Vice na chapa do governador para a eleição suplementar, deputado afirma que a história do Tocantins passa pela continuação do ex-presidente da Assembleia Legislativa à frente do Palácio Araguaia

Wanderlei Barbosa

Wanderlei Barbosa é pioneiro no Tocantins e em Palmas, onde exerce cargos eletivos há quase 30 anos. Já foi subprefeito do distrito de Taquaruçu e eleito vereador por cinco mandatos em Palmas. Posteriormente, foi eleito deputado estadual em 2010 e reeleito em 2014, com 13.285 votos. Sob sua ótica, o Estado e também o governo do Tocantins passam por um momento delicado e, exatamente por isso, o governador interino Mauro Carlesse deve ser reconduzido ao cargo no dia 3 de junho, evitando-se novas rupturas. Oriundo do parlamento, onde fez sua carreira pública, Barbosa é candidato a vice-governador na coligação Governo de Atitude, por acreditar nos novos e bons projetos que Carlesse promete operacionalizar.

Como o sr. recebeu a notícia que o Tribunal Regional Eleitora (TRE-TO) havia deferido o registro de sua candidatura a vice-governador na eleição tampão de 3 de junho, uma vez que o sr. havia trocado recentemente de partido, saindo do SD para ingressar no PHS?

Numa eleição extraordinária a mudança de partido não caracteriza nenhuma vantagem indevida, o que é diferente de prazo de desincompatibilização de algum cargo Executivo. Por isso, eu tinha expectativa que as candidaturas impugnadas, por esse aspecto, fossem deferidas. Estou feliz por isso, poderei estar na disputa e dar minha parcela de contribuição ao projeto que eu considero bom e inovador.

Quais foram as circunstâncias da sua saída do SD, partido que o sr. ajudou a criar e se solidificar no Tocantins?

Foi bem tranquila, sem traumas, continuo gozando de boa convivência com os líderes do SD. Na mudança de partido, via janela partidária, pesou a questão da identificação com nosso líder e presidente da sigla, Mauro Carlesse. Houve, ainda, o convite da direção nacional do PHS para fortalecermos o partido no Tocantins e eu aceitei.

Quais seriam os diferenciais desse eventual governo, cuja chapa tem o sr. como candidato a vice-governador?

O governo Carlesse terá uma marca: priorizar as questões mais importantes do Estado do Tocantins. Na condição de governador interino, ele já está lutando para recuperar economicamente o Estado e viabilizá-lo financeiramente. Com isso, em breve, poderemos prestigiar as carreiras dos servidores públicos de maneira coerente, respeitando a Lei de Responsabilidade Fiscal e as normas trabalhistas.

Tenho convicção que o governador Mauro Carlesse tem intenções muito boas e vai, seguramente, recuperar a credibilidade do governo, quer seja na área da saúde – para realizar as cirurgias de quem aguarda tanto tempo na fila –, quer seja na infraestrutura, recuperando rodovias.

Em relação aos apoios de campanha, sua chapa conseguiu arregimentar líderes de grande expressão, como o ex-governador Siqueira Campos e os deputados federais Cesar Halum e Professora Dorinha. Quais foram as ideias que convenceram tantos políticos de peso a se engajar na campanha?

O projeto é novo e diferente. Tenho certeza que foi isso que atraiu tanta gente, entre os quais, os deputados federais La­zaro Botelho e Carlos Ga­guim, além dos parlamentares estaduais Eduardo Siqueira Campos, Luana Ribeiro, Olyn­tho Neto, Eduar­do Bonagura, que não foram citados na sua pergunta.

Esse palanque tem significativo peso político, mas tem, também, um peso histórico. O interesse de todos esses políticos em apoiar nossa candidatura, certamente, está ligado ao fato de esse projeto ser capaz de transformar o Estado do Tocantins, baseado no cumprimento das leis, reorganização tributária e retomada dos investimentos em educação, saúde, segurança pública e obras infraestruturais.

Hipotecaram apoio também a esse projeto o setor empresarial e o prefeito de Araguaína, Ronaldo Dimas, que tem dado exemplo de boa gestão, que valoriza seu município e os servidores públicos. Como resultado, aquela cidade apresenta números impressionantes em termos de crescimento econômico. É esse palanque que queremos montar, repleto de pessoas comprometidas e qualificadas, que convergem com os pensamentos e ideias da nossa chapa.

E quanto aos servidores públicos, qual é a proposta?

A valorização dos servidores públicos é o tema mais discutido em nossas reuniões. Queremos respeitar os direitos deles, sem dúvidas, mas com bastante cuidado para não sacrificar o Estado como um todo. Nossa intenção é chamar os concursados do cadastro de reserva da Segurança Pública e Cidadania e Justiça, por exemplo, diminuindo, por consequência, os contratos temporários e os cargos em comissão.

Mas esse prazo de seis meses não é muito curto para implantar tudo isso?

Sim, muito. Não há como fazer milagres em gestão pública e exatamente por isso, o governador Carlesse precisa que os tocantinenses entendam que outra troca de governo, nesse momento, será um irreparável erro, causará outras rupturas e trará mais problemas.

A cassação do governo anterior [Marcelo Miranda] se deu em razão de decisão
judicial e atrapalhou o desenvolvimento
do Estado. Toda cassação é traumática”

Para operacionalizar esse plano inovador de governo é necessário a confiança do eleitorado, para permitir que ele tenha mais tempo para promover as ações positivas previstas no projeto de governo. A história do Tocantins passa pela permanência de Carlesse à frente do Palácio Araguaia, porque um Estado tão sofrido como o nosso, não pode se dar ao luxo de trocar de governador, três ou quatro vezes no mesmo mandato. Estou firme no propósito que o povo do Tocantins vai entender esse momento e alçar o governador interino à condição de permanente e legítimo.

No que concerne à base eleitoral, parece que a chapa dividiu o Estado em três grandes fatias, onde Carlesse, por ser oriundo da região sul, angaria votos por lá, o sr. com a tarefa de convencer os eleitores do centro, principalmente Palmas e adjacências e, por fim, Dimas coordenando a obtenção de votos no norte. Essa premissa é verdadeira?

Não fatiamos em três grandes regiões, priorizando-as. Não procede. Nossa luta é pelos 139 municípios. Estamos fazendo um grande trabalho de convencimento nas médias, grandes e pequenas cidades, mas, naturalmente, não será possível visitar todas. Estamos em contato constante com representantes e líderes setoriais de cada região. Estamos reunindo pessoas comprometidas com a causa de norte a sul e de leste a oeste. Conseguimos o apoio recentemente do prefeito de Tocan­tinópolis, Paulo Gomes, que, mesmo tendo se filiado ao PSDB recentemente, apoia nosso projeto, que tem se tornado grandioso.

E quanto à liminar proferida pelo Tribunal de Justiça do Tocantins, que perdura durante a interinidade e que proíbe o Poder Executivo de pagar despesas que não sejam urgentes? De certa forma, o governo não está travado?

Sob o efeito dessa decisão cautelar é praticamente impossível governar. O governo interino tem feito algumas recuperações contratuais e adequações, mas não é possível avançar muito porque esbarra na proibição financeira, fruto de decisão judicial. O projeto era iniciar o mutirão de cirurgias de forma imediata, por exemplo. Entretanto, em razão da liminar, não foi possível tirar as pessoas das filas dos hospitais. O deferimento dessa liminar, portanto, atrapalhou o desenvolvimento e o andamento administrativo do Estado do Tocantins.

O sr. é muito conhecido por ser muito combativo na Assembleia Legislativa, seus discursos quase sempre são emocionados e efusivos. Na condição de vice-governador, esse protagonismo não ficará prejudicado?

Um dos pontos mais discutidos com o Carlesse, para que eu pudesse acertar minha participação como vice na chapa, foi exatamente isso. Expus que não aceitaria ser figura decorativa e só entraria no projeto se pudesse ter participação nas ações de governo de forma efetiva. Quero colaborar com a gestão. Se for para ficar preso em gabinete e ser apenas o eventual substituto do governador, para mim não serve. Meu propósito consiste em continuar ajudando as pessoas e o Estado como um todo, participar, dar sugestões, expor projetos que tenho em mente após 30 anos de vida pública e, efetivamente, tentar executá-los. A combatividade é uma das minhas características e isso não vai mudar.

Pela sua experiência como membro do parlamento tocantinense, como será a convivência do governo Carlesse com a Assembleia Legislativa?

Creio que será harmônico, mas independente. Ele é oriundo do parlamento, do qual é presidente, e sabe como as coisas funcionam por lá. Os deputados têm representação social e isso há que ser respeitado pelo Poder Executivo, acatando e sancionando os bons projetos e leis que beneficiem nossa população. Tenho certeza que será uma coalizão e haverá uma boa convivência, portanto.

Além disso, acrescento também que teremos um bom diálogo com o Poder Judiciário e os órgãos de controle, como Ministério Público e Tribunal de Contas, por exemplo.

Quanto ao governo interino em si, na semana que se passou o STF jogou uma pá de cal na pretensão do ex-governador Marcelo Miranda de retornar ao cargo, ao negar uma liminar com esse propósito. Qual a sua percepção?

A cassação do governo anterior se deu em razão de decisão judicial e atrapalhou, sem dúvidas, o desenvolvimento do Estado. Toda cassação é traumática. Todavia, caminhamos para um recomeço e outra mudança, mesmo que por determinação judicial, causaria um transtorno sem precedentes, porque agora é que o governador interino começou a pôr suas ideias e ações em prática. Nestas circunstâncias, penso que o ministro do STF agiu com sabedoria e coerência, porque tranquiliza o novo governo e, principalmente, a população.