
O exercício da presidência da ACIPA – Associação comercial de Palmas é mais uma das suas missões. É preciso reconhecer que as suas atividades empresariais lhe consomem muito, no entanto, como presidente de entidade classista essa dedicação é ainda mais ampla, visto que o senhor está sempre lutando por melhorias e campanhas que possam beneficiar, não apenas o público empresarial, como também a população de uma forma geral. Quais são os avanços da sua gestão?
Por uma feliz coincidência essa entrevista coincide com período e data em que a CIPA completa 31 anos. Será na próxima segunda-feira, 5 de Julho. Graças ao trabalho de todos ex-presidentes, como também apoio de toda a diretoria, temos conseguido colocar a entidade em um novo patamar, de representatividade e fortalecimento. Neste período de pandemia, por exemplo, extremamente desafiador, propiciou à entidade ampliar sua atuação, que antes era mais restrita, na defesa dos direitos das empresas e seus associados, Nessa ampliação, buscamos soluções coletivas na defesa, também, dos interesses de toda a sociedade.
No caso específico do “Unidos Pela vacina”, que tenho o privilégio de estar na coordenação, trata-se de um projeto que leva benefícios, através da parceria de várias frentes, como por exemplo, a ATM, os Conselhos de Classe e várias empresas, numa ação de fato, muito importante e num momento crucial para retomada da nossa economia e do desenvolvimento.
Em razão desse período podemos, logicamente, concluir que os 31 anos das ACIPA não poderão ser comemorados, pelo menos não com festas ou aglomerações…
Na verdade vamos comemorar dentro desse princípio, o chamado “novo normal” em que fazemos comemorações através de “lives”, pequenas reuniões de diretoria, como também faremos o lançamento desse segundo turno do “Acelera 21”. Será uma comemoração, podemos dizer assim, adaptada a nossa nova realidade em tempos de pandemia. Vamos nos manter vivos, ativos e operantes, zelando pelo crescimento da Associação, mas com a consciência de que devemos preservar vidas acima de tudo.
A Câmara Municipal de Palmas criou a Frente Parlamentar Empresarial. O quê o Parlamento pode contribuir para que essa classe se fortaleça e se reorganize?
O parlamento municipal exerce um papel fundamental porque é a reflexão da representatividade. Eles foram eleitos para defender os interesses das pessoas que neles votaram, como também o interesse de todas as demais que residem no município. Há, portanto, essa legitimidade e a gestão atual da ACIPA tem por base o respeito institucional, o diálogo e a gestão, Nesse sentido, essas reuniões e esse trabalho que nós estamos fazendo junto com essa Frente é muito importante para entidade, para classe empresarial e, por fim, para toda a sociedade.
Por isso, parabenizo o presidente da frente, o vereador Mauro Lacerda, um grande empreendedor dessa capital, que fez uma linda história e que vai fazer a diferença e será um marco histórico na luta pela defesa dos empresários dessa cidade, junto ao Parlamento municipal. Com toda certeza, vai escrever a sua história com tinta forte como o representante da nossa classe na Câmara.
A sua gestão como presidente da ACIPA em Palmas foi muito mais abrangente, pois não prestigiou apenas os empresários, mas também os pequenos empreendedores que movimentam a cidade, saindo do senso comum…
Fico muito feliz por ter iniciado este diferencial, acerca da visão da Associação Comercial de Palmas e vejo, por exemplo, esta ação “ACIPA contra a fome” como um diferencial, uma vez que o empresário já dá a sua contribuição, gerando emprego e transformando vidas, neste momento de extrema dificuldade para pais e mães de família. A ACIPA, através de sua diretoria e associados, entendeu que poderia estender a mão àqueles que mais necessitam. Fizemos várias distribuição de cestas básicas e vamos continuar atuando por mais um período, visando atender aqueles que ainda lutam contra a fome.
Assim, penso que a ACIPA passou a ampliar o seu campo de atuação, para zelar não apenas pelos interesses dos empresários, mas da sociedade civil de uma forma geral, tornando-se mais humana, exatamente porque nesse período de pandemia, é preciso esse olhar, essa sensibilidade, a solidariedade e essa união de propósitos. Tudo isso é imprescindível para que nós possamos continuar enfrentando e superando esse momento tão difícil, pelo qual nosso país, o nosso Estado e a nossa cidade enfrentam e que aflige toda humanidade.
