Prefeito anuncia a aplicação de R$ 1,5 bilhão em investimento e afirma que BRT será um sistema que vai funcionar como indutor de desenvolvimento, ajudando a transformar Palmas numa cidade mais justa

Foto: Antonio Gonçalves
Foto: Antônio Gonçalves

 Ruy Bucar

O prefeito de Palmas, Carlos Amastha (PP), é categórico em afirmar que Palmas terá o melhor sistema de transporte coletivo do mundo. “A gente está pensando o BRT como um todo, como um sistema indutor de desenvolvimento da cidade que vai garantir a sua completa integração. A valorização imobiliária que vamos ter nas regiões sul e norte por causa desse sistema é um negócio incalculável”, prevê o prefeito, que avalia que o sistema vai trazer emprego, renda e principalmente qualidade de vida.

Amastha anuncia que a partir de agora entra em campo o prefeito empreendedor que vai tocar um conjunto de obras orçado em R$ 1,5 bilhão com recursos captados junto ao governo federal. O volume de recursos é tão significante que ele garante que Palmas vai se transformar num verdadeiro canteiro de obras. “Estamos iniciando o processo de implantação do BRT. E o saneamento é uma realidade, conseguimos R$ 270 milhões que vão fazer Palmas ser a primeira capital no Brasil 100% com tratamento de esgoto”, ressalta o prefeito, citando obras de infraestrutura, pavimentação, macrodrenagem dentre outras.

Sobre o apoio ao governador Sandoval Cardoso (SD), o prefeito faz questão de ressaltar que se refere apenas a eleição indireta e ao mandato-tampão e não tem nada a ver com a eleição de 5 de outubro. “Meu apoio ao deputado Sandoval Cardoso eleito governador está restrito à eleição indireta. Sobre a eleição de outubro não conversei nada com o governador e não vamos conversar, porque primeiro tem que sair do papel aquilo que nos foi prometido”, ressalta o prefeito, dizendo que vai esperar pra ver o resulto e alerta se for mais promessas estará seguramente no palanque da oposição.

“Espero que daqui a 25 anos a gente possa estar celebrando a cidade dos sonhos de todos os latinos-americanos. Uma cidade justa, uma cidade inclusiva, uma cidade plena em emprego e renda. Uma cidade que brilhe, que seja amada, que seja invejada e que seja o novo paradigma de civilização, que tenho a certeza que foi o que trouxe todos nós para cá”, expressa o prefeito em sua mensagem aos palmenses no momento em que a cidade comemora seus 25 anos de existência. Estes e outros assuntos na entrevista a seguir, em que como sempre o prefeito não deixa perguntas sem respostas.

Como o sr. avalia a experiência de ser prefeito de uma cidade com 25 aos, ainda em construção, cujo futuro depende da gestão pública?
Eu sou abençoado de ser o prefeito desta cidade num momento tão importante, dos seus 25 anos. Só tenho a agradecer porque não existe no mundo uma cidade com tamanhos potenciais, desafios, particularidades como Palmas. Uma cidade que está indo muito bem em todos os aspectos e que tende apenas melhorar. E acho que o nosso desafio para os próximos 25 anos é a gente consolidar um desenvolvimento diferente de tudo o que já se viu na América Latina, sem cometer os erros que as outras cidades cometeram. Ela tem tudo para ser uma cidade sol, uma cidade mais justa, para ser uma cidade que privilegia o cidadão em detrimento de tantas outras coisas. Então eu acho que a gente tem muito desafio, mas muita coisa boa para acontecer. Eu resumo da seguinte maneira: reclamo do excesso de trabalho, mas quando alguém me pergunta se hoje fosse a campanha se não faria diferente? Eu faria exatamente igual porque tem muito trabalho, mas dá muita alegria. Todo dia que a gente vê as coisas acontecendo, quando a gente confirma o que imaginava, que além dos bons projetos e credibilidade a gente poderia viabilizar um volume grande de recursos para a cidade, hoje a gente constatou isso.

Palmas é a cidade que proporcionalmente mais captou recursos junto ao governo federal. Qual o volume de recursos captados até agora e o que foi fundamental para essa ação bem-sucedida?
Nós temos um volume de recursos enorme à disposição do município de Palmas, mais de R$ 1,5 bilhão em obras. Uma quantidade que é grande para qualquer lugar do mundo, para Palmas é estratosférico esse número. E de onde surgiu isso?

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Onde foram captados estes recursos e a que se destinam?
Estes recursos são resultado de uma ação política bem planejada. Primeiro, de organizar a administração; segundo, de reorganizar as nossas finanças, de colocar em dia todos os nossos compromissos, de criar desde o primeiro dia da gestão as condições para que Palmas se convertesse numa usina de projetos de altíssima qualidade. Com esses projetos em mãos e com uma administração consolidada, foi bater às portas dos ministérios, das entidades internacionais. A receptividade foi ótima e os resultados estão aí para quem quiser ver. Estamos iniciando o processo de implantação do nosso BRT. O nosso saneamento é uma realidade fantástica, nós estamos falando de R$ 270 milhões que conseguimos e que vão fazer Palmas ser a primeira capital no Brasil 100% com tratamento de esgoto, e isso me satisfaz sobremaneira. O que estamos fazendo em moradia, fora os projetos de infraestrutura, pavimentação, macrodrenagem e tanta coisa que a cidade é tão carente, mas que vamos fazer. Não é tudo do dia para a noite porque tem muita coisa a ser feita e muito dinheiro a ser aplicado, mas vamos chegar a todos os cantos da cidade. Não temos alvo preferencial das nossas ações, estamos trabalhando no sul, no norte e no centro, em todas as regiões. Queremos que as obras cheguem a todas as regiões e a partir dos próximos dias, já com o amadurecimento desses projetos e com todas essas licitações concluídas, e obviamente com o final do período de chuva. A cidade já tem inúmeras obras em andamento e ela vai se tornar uma verdadeira usina de obras em todos os cantos, essa será a marca do próximo ano de gestão. Em 20 de maio de 2015 eu quero fazer balanço dessas obras que estão sendo feitas agora. Podemos dividir a gestão em dois, os primeiros 16 meses, eu gosto de fazer o corte em 20 de maio de 2013, até este 20 de maio de 2014 que foi o ano dos embates, dos projetos, da consolidação. Quando digo dos embates é que hoje eu não poderia estar celebrando a captação desses recursos se não tivéssemos feito a lição de casa. A lição de casa era botar ordem na administração pública, nas finanças, readequar a planta de valores genéricos, tantas coisas que geram desgaste político e que dificilmente um político tem coragem de fazer, de maneira que cala. Quando o gestor não faz está pensando apenas no hoje, não percebe que os benefícios em médio prazo vão ser diferencial na sua popularidade futura. Esse primeiro ano passou, a gente fez a lição de casa, já consolidamos, nossas finanças estão em dia, nosso crédito na praça, nossa credibilidade, nossos projetos. A partir deste 20 de maio entra o prefeito empreendedor, a realizar tudo aquilo que foi planejado, que foi captado no ano anterior.

O sr. chegou ao governo de Palmas com o discurso bem articulado de uma gestão inovadora. O BRT, talvez seja a maior obra da sua gestão, é a inovação prometida?
Não. O lado inovador é a gente fazer uma cidade justa, igual para todos os palmenses. O BRT é o indutor desse processo porque o maior desafio que a gente encontrou em Palmas, era reparar a maior injustiça, que é essa separação entre as regiões sul, centro e norte. Nós tínhamos até bloqueio físico para juntar a cidade, mas isso não poderia dar certo e nos levaria no mesmo rumo de todas as cidades latino-americanas, como nos levaria no mesmo rumo de Brasília, um exemplo muito mais próximo. O que deu errado em Brasília? Tudo. Você tem um plano diretor riquíssimo, um dos lugares mais ricos do mundo, o PIB, renda per capita mais alta do planeta, e tem uma periferia com os índices terríveis e que fazem com que aquele plano diretor cada vez corra mais risco de ser atacado por uma periferia injustiçada. Palmas não vai ser dessa maneira. Esse BRT, esse indutor de união da cidade, vai fazer com que Palmas se desenvolva como uma coisa só. Esse vai ser o grande diferencial da cidade. Vai ser uma cidade que privilegia o transporte público em detrimento do veículo, uma cidade que não queira ser marcada por alguma coisa específica. Cada administração diz que tem uma marca, mas eu não quero ser lembrado pelo BRT, eu quero ser lembrado por tudo. E digo isso porque a gente satisfez as necessidades da população como um todo. Eu quero ser referência em saúde, em educação, em cultura, em esporte, em turismo, em infraestrutura, em tudo, porque a gente não vive apenas de saúde, nem vive apenas de educação, nem apenas de esporte. E se existem essas pastas é porque cada uma delas tem uma missão. Se elas todas funcionarem a contento nós vamos fazer com que o palmense seja um cidadão diferenciado de todo o resto da América Latina. Que seja um cidadão respeitado, que viva numa cidade voltada as suas necessidades básicas e a todos os seus anseios. A gente passa por essa vida para ser feliz, e ser feliz significa viver numa cidade que supra todas as suas necessidades.

O sr. afirma que o BRT é um dos projetos mais modernos e um dos melhores apresentados até então ao Ministério das Cidades. Ele também pode ser um dos melhores sistemas de transporte coletivo do país?
Sem dúvida, será o melhor do Brasil e o melhor do mundo. A gente está carregando toda uma experiência nesse BRT. Há 30 anos, quando cheguei a Curitiba (PR), já encontrei a primeira parte do BRT implantado. O Luiz (Massaro) Hayakawa, o nosso presidente do Instituto do Planejamento (Urbano de Palmas) já participava desse processo. Ele participou de outros, a instalação no Rio, o que foi planejado para Brasília, então a gente hoje tem uma experiência do que aconteceu em Bogotá (Colômbia) com a Transmilênio. Há um amadurecimento e toda uma experiência anterior para fazer muito melhor ainda. Nós estamos copiando e adicionando inovação a essa cópia. Nós queremos ser uma cópia melhorada daquilo que Curitiba fez tempos atrás, o nosso projeto vai nessa linha. Ele está sendo pensado como um todo, não é um meio só de transporte, é uma solução completa. Estamos falando do transporte do nosso Lago, para o Luzimangues, estamos falando da implantação da nossa Vila Olímpica, no coração desse sistema de transportes, dessa vila que graças a Deus já está consolidada. Estamos pensando o BRT como um todo, um sistema indutor de desenvolvimento da cidade e de aproximação das pessoas. Além da valorização imobiliária que vamos ter em toda região sul e região norte por causa desse sistema, é um negócio incalculável. Isso traz tudo, traz emprego, renda e principalmente qualidade de vida.

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O corredor também vai diminuir a pressão da especulação imobiliária para ultrapassar o limite do plano diretor, que o senhor é contra. Essa iniciativa vai fazer a cidade se conformar dentro desse perímetro urbano definido?
Estive com o presidente da Associação do Santo Amaro. Não sei se você lembra, mas uma das desculpas para aprovar a expansão do plano diretor era de que, se não aprovasse, não dava para regularizar o Santo Amaro, que os recursos destinados ao bairro estavam perdidos, ia embora esse dinheiro porque não se aprovava a regularização do plano diretor e não regularizava o Santo Amaro. Nós demonstramos que podia regularizar o Santo Amaro sem a expansão do plano diretor. Agora ultrapassamos o último dos processos para a aprovação da regularização do local. Hoje o Santo Amaro é regular, o que levou 15 meses de trabalho fazendo microparcelamento, aprovando na Câmara. Assinaremos na próxima semana a ordem de serviço para aplicar aqueles recursos que conseguimos resgatar. Então vem drenagem, macrodrenagem, tratamento de esgoto, água tratada, pavimentação de ruas, calçadas. Isso demonstrou primeiro que para efeito de regularização não era necessário expansão do plano. E mostrou o que aconteceu e que é visível, especular hoje em Palmas deixou de ser o grande negócio que era, ainda é um bom negócio porque o cara pode segurar o seu terreno, pagar o seu IPTU e esperar mais uns anos, só que o IPTU agora é mais condizente com o valor do imóvel.o imposto está punindo quem especula porque a alíquota passa de 0,5% do imóvel construído para até 2,5% quando é lote vazio. Hoje nós temos filas diárias querendo construir, Minha Casa, Minha Vida I e II, loteamentos, prédios porque o especulador vai ser punido no que mais dói, o bolso. Então hoje não temos nenhuma pressão vinda da questão da expansão do plano diretor, isso acabou e ninguém fala mais porque a cidade percebeu que aquela atitude era certa, que a gente tinha que implantar o nosso IPTU progressivo, que tínhamos que fazer atualização da planta de valores. Especular não é pecado, é uma atividade comercial como qualquer outra, mas o custo disso tem que ser pago através do imposto que toda sociedade merece. A propriedade privada é sagrada, agora o uso da terra exerce uma função, muito mais no coração de uma cidade.

Como avalia as críticas de vereadores ao BRT? É falta de conhecimento ou de postura política?
Eu não posso entender como alguém poderia apostar contra a nossa cidade, o que se lucra com isso? Tecnicamente não existe nenhum questionamento vindo de ninguém, porque isso foi discutido, rediscutido, mostrado e todo mundo percebe que tecnicamente nós colocamos o melhor do mundo para defender. Então não vai ser um professor de geografia (vereador Júnior Geo) que vai me dizer que tem uma solução melhor, se tiver que traga que a gente adota. Eu vou procurar os melhores, onde tiver o melhor do mundo eu vou atrás, eu fiz isso e quem tiver uma ideia melhor que traga que a gente assume essa ideia. Agora alguém me falar que vai começar ou não vai começar, eu espero que nenhum cidadão palmense esteja torcendo contra a cidade. Eu tenho um projeto aprovado, recursos garantidos e alguém vai trabalhar contra? Isso é trabalhar contra o Amastha ou é trabalhar contra a cidade? Quero ver o dia em que a gente vai colocar a pá de cal em cima das pessoas que fazem política dessa maneira. Rapaz, vai trabalhar! Faça pela cidade alguma coisa e diga que fez mais que o Amastha, agora dizer que vai atrapalhar o prefeito?

Qual a sua maior frustração na gestão pública, a crítica infundada é o lado perverso da política?
Não é só da política, não. Mas o Tocantins está enterrando isso. Começamos a enterrar isso em Palmas e acho que vai enterrar no Estado. Não é por aí, você viu que momento fantástico que estamos vivendo com o governo do Estado. Na entrevista que você fez (com Melck Aquino) foi péssimo o raciocínio do seu entrevistado. Será que as pessoas não podem entender que eu fui eleito não para fazer politicagem, mas para fazer gestão? Eu fui eleito para administrar essa cidade. Como eu poderia? Quando fui eleito, a primeira declaração do ex-governador José Wilson Siqueira Campos foi que Palmas tinha perdido muito com minha eleição. Qual foi a minha primeira declaração? Que eu quero trabalhar com o governo do Estado. Você acha que Palmas merecia quatro anos de costas para o governo do Estado porque o prefeito se diz ideologicamente contrário ao governador? Não, meu amigo, Palmas não merece isso, o Tocantins não merece isso. A minha obrigação é procurar parceria com todos aqueles atores que podem colaborar com o desenvolvimento da minha cidade. A política deixa pra lá, a gestão é um caminho para a política, sem dúvida. A gestão pode abrir isso, mas não o contrário. Isso vai diminuir muito na media em que a população vai entendendo essa atitude, entendendo que legislar é uma coisa e executivo é outra. Executivo tem a obrigação de procurar todas aquelas forças que possam colaborar na sua gestão, trazer recursos e viabilizar aquilo que é fundamental. Eu vou fazer isso durante os quatro anos, 24 horas por dia. Qualquer política que se diga, aliás o adversário que queira colaborar com a nossa administração, nós vamos estar abraçados.

to8O que motivou o seu apoio ao governador Sandoval Cardoso, que foi criticado pela oposição?
Depois que eu fiz isso (declarou apoio) veio um comunicado de 90 prefeitos e todos foram atrás, eu puxei a penca e todos os prefeitos entenderam o que eu disse. Eu e todos os prefeitos ficamos durante 15 meses, desde que fomos eleitos, ouvindo promessas de um governo que não cumpriu absolutamente nada, mas nós tínhamos muitas coisas avançadas, e tudo aquilo que falamos que iríamos fazer nada aconteceu. Ora, eu vou torcer para que entre uma pessoa que não seja do grupo que estava no comando do Palácio para que assuma o governo? Há a possibilidade de um governador que entre e não passe quatro a cinco meses antes de assinar qualquer coisa, vendo o que ele recebeu? Isso não existe, é impossível e ninguém chega com a caneta carregada. Primeiro vai ter que revisar as contas, fazer auditoria, construir um novo secretariado. Está faltando quantos meses para acabar esse governo, meu amigo? E quando o cara estiver organizado, acabou o governo, e tudo aquilo que o outro tinha prometido morreu. Eu preferi fazer o quê? Falar é continuísmo renovado, você criticou isso. A análise que você fez é a certa, mas você não me perguntou o que eu queria dizer com isso. Eu queria dizer que os mesmos que estão no Palácio continuam, com a diferença que vem com sentimento renovador, o homem está cheio de gás, cheio de energia, cheio de vontade de fazer as coisas, tanto que na Agrotins assinou tudo aquilo que eu tinha trabalhado com Eduardo Siqueira Campos e que não tínhamos conseguido evoluir absolutamente nada. Agora está tudo assinado e começou a acontecer. Aquele dinheirinho na saúde começou a ser depositado. Pode ser uma frustração, sem dúvida, mas eu não poderia tirar essa oportunidade de Palmas.