Com apenas 28 anos, presidente da nova sigla diz que partido irá sair do papel direto para as eleições de 2016

Gilson Cavalcante
Gilson Cavalcante

Gilson Cavalcante

O presidente regional do novo PL, Diogo Fernandes, está convencido de que o partido, que está se estruturando, nascerá para dar uma nova cara à política tocantinense. Com apenas 28 anos de idade, formado em Direito e pós-graduando em Gestão Pública, Diogo diz em entrevista ao Jornal Opção que já existem muitos políticos com mandato interessados em se filiar à legenda. Contudo, evitou citar nomes, alegando que a sigla precisa primeiro ser criada, para depois falar sobre o assunto. Ele defende a industrialização do Estado e acha que a duplicação da BR-153 é uma questão emergencial. Não quis tecer comentários sobre a administração do prefeito de Palmas, Carlos Amastha (PP), mas, como cidadão palmense, disse estar satisfeito com o trabalho do gestor público.

Como está o processo de estruturação do PL no Tocantins? O partido terá chances de disputar as eleições municipais já em 2016?
O PL está em fase de formação. Para registrar um partido político é preciso 500 mil assinaturas em nível nacional, certificadas pelos Tribu­nais Regionais Eleitorais de todo o País e, depois, submetidas a uma sabatina no TSE [Tribunal Superior Elei­toral]. Passamos da fase de recolher assinaturas, depois de oito anos, e já demos entrada no pedido de registro definitivo da legenda no TSE. So­fremos duas ações de impugnação por parte de alguns partidos que não têm interesse na criação do novo PL e nós entramos com a defesa e agora aguar­damos o julgamento do TSE.

Mas o PL pode lançar candidaturas em 2016?
Sim. Estamos otimistas quanto a isso. Acreditamos que até julho ou agosto o processo estará totalmente concluído e, então, poderemos receber filiações antes mesmo do período mínimo exigido pela legislação eleitoral.

O novo PL nasce com quais características político-ideológicas? Quais as principais bandeiras do partido?
O PL, desde a época de Álvaro do Vale e de Cleovan Siqueira, que foi deputado por Goiás, resgatou o estatuto e as bandeiras do partido. Então, o novo PL virá com toda a ideia do Partido Liberal, com tudo aquilo que ele defendeu lá atrás. Por algumas conveniências políticas, o partido foi entregue, na época, e deixou de existir e nós resgatamos tudo isso. Queremos defender a ideia de uma política liberal.

"Temos de industrializar nossa produção não apenas para dar empregos à população, mas para que nos tornemos um Estado exportador de produtos. temos todos os instrumentos para isso”
“Temos de industrializar nossa produção não apenas para dar empregos à população, mas para que nos tornemos um Estado exportador de produtos. temos todos os instrumentos para isso” | Divulgação

A ideia inicial era criar o PL para, em seguida, fundi-lo com o PSD do ministro Gilberto Kassab, o que não foi possível. E agora?
Nós tivemos uma ajuda muito grande do presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, para a viabilização do PL, que vai nascer como o primo primeiro do PSD. E a nossa ideia é caminhar junto com Kassab. Estamos aguardando e observando o que que vai ocorrer com a mudança da legislação. Então, nesse momento, a gente não tem muito o que dizer a respeito disso.

Algum critério para receber filiações? Alguma sinalização de políticos com mandato que já demonstram interesse em se filiar ao novo PL?
Sim. Vereadores de praticamente todos os municípios do Estado já demonstraram interesse em se filiarem ao PL. Sem contar os deputados estaduais. Temos mais de 80 interessados em criar as comissões provisórias nos municípios tocantinenses e estamos aguardando. Esta­mos exclusivamente nas mãos da legislação eleitoral.

Cogita-se que o deputado Valdemar Junior, do PSD, pode fazer parte do PL. Há certo fundo de verdade nes­sa especulação?
Eu não vou revelar os interessados nesse momento. Em se tratando de Valdemar Junior, eu não tive ne­nhuma conversa com ele nesse sentido. Portanto, não posso adiantar nada.

Qual o critério de alianças que o PL vai adotar regionalmente, tendo em vista eleições futuras?
Primeiro, nós vamos aguardar o que a direção nacional do partido vai decidir. Antes de tomar qualquer decisão em nível regional, nós vamos fazer com que o partido seja de fato criado para depois aguardar as orientações em relação à política de alianças na Executiva Nacional.

O PMDB defende o chamado “distritão” para as eleições proporcionais. A ideia não prejudicaria os pequenos partidos?
Eu acho que sim. No meu entendimento, se tivessem a intenção de fortalecer a democracia, não se devia mexer no sistema de coligações e sim no coeficiente eleitoral, porque hoje, de acordo com o histórico eleitoral do Tocantins, para se conseguir uma vaga na Assem­bleia Legis­lativa são precisos de 33 mil votos válidos. Nós sabemos que é praticamente impossível para um partido sozinho conseguir esse coeficiente, a não ser que ele tenha parlamentares com vários mandatos. Dessa forma, a nova proposta acaba fragilizando os partidos, porque o candidato de um determinado partido que obtiver 20 mil votos, mas não tiver outros candidatos que puxem votos, corre o risco de ficar de fora. No meu entendimento, dentro da reforma política, a gente precisa mudar o sistema de coeficiente eleitoral e colocar uma votação direta. Por exemplo, no Tocantins são 24 cadeiras na Assembleia Legis­lativa. Assim, seriam eleitos os mais votados, sem a questão da legenda.

Tivemos uma ajuda muito grande do ministro Gilberto Kassab para a viabilização do PL, que vai nascer como o primo primeiro do PSD” | Sérgio Lima/Folhapress
Tivemos uma ajuda muito grande do ministro Gilberto Kassab para a viabilização do PL, que vai nascer como o primo primeiro do PSD” | Sérgio Lima

O que o PL defende na reforma política?
O PL é um partido novo e a gente é favorável à reforma política. Defendemos a ideia de reduzir o período de propaganda eleitoral, por exemplo, para reduzir os custos com as campanhas. Ao invés de três meses de campanha eleitoral, o PL defende que esse período seja reduzido para 30 dias. Por ser um partido novo e com muitas novas lideranças envolvidas nesse processo de formação da sigla, julgamos necessárias muitas medidas para fortalecer a democracia em todo o País e também algumas atitudes por parte da legislação que estabeleçam uma disputa de igual para igual. A questão é não fortalecer somente aqueles partidos que, historicamente, têm mais número de mandatários. Defendemos também a redução dos fundos partidários, porque a despesa com os partidos políticos é muito alta.

Que avaliação o sr. faz da administração do prefeito de Palmas, Carlos Amastha? Há a possiblidade de aproximação do PL com o PP do prefeito?
Como eu lhe falei, primeiro nós vamos criar o partido, para depois ter uma decisão sobre a política de alianças. Analisaremos caso a caso, em cada Estado e em cada cidade. Não posso falar nesse momento sobre a administração do prefeito Amastha como líder partidário, mas como cidadão palmense entendo que o prefeito está fazendo um bom mandato. Estou satisfeito e acho que ele tem cumprido com suas obrigações de gestor público. Portanto, não tenho essa dificuldade de elogiá-lo porque não sou aquele tipo de pessoa que pensa em fazer política por conveniência. Acho que a gente tem que dar os parabéns para quem merece os parabéns e também fazer críticas construtivas para aqueles gestores e políticos que realmente merecem as críticas. Então, em nível de partido, eu não posso fazer nenhuma consideração sobre a administração do prefeito Amastha, mesmo porque o partido ainda não está criado. Agora, como palmense, eu estou satisfeito.

Você é um político jovem, com apenas 28 anos de idade. O Tocantins, no seu entendimento, carece de novas lideranças politicas? É preciso fazer uma reciclagem?
No meu entendimento, o To­cantins precisa de novas lideranças políticas. Defendo isso como uma premissa de alternância de poder. E o PL vem com a intenção de oxigenar a política tocantinense, o que vai fazer bem à saúde da democracia no Estado. Acho que algumas pessoas foram figuras simbólicas e contribuíram com o Estado, mas eu acredito que se deve aplicar a modernidade na política do Tocantins. Nós estamos carentes de líderes políticos com uma visão mais moderna. Eu acho que a política de essência é a política de ajudar as pessoas, desenvolver projetos que venham trazer independência para o cidadão. Então, é nesse sentido que eu milito, fui candidato a deputado recentemente, não tive êxito, mas obtive quase 5 mil votos, pelo PSD. Defendi a bandeira da industrialização do Estado, justamente porque acredito que o maior programa de governo é a geração de emprego. Então, é isso que eu defendo, para que o cidadão não fique refém de governo. Temos que industrializar nossa produção, porque temos todos os instrumentos para isso. Precisamos nos tornar um Estado exportador de produtos. Temos a melhor borracha e, no entanto, não temos uma indústria de pneus, por exemplo. Temos os melhores couros e não dispomos de uma indústria de calçados.

Além da industrialização do Estado, o que você tem em mente para alavancar o desenvolvimento do Tocantins?
Veja bem: a situação da BR-153, a Belém-Brasília, não anda nada bem. A rodovia é a principal via de escoamento de nossa produção, por isso, defendo a urgente duplicação dessa BR, porque os chamados bolsões que ficam às margens da rodovia ficam sem acesso, pois os caminhões e carros não vão parar mais nos municípios, que ficarão prejudicados, sem contar que os comerciantes locais também sofrem com isso.