Há algum plano da ACIPA, ou pelo menos algumas perspectivas ou articulações com os associados, para que eles possam se reestabelecer economicamente no período pós-pandêmico?
Sim, o comércio precisa se reinventar neste “novo normal”. Nesse período de pandemia já há uma adaptação, inclusive. Há um princípio do empreendedorismo que diz: “quem sobrevive não é o mais forte, nem o mais inteligente, mas aquele que mais rapidamente se adapta às mudanças”. Nunca houve uma necessidade tão grande de se readaptar como agora. Hoje já vivemos um ambiente muito mais favorável e destaco as atitudes da ACIPA no tocante, por exemplo, aos encontros que denominamos “café com empresários” que são momentos de network, de geração de negócios, de compartilhamento de experiências, que fortalecem e crescem a cada dia, justamente por não estar restrito aos diretores ou aos associados. O conceito “ACIPA para todos” está aberto para todos aqueles que querem fazer mudanças ou adquirir novas experiências.
Essa mesma abertura existe no “Acelera 21” com essa visão de estender a mão a todos, promovendo uma ponte, uma ligação entre aquele empresário já bem-sucedido, que foi convidado a participar como mentor da reunião, que dá suporte e que apoia, e do outro lado, aqueles jovens empreendedores que precisam de experiência e orientações. Estamos trabalhando isso de forma sistêmica, para que surjam novos empreendedores, que estejam dispostos a contribuir com o crescimento do comércio e da nossa capital. Isso vai fazer com que a efetiva retomada da nossa economia ocorra em breve espaço de tempo.
Neste período em que os comerciantes passaram por muitas dificuldades, decorrentes de várias medidas restritivas, que impediram o pleno funcionamento do comércio, por parte da prefeitura de Palmas, como é que a ACIPA agiu junto ao poder público?
Sempre buscamos o equilíbrio, o bom senso e, graças a Deus, nos últimos meses isso tem prevalecido. O município estabeleceu um canal de diálogo com os empresários, não apenas com ACIPA mas com todos os outros representantes dos empresários. Houve uma sensibilização, no sentido de que o momento requer sacrifícios, uma prioridade em relação ao respeito à vida. Os números eram alarmantes. Entendemos que, graças a esse sacrifício, os números de internações e mortes diminuíram, a vacinação tem se mostrado eficiente e a retomada do comércio é uma questão de tempo. Com isso, estaremos voltando ao normal em breve.
Falando em empreendedorismo como o Sr. recebeu a notícia de que a Prefeitura Municipal de Palmas pretende revitalizar o “Rodoshopping”, um antigo centro comercial que viabilizou muitas empresas, contudo, nos últimos anos tem-se verificado esquecido pelas gestões?
A Prefeitura prometeu revitalizar o espaço, redirecionar algumas linhas de ônibus, como também instalar uma unidade do “resolve Palmas” no local, afim de atrair mais pessoas. Estive essa semana reunido com a Secretária de Desenvolvimento Econômico, tratando de algumas demandas do centro comercial de Taquaralto, como também, dos anseios dos empresários de uma forma geral, entre as quais, a criação do novo Refis, de forma a possibilitar um fôlego para os empresários. Muitos deles estão, neste momento de pandemia, passando por sérias dificuldades. Solicitamos, também, ao município o fundo de aval, para facilitar o acesso ao crédito aos pequenos e micro empresários, que agora estão em dificuldades cadastrais, ante a essa pandemia. Por isso, pedimos e solicitamos a retomada do CIDEP, com a aprovação e implantação de projetos que possam efetivamente contribuir e somar ao processo de retomada da nossa economia.
Durante essa reunião, a Secretária Desenvolvimento Econômico falou de vários projetos, como a “casa do empresário” e outras ações que poderiam melhorar a vida dos comerciantes, como também, ressaltou e expôs os planos e projetos para revitalizar o “Rodoshopping” e dar condições para que aqueles microempreendedores pudessem revitalizar seus comércios, gerar emprego e renda. Trata-se de uma ação extremamente válida e oportuna por que aquele local abriga várias pessoas e comerciantes que são persistentes, que lutam há vários anos, mesma sem qualquer infraestrutura. A revitalização vai fortalecer o comércio naquela região. Há anos eles estão lutando para que aquele centro comercial não seja fechado e esse significa que ele é forte, importante, resiliente. É preciso que o poder público reconheça a sua importância.