Prefeitos buscam evitar perda de recursos do ICMS Ecológico

03 fevereiro 2018 às 10h37

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Alterações na Lei do ICMS mudam distribuição de recursos; municípios com terras indígenas e integrantes do Mapa do Turismo Brasileiro devem receber mais

Uma comissão de prefeitos formada pela Associação Tocantinense de Municípios (ATM) se reuniu com o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Mauro Carlesse (SD), para discutir alterações ocorridas em dezembro de 2017 da Lei 2.959/ 2015, chamada Lei do ICMS Ecológico, que regulamenta os critérios e cálculos de participação dos municípios neste tributo.
O encontro ocorreu no gabinete de Carlesse, no início da semana passada, e teve ainda a presença dos deputados José Bonifácio, Vilmar de Oliveira e Wanderlei Barbosa, e do secretário executivo Jailton Bezerra e do assessor jurídico Solano Donato, da ATM.
Os prefeitos Fábio Vaz (Palmeirópolis), Manoel Silvino (Tocantínia), Marlen Ribeiro (São Félix do Tocantins) e Zé Augusto (Peixe) apresentaram a preocupação da maioria dos prefeitos diante das alterações na lei.
“Nós desenvolvemos uma série de ações ambientais pautadas nos critérios do benefício estabelecidos para este ano, e as mudanças vão interferir diretamente na comprovação de ações realizadas e na previsão de recursos que entrariam aos cofres municipais”, projeta o prefeito de Palmeirópolis.
Mudanças
A Lei 3.319, de 22 de dezembro de 2017, altera a Lei 2.959 e define novos índices para o cálculo do ICSM Ecológico repassado aos cofres municipais. Anteriormente, o índice dos municípios que detêm em seus territórios terras indígenas e quilombolas era de 3,5, sendo agora 4,0.
Além disso, um novo critério de distribuição foi incorporado à metodologia de avaliação do benefício fiscal, o chamado índice de turismo sustentável, de 1,0. A preocupação dos gestores, segundo o prefeito de Peixe, Zé Augusto, é que com a criação e elevação de alguns índices, os demais serão reduzidos, e isso interfere na pulverização dos recursos aos cofres municipais.
“Um pequeno número de municípios abriga em seus territórios terras indígenas e quilombolas. Além disso, o índice de turismo sustentável será aplicado apenas aos municípios que integram o Mapa do Turismo Brasileiro, sendo que no Tocantins, apenas 40 cidades estão no mapa, numa realidade de 139 municípios tocantinenses”, enfatizou Augusto.
Os prefeitos estão preocupados ainda com os novos critérios de avaliação. “Fizemos todo um trabalho conforme preconiza as regras de participação. Agora, a cartilha mudou e temos receios de que os municípios sejam prejudicados no ato de comprovação das ações ambientais”, preocupa-se o prefeito de São Félix do Tocantins, Marlen Ribeiro.
O presidente da Assembleia Legislativa comprometeu-se a levar novamente a discussão aos seus pares, e disse que a Casa buscará compreender melhor a realidade de cada município para que uma distribuição equitativa seja contemplada. “Somos municipalistas e vamos levar essa preocupação dos prefeitos para as discussões da Assembleia”, afirmou Carlesse.
ICMS Ecológico
No Tocantins, 13% do total arrecadado com o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) é destinado aos municípios que desenvolvem ações ambientais que resultem na preservação e conservação do meio ambiente. Os recursos destinados a cada município dependem de índices calculados pela Secretaria da Fazenda, com base nas estatísticas do Naturatins, da Semarh e do Ruraltins.
Entre as metodologias avaliadas para determinar esse porcentual estão a implantação e a execução da Política Municipal de Meio Ambiente, a existência de unidades de conservação e terras indígenas e quilombolas dentro da área do município, o controle e combate às queimadas e saneamento básico e conservação da água e solo.
A ATM observa que em algumas cidades tocantinenses o recurso do ICMS Ecológico tem se sobressaído e, em alguns casos, é considerado a maior fonte de recursos destinados ao município, em relação a outros repasses. (Com informações do site da ATC)