“O PT vai disputar o 2º turno no Tocantins, provavelmente com Wanderlei”
10 julho 2022 às 00h00
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Suplente de senador prevê que Mourão vai para o segundo turno e com o apoio do presidente Lula pode vencer as eleições
O suplente de senador Donizete Nogueira, militante histórico do PT do Tocantins, avalia que a visita do pré-candidato à Presidência da República Luiz Inácio Lula da Silva ao Estado, prevista inicialmente para acontecer em julho e agora agendada para o início de agosto, pode embalar a pré-candidatura do ex-deputado Paulo Mourão (PT) ao governo. Ele observa que Mourão tentou pelo menos duas vezes ser candidato em outras ocasiões e não conseguiu. “Agora é o inverso, as circunstâncias exigem ter candidatura, além da percepção que temos de que o PT deveria voltar a se posicionar no cenário estadual como um agente político que tem uma proposta para o Estado”, comenta.
O dirigente aponta que a visita está sendo esperada com muita expectativa pela militância da federação PT, PV e PCdoB. “Esperamos que a visita do presidente Lula seja um momento de muita confraternização democrática; que a gente possa atrair outros setores, tanto para a pré-candidatura do presidente Lula, quanto para o companheiro Paulo Mourão e que esