Uma das cidades tocantinenses mais tradicionais, Porto Nacional, assim como o Estado, também passa por uma renovação política importante que teve início em 2016 e que tende a se aprofundar nas próximas disputas. Enquanto velhas lideranças dão sinal de esgotamento eleitoral, jovens líderes surgem com muita força. O crescimento eleitoral do distrito de Luzimangues, encravado na grande Palmas, é outro fator que está contribuindo para a renovação política de Porto Nacional.

A eleição de Porto Nacional, pela importância do município no contexto do Estado, tende a atrair atenção e a ultrapassar as fronteiras geográficas do município. O quarto maior colégio eleitoral do Estado, berço político do governador Wanderlei Barbosa, mantém a forte representação política – tem quatro deputados estaduais (Nilton Franco/Republicanos, Valdemar Júnior/Republicanos, Professor Júnior Geo/PSC e Cleiton Cardoso/Republicanos) e três deputados federais (Toinho Andrade/Republicanos, Ricardo Ayres/Republicanos e Vicentinho Júnior/pP) –, algo que vem desde a época de norte de Goiás. 

Líderes políticos tradicionais, como Vicentinho Alves (pP), primeiro prefeito após a criação do Estado, Otoniel Andrade (PTB), que comandou a cidade por três mandatos, e Paulo Mourão (PT), responsável por uma das melhores gestões com reconhecimento em nível nacional, ainda estão na cena política local, mas sem prestígio para disputar a eleição local com chances reais de vencer. Vicentinho e Mourão engataram carreira estadual e se distanciaram da realidade local. Hoje, preferem apoiar nomes com melhores perspectivas eleitorais do que insistir na eleição de representantes das mesmas famílias que sempre estiveram no poder.

Depois de ser derrotado para o governo em 2018, Vicentinho se afastou das disputas. É provável que ainda volte a disputar eleição em nível estadual, mas não mais a prefeitura. Vicentinho, em 2022, se dedicou a apoiar a reeleição do filho Vicentinho Júnior (pP) à Câmara Federal. Com uma articulação bem-sucedida, Vicentinho Júnior foi o segundo mais votado.

Paulo Mourão disputou o governo em 2022, tendo ficando em 3º lugar, sendo o 2º em Porto Nacional. Mourão é um nome lembrado para disputar a prefeitura de Palmas, portando não poderá ser candidato a prefeito de Porto, pelo fato que ter transferido o domicílio eleitoral para a capital.

Otoniel Andrade é dos ex-prefeitos integrantes de famílias tradicionais que insistem em voltar ao comando da prefeitura. Disputou a eleição em 2020, tendo ficado em 2º lugar, e já se prepara para voltar às urnas como candidato. Otoniel revela que só não será candidato novamente se o irmão, deputado federal Toinho Andrade (Republicanos), entrar na disputa. Ambos avaliam que o deputado tem mais chances.

Em tese, a cidade já tem pelo menos cinco pretensos candidatos para 2024. São praticamente os mesmos nomes de 2020: o prefeito Ronivon Maciel (PSD), candidato à reeleição; Otoniel Andrade; seu irmão, Toinho Andrade; o ex-prefeito Joaquim Maia (PV), que iniciou o processo de renovação política no município; e o engenheiro Carlos Braga (Avante) – os dois últimos também disputaram as eleições de 2020 e seguramente serão convocados novamente.

Pelo quadro de hoje a tendência é de que 2024 seja uma revanche de 2020, com poucas variações. Será o velho contra o novo. A tradição contra a renovação. A disputa deverá ter o prefeito Ronivon, que polarizaria com um dos irmãos Andrade – o mais provável é que seja o deputado federal Toinho Andrade (Republicanos). Este poderá contar com o apoio do governador Wanderlei Barbosa (Republicanos), algo que pode ser decisivo. É bom lembrar que Ronivon também mantém boas relações com o Palácio Araguaia. A coligação que o elegeu (Republicanos, PSD, PL, DC, PSB, PV, PSL, PDT e Cidadania) conta com vários partidos governistas.

O prefeito Ronivon tem a vantagem da máquina ao seu favor. Mas, principalmente, tem o bom trabalho que vem conseguindo apresentar. O prefeito é um jovem líder, um pequeno comerciante, filho da cidade, que vem de baixo e chegou ao poder por méritos próprios. Surgiu na política em 2012, eleito vereador em sua primeira disputa. Em 2016, virou vice-prefeito fazendo chapa com Joaquim Maia. Em 2020, rompeu com o prefeito e disputou as eleições no que parecia uma aventura, mas virou fenômeno eleitoral.

Em sua primeira disputa, desbancou nas urnas nomes de peso das famílias tradicionais que sempre ocuparam o poder – o então prefeito Joaquim Maia (PV) e o ex-prefeito Otoniel Andrade (PTB) –, tornando-se um nome respeitado no contexto estadual. O prefeito realiza uma administração popular e bem avaliada pela população. Tem tudo para ser reconduzido ao cargo por mais quatro anos. Para continuar no comando do município, Ronivon terá de enfrentar novamente um irmão Andrade, o ex-prefeito Otonial Andrade ou o atual deputado federal Toinho Andrade (Republicanos).

Fator Luzimangues
Um outro fator que está contribuindo para a renovação política de Porto Nacional é o distrito de Luzimangues, que ocupa um peso cada vez maior nas decisões políticas do município, em função do grande volume de eleitores. O distrito soma mais de 8 mil eleitores e, na última eleição, elegeu 4 dos 15 vereadores, além do vice-prefeito Joaquim de Luzimangues (Republicanos).

O vereador Soares Filho (SD), representante do distrito, garante que a eleição do prefeito de Porto Nacional passa necessariamente por Luzimangues. Ele lembra que na última eleição os dois candidatos que polarizaram a disputam indicaram para vice alguém da localidade. Já o então prefeito Joaquim Maia, que preferiu indicar um vice de Porto Nacional, terminou em 3º lugar na disputa, mesmo tendo a máquina administrativa nas mãos. “Nós fazemos uma diferença enorme para a cidade de Porto. Tanto é que o distrito elegeu quatro vereadores e o vice-prefeito, a tendência é seguir essa mesma representatividade”, garante o parlamentar.

Soares Filho revela que vem sendo sondado sobre a possibilidade de ser candidato a vice, mas garante que está focado na candidatura à reeleição. “Meu projeto é a candidatura à reeleição. Agora, lá no final a gente não sabe como vai ficar. Estou focado na reeleição, mas aberto ao diálogo”, reitera.