O que eles pensam fazer pelo Tocantins?
26 julho 2014 às 09h28
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Qualquer que for o governador eleito terá um grande desafio pela frente: aplicar um choque de gestão que leve o Estado a recuperar a sua capacidade de investimento e assumir a condição de indutor de um novo ciclo de desenvolvimento
Ruy Bucar
Não é segredo para ninguém que o Tocantins vive uma grave crise de falência da gestão pública com forte impacto na sua economia. Os comerciantes sentem na pele os efeitos de um governo desastroso, fazem um balanço altamente negativo desses últimos quatro anos e apontam a gestão pública como responsável pela queda nas vendas e recuo da economia. Dizem que quando o governo não vai bem todos os outros setores da economia sentem as consequências, especialmente o setor produtivo, que perde competitividade.
Os economistas classificam o cenário local como quadro de desequilíbrio econômico-financeiro do Estado, com aumento exagerado das despesas de custeio e redução drástica da capacidade de investimento, aumento da dívida pública e do déficit da previdência social. Uma anomalia resultado da falta de visão de gestores, que movidos por interesses eleitorais colocam em risco a governabilidade, o que leva à crise e à recessão. Alertam que a situação do Tocantins tende a se agravar com os riscos de instabilidade em nível nacional. O Tocantins, que é extremamente dependente do repasse de recursos do governo federal, chegou a perder mais de 30% de receita com a isenção de impostos da linha branca.
Pesquisas de opinião pública encomendadas pelos partidos e veículos de comunicação têm apontado com bastante nitidez o sentimento de mudança da sociedade tocantinense. Profissionais de marketing que trabalham com análises desse tipo de informação garantem que pelos dados se observa que o eleitor não quer apenas mudar de perfil de gestor, mas mudar o modelo de gestão e, por extensão, a prática política que é vista como a fonte do desequilíbrio administrativo.
Pelo discurso os seis candidatos ao governo do Estado — Marcelo Miranda (PMDB), Sandoval Cardoso (SD), Ataídes Oliveira (Pros), Joaquim Rocha (PSol), Carlos Potengy (PCB) e Luis Carlos (PRTB) — parecem comprometidos com as mudanças que a sociedade aspira, às quais eles tiveram conhecimento por meio das pesquisas. O termo mudança já impregnou de tal forma no contexto geral do pleito que se pode prever que será a palavra-chave da campanha.
Talvez por isso torna-se necessário observar com maior cuidado o que cada candidato quer dizer com mudança. Pelo que observamos cada um tem a sua forma de ver e de explicar como vai realizar a mudança em seu governo. Poucos seguramente terão condições reais de operar as mudanças que a sociedade exige. O que está no governo, por exemplo, se tivesse que fazer mudança faria agora e não teria que esperar vencer as eleições.
O discurso mais apelativo neste sentido é que o que menos sugere mudança. E é curioso observar que o governador Sandoval Cardoso é o primeiro caso de alguém que está no governo e discursa como oposição, pregando mudança. Um efeito de marketing que peca pelo excesso. Uma contradição fácil de ser notada e contribui para banalizar o termo, tirando a sua real importância. No palanque fala de mudança, no governo garante o continuísmo.
O senador Ataídes Oliveira vê na mudança a oportunidade de superar um modelo de administração que já não consegue mais dar resposta positiva em termos de desenvolvimento do Estado. O candidato defende que é preciso adotar um verdadeiro choque de gestão acompanhado de medidas de austeridade que sejam capazes de promover mudanças substanciais, como redução do tamanho da máquina com corte no número de cargos em comissão e recuperação da capacidade de investimento do Estado.
Ataídes tem consciência de que será um sacrifício muito grande, mas garante que não tem outro caminho para recuperar o equilíbrio das contas do Estado. O candidato é contundente em sua fala. Diz que é preciso um grande esforço para salvar a máquina pública, levaa à falência por irresponsabilidade dos governantes. Ele afirma que têm planos e ideias para retomar o desenvolvimento do Estado com o serviço público sendo suporte estratégico.
Marcelo Miranda é visto pelo o eleitor como o candidato que melhor representa a capacidade de mudança que a sociedade espera. O candidato tem uma receita simples: adotar medidas de austeridades como enxugamento da máquina administrativa, descentralização da administração, sem prejudicar os servidores, e ampliação dos recursos para investimentos. Ele fala em retomada das obras estruturantes, incentivo a industrialização e retomada de programas sociais que atendem os mais carentes e incremento da gestão, que tem reflexo direto no aquecimento da economia.
O médico Joaquim Rocha diz que é preciso mais do que mudança, é preciso reinventar a gestão com projetos criativos e inovadores que possam recuperar a credibilidade do serviço público. Ele prega também uma profunda mudança na prática política, trocando o paternalismo pela participação popular, que dá transparência e maior agilidade ao serviço público, além de forte combate a corrupção, o que segundo ele é a origem de todas as mazelas da gestão pública do Estado.
O jornalista e historiador Carlos Potengy explica que a maior contribuição dos comunistas nesta disputa é oferecer uma opção nova de transformação para o Estado. O candidato cita como proposta a formação do poder popular que permite ao cidadão ser agente de transformação da sua própria história. Para Potengy os comunistas entendem que a melhor mudança é por meio da educação. Educar a sociedade para que ela seja o sujeito de transformação da sua realidade.
O advogado Luis Cláudio anuncia que a prioridade do seu governo são as áreas da saúde e da segurança pública. Ele diz que é preciso acabar com o descaso com a população e má aplicação dos recursos públicos, segundo ele só isso explica o aumento de investimento na saúde e que não se traduz em qualidade do atendimento, pelo contrário, a cada dia o serviço piora. O candidato garante que irá fazer um trabalho de integração das polícias para melhorar a segurança pública, que “virou caso de polícia”.