Os namoros na janela (partidária)
25 março 2018 às 00h00

COMPARTILHAR
Há partidos e políticos muito assediados, mas também há aqueles desinteressante demais para serem cortejados
Em época de janela eleitoral, a troca de partidos pelos políticos – algumas até inimagináveis – assemelha-se a um grande baile de gala, tão comuns há duas ou três décadas. As moças, com seus melhores vestidos e maquiagens, à espera de cavalheiros que lhes chamassem para dançar, flertar e conversar, nem que fosse de forma rápida, durante o enlace.
Em território tocantinense não é diferente: Os partidos adotam a mesma postura dos candidatos.
A deputada federal Josi Nunes, por exemplo, em razão da incompatibilidade de ideias com a cúpula nacional do MDB, flertou, dançou e já marcou o casamento com o Pros na próxima terça-feira, 27, em Brasília. Em contrapartida, o deputado estadual Eli Borges, presidente regional da sigla, já manifestou seu interesse em se desligar e abdicar do cargo, contudo, não é possível afirmar que isso tenha relação com a chegada da ex-emedebista. Borges, atualmente, conversa com o SD e também com o Rede.
Por falar no partido de Marlon Reis, pré-candidato ao governo do Tocantins, a sigla filiou no último dia 19, em Brasília, a ex-prefeita de Palmas e ex-deputada federal Nilmar Ruiz, afastada da política há alguns anos. A ficha de filiação foi abonada pela presidenciável Marina Silva (AC).
Se o abono de presidenciável vale alguma coisa, o tucano Geraldo Alckmin (SP) assinou a ficha de filiação do deputado estadual Osires Damaso, ex-presidente da Assembleia Legislativa e exatamente em razão da desfiliação, tornou-se ex-presidente estadual do PSC. Entretanto, o PSDB, comandado no Tocantins pelo senador Ataídes Oliveira, quer mais, muito mais. Ele “flerta” com a deputada estadual Luana Ribeiro, que já disse que não fica no PDT, certamente pela iminente chegada da senadora Kátia Abreu, cuja filiação ocorrerá em Palmas, na segunda-feira, dia 2 de abril, com a chancela e presença do presidenciável Ciro Gomes.
Pois bem, o certo é que Ataídes ofereceu, inclusive, “dotes” para firmar o compromisso matrimonial, ressaltando que caso Luana vá para o partido, colocará vários prefeitos à disposição dela, ou seja, muitos líderes vão pedir votos visando a reeleição da parlamentar. Cá entre nós: para quem conta, no momento, apenas com o prefeito da cidade de Pedro Afonso, a proposta é tentadora…
Talvez por sua história e genética política (filha do senador João Ribeiro), Luana tem o “passe” valorizado e também é disputada pelo presidente estadual do PR, senador Vicentinho Alves. Mas essa hipótese é um tanto quanto improvável: Luana já saiu do PR em 2016, justamente em razão de disputas internas, e seus adversários ainda permanecem por lá, entre os quais o prefeito Ronaldo Dimas.
Já o PV, presidido pela vice-governadora Claudia Lelis, filiou no dia 16, o titular da Secretaria Estadual da Administração, Geferson Barros, como também, o arquiteto responsável por planejar Palmas, ainda em 1989, Walfredo Antunes. O secretário deve disputar espaço na Assembleia Legislativa ao lado da própria presidente estadual da legenda e, Antunes, o cargo de senador.
Na mesma linha de coligações e articulações políticas, o ex-governador Siqueira Campos e seu filho, Eduardo, ambos filiados ao DEM, já declararam apoio irrestrito ao prefeito de Araguaína e pré-candidato ao governo do Estado do Tocantins. “Até o dia 7 de abril deste ano, eu tenho compromisso com prefeito Ronaldo Dimas (PR). Se ele for candidato, estarei ao lado dele; se ele não for candidato, eu volto a analisar o quadro e está tudo em aberto. Mas, com o prefeito Ronaldo Dimas, eu dei a minha palavra juntamente com o meu pai”, afirmou Eduardo.
Os bastidores indicam que o DEM também tem feito acertos para conseguir arregimentar filiações de peso, mesmo porque a deputada federal Professora Dorinha goza de muito prestígio junto aos prefeitos tocantinenses, em razão de sua atuação parlamentar. A sigla promete se fortalecer até o fim da janela de transferências.
Enfim, quase todo mundo tem namorada(o), quase todo mundo flerta, quase todo mundo contrai matrimônio. Menos o PSB tocantinense, que não conversa com ninguém, ou pelo menos não se tem notícia da troca de alianças com aspirantes importantes. O Podemos é praticamente seu único aliado, mas a história dessa aliança e em quais circunstâncias ela se deu, talvez assuste o leitor mais desavisado.
É melhor voltar à história do baile para, metaforicamente, emprestar ao PSB do Tocantins a imagem da moça que outrora era linda, mas virou uma “titia” desinteressante. É praticamente impossível para ela flertar com quem quer que seja, pois seu pai é um imigrante ranzinza, que abusa do poder econômico, além de falastrão, agressivo e arrogante, características que acabam por “espantar” todos os possíveis pretendentes .