Vereador de Palmas e pré-candidato à prefeitura do maior município tocantinense afirma que é necessário uma subprefeitura com condições de atender a contento as demandas do distrito de Luzimangues

Vereador Joaquim Maia: “Já transferi meu domicílo eleitoral” | Divulgação
Vereador Joaquim Maia: “Já transferi meu domicílo eleitoral” | Divulgação

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Joaquim Maia (PV) nasceu em Porto Nacional (TO) e mudou-se para Brasília aos 14 anos, com o objetivo de dar continuidade aos seus estudos. Formou-se em engenharia civil pela Universidade de Brasília (UnB). Retornou ao Tocantins e instalou-se em Palmas, em 1997. Pós-graduou-se em Saneamento Ambiental e em Engenharia de Manutenção pela Universidade do Tocantins.

Iniciou sua carreira na Companhia de Saneamento do Tocantins (Saneatins) e foi eleito, em 2012, vereador em Palmas pelo Partido Verde, com 1.798 votos. Eleito pela chapa oposicionista ao prefeito Carlos Amastha, assim permaneceu: “Se me elegeram na oposição, aqui devo permanecer, não tenho o direito de mudar a vontade do povo”. Na Câmara, tem feito o contraditório, questionando as ações do Executivo, às quais vê como contrárias aos interesses do povo, fiscalizando e denunciando irregularidades da gestão municipal. Em 2014, pleiteou uma vaga na Assembleia Legislativa do Estado pelo PV, obtendo expressivos 8.226 votos, o que lhe proporcionou a condição de suplente de deputado estadual.

Em que pese o sr. ser vereador pelo município de Palmas, é sabido que pretende disputar a Prefeitura de Porto Nacional no próximo pleito. O sr. já efetivou a mudança de domicílio eleitoral? Por que essa mudança de trajetória na sua carreira política?
Comuniquei na tribuna a minha decisão pela candidatura a prefeito de Porto Nacional em 2016, e por isso, já transferi meu domicílio eleitoral, em obediência a legislação. Por consequência, já não tenho mais condições sequer de disputar a reeleição ao cargo de vereador em Palmas.
Eu tenho feito em Palmas um trabalho muito posicionado: lutar pela população e defender a comunidade, acompanhando e fiscalizando as ações do poder executivo, e por fim, cumprindo o papel de legislador. Dessa forma, tenho tentado fazer que exista uma voz do contraditório na Câmara. Sempre me mantive da maneira que fui eleito, ou seja, posicionado como oposição. Tenho compromisso com o mandato que me foi outorgado e o cumprirei até o último dia que permanecer naquela casa de leis.
Todavia, tive oportunidade de participar do processo eleitoral de 2014, quando disputei o cargo de deputado estadual. Foi um processo de amadurecimento político, quando pude caminhar e escutar não só a população de Palmas como também de todo Estado. Considero que fui bem votado e só não assumi face à coligação partidária e coeficiente eleitoral. Obtive boa votação tanto em Palmas quanto em Porto Nacional, cidades estas que tinham muitos candidatos em busca de votos. Tive e agradeço excelentes oportunidades na capital onde iniciei minha carreira profissional e política. Contudo, em razão de Porto Nacional ser minha terra natal, ainda mantenho vários elos familiares, de amizade e de companheirismo. Com-preendi, após o último pleito, que houve um chamamento daquela comunidade, que entendeu que posso contribuir de forma mais atuante com desenvolvimento daquele que é o maior município do Tocantins. Proponho uma forma alternativa de fazer política para aquela cidade em que há décadas existe uma alternância de poder entre uma minoria. Assim sendo, existe um cenário favorável para minha inserção naquele contexto político, lançando uma candidatura que proporcione ao eleitor, uma opção diferente daquelas mantidas há muitos anos pelas oligarquias portuenses.

"A maior aflição dos moradores de Luzimangues é a ausência do poder executivo de Porto Nacional junto àquela comunidade. Isso faz com que ela tenha que se reportar a Palmas para a solução de suas demandas”
“A maior aflição dos moradores de Luzimangues é a ausência do poder executivo de Porto Nacional junto àquela comunidade. Isso faz com que ela tenha que se reportar a Palmas para a solução de suas demandas”

Nesta eleição de prefeito, o sr. será a terceira via para população, uma vez que as eleições municipais em Porto Nacional estão há muito tempo concentradas nas mãos de dois grupos políticos?
Eu não sei quantas vias vão estar disponíveis, portanto, não sei se eu serei a segunda, terceira ou quarta via. Estou colocando meu nome como uma opção para aqueles que entendem que Porto Nacional precisa de uma oxigenação política, de um novo jeito de cuidar da cidade e da comunidade. É necessário colocar em primeiro lugar a valorização da pessoa, do ser humano, do cidadão portuense. É necessário que gestor se aproxime da população e gere oportunidades e condições para que a comunidade tenha mais qualidade de vida. A disputa da eleição para deputado foi o início de um trabalho político por lá, uma alavancada. Há um movimento que já implantei em Porto Nacional que se chama “ouvindo a nossa cidade”. Já fiz duas edições e foi sucesso absoluto. Isso é uma questão primordial dentro da próxima campanha. É necessário escutar o povo para propor algo próximo do que a população entende como satisfatório.

O sr. é filiado ao Partido Verde, cujo presidente no Tocantins é Marcelo Lellis e que, no momento, tem como expoente máximo a vice-governadora Claudia Lellis. Esse fator é capaz de alçá-lo na disputa como candidato do Palácio Araguaia à Prefeitura de Porto Nacional?
O momento do PV no Tocantins é muito bom, há um crescimento considerável da sigla. Temos condições de lançar pelo menos 50 candidaturas a prefeito na próxima eleição, entre as quais, a minha. Isso é motivante! A sigla tem como missão a valorização do meio ambiente e o crescimento sustentável, mas acima de tudo, uma política voltada para o respeito e qualidade de vida ao cidadão tocantinense. O presidente Lellis e a vice-governadora têm se empenhado muito no fortalecimento do PV. Fazemos parte da base de apoio ao governo do Estado e por isso caminhamos juntos, numa parceria. Depende muito de conjecturas políticas e construção de coligações, no entanto, é plenamente possível ter o apoio palaciano nessa nova caminhada.

O sr. não considera que vai deixar órfãos seus eleitores em Palmas, decepcionando-os de certa forma, ao mudar seu domicílio eleitoral em pleno curso do seu mandato?
Eu entendo que por mais que eu tenha começado minha base e minha carreira política em Palmas, é necessário um fortalecimento político. O trabalho realizado durante meu mandato ainda vai render muitos frutos para a população. Contudo, concorrer a vaga de prefeito em Porto Nacional faz parte do processo para aumentar a força de representação. Ao mesmo tempo, sendo eleito ou não, como parte integrante do PV, continuarei contribuindo para o bem comum da população da capital. A sigla tem um projeto para Palmas, um pré-canditado a prefeito, o Marcelo Lellis. Através das reuniões denominadas “rodas de conversa”, ele tem, desde agora, e não apenas no ano eleitoral, ouvido e discutido propostas com a população de Palmas. Tenho convicção que meus eleitores em Palmas acabarão por abraçar a candidatura dele.

Quando o sr. se desvincula desse mandato para seguir no novo projeto e quem é seu suplente?
Há um trabalho aqui na Câmara a ser feito e não deixarei de fazê-lo. Tentarei desempenhar com dignidade esse papel até o último dia antes de começar o novo desafio. Pela nova lei, as campanhas serão mais curtas, todavia uma proximidade com os eleitores de Porto Nacional é necessária. Dessa forma, provavelmente me desligarei da Câmara de Palmas em julho de 2016. Hoje o suplente da minha coligação denominada “É a vez de Palmas” (PSDB / PV / PMDB / PSD), é o Carlos Braga (PMDB).

"A Prefeitura de Porto Nacional tem de assumir, de vez, suas responsabilidades com Luzimangues, cujos cidadãos merecem receber serviços públicos de qualidade. a subprefeitura nos moldes atuais não é suficiente”
“A Prefeitura de Porto Nacional tem de assumir, de vez, suas responsabilidades com Luzimangues, cujos cidadãos merecem receber serviços públicos de qualidade. a subprefeitura nos moldes atuais não é suficiente”

Um ponto em comum das duas cidades, Porto Nacional e Palmas, é o Distrito de Luzimangues, vinculado à primeira. Separado da capital pelo lago de 12 km de extensão e localizado a mais de 70 km de Porto Nacional, os habitantes utilizam mais os serviços oferecidos por Palmas do que aqueles do município ao qual estão vinculados. Entretanto, recolhem impostos para aquela cidade, que por sua vez, pouco investe em benfeitorias para o distrito. Como o sr. pretende resolver tais problemas?
Eu entro favorecido nessa discussão. Eu conheço a realidade das três localidades. Estou envolvido neste processo e convicto de que a maior aflição dos moradores de Luzimangues é essa falta de cuidado, esse descaso, essa ausência do poder executivo de Porto Nacional junto àquela comunidade. Isso faz com que ela tenha que se reportar a Palmas para a solução de suas demandas e necessidades. Evidentemente, de certa forma, deixa um ônus para o município de Palmas. O caminho seria a Prefeitura de Porto Nacional assumir, de vez, suas responsabilidades com aquele distrito, que faz parte de seu extenso território, porém não menos importante. O cidadão de Lu­zimangues é um cidadão portuense e merece receber serviços públicos de qualidade, e por isso a prefeitura deveria ter participação efetiva naquela localidade. Uma subprefeitura nos moldes atuais também não é suficiente. É necessário uma subprefeitura com condições de atender a contento, as demandas do distrito.
Existe um problema sério acerca da iluminação pública e segurança. Há poucos dias, a população fechou a entrada e saída da ponte FHC, visando serem ouvidas pelas autoridades. Por isso, é necessário uma proximidade com aquela comunidade para ouvir e entender seus anseios e expectativas, e dentro do nosso plano de governo, propor algo que esteja próximo do que eles entendam como justo e satisfatório. Se você me perguntasse se o poder executivo municipal reuniria condições de solucionar as questões de segurança de Luzimangues, te responderia que sim. A cidade tem representatividade muito forte no parlamento estadual, parlamento federal e também no Senado. Assim sendo, acredito que falta vontade política do atual prefeito para solucionar esse problema tanto no distrito quando na sede do município. Uma gestão comprometida possui amplas condições de propor ações contra a violência gerada a partir das drogas, como também implantar programas sociais e assistenciais que permitam ao cidadão ter novas oportunidades e reinserção no mercado de trabalho. As ações ostensivas contra a violência são importantes, contudo, as medidas preventivas surtem muito mais efeito, mesmo que necessitem de maior prazo para que os resultados apareçam.

Em relação à sua conduta oposicionista no que concerne ao prefeito Carlos Amastha, como avalia seu mandato e também a gestão dele?
Sempre me pautei pela transparência na maneira de exercer essa oposição ao governo municipal. Eu faço parte de uma oposição consciente, e não estou aqui para votar contrário a todo e qualquer projeto do executivo, simplesmente por que estou na base contrária. Isso é irresponsabilidade e não oposição. Contudo, ao mesmo tempo, não me furto de procurar construir caminhos para que – dentro do que eu acredito – impor minhas ideologias.
Por exemplo: hoje votamos um projeto do prefeito denominado “Palmas Solar”. Uma tentativa de incentivar a utilização da energia solar no nosso município. É uma proposta interessante, sem dúvida, já que o sol – uma fonte de energia limpa – brilha com abundância a maior parte do ano, no Tocantins. Entretanto, o projeto trazia uma obrigatoriedade para que as novas construções no município, quando utilizassem a água quente, só pudessem fazê-lo através da energia oriunda do aquecimento solar. Não fui contra o projeto, mas discordei da obrigatoriedade. Debatemos em plenário e votamos pela retirada dessa vinculação obrigatória. Assim sendo, as novas obras terão como opção – e não obrigação – a utilização de energia solar, visando o benefício ambiental. Caso o proprietário opte por isso, receberá incentivos como descontos em IPTU, ITBI, etc. Considero isso uma oposição inteligente e construtiva.
Da mesma forma, nada me impede de votar contra projetos que eu considerar como prejudiciais a população. A gestão Amastha em muitos momentos se pautou – e isso desde o início – pelo crescimento da carga tributária em nosso município. E desde sempre me posicionei contrário a isso. A implantação de uma excessiva carga tributária para a população, sem oferecimento de contrapartida da máquina pública, é inaceitável. O aumento do IPTU, do ITBI e de outras taxas municipais teve sim o meu posicionamento contrário. A gestão Amastha, com apoio parlamentar, forçou o aumento e o resultado é que o custo de vida em Palmas se tornou muito mais caro, exatamente em razão da majoração dos impostos e criação de taxas. A população sente isso no dia a dia, quando tem que estacionar um carro na área central da cidade ou quando tem que pagar mais caro por bens e serviços cotidianos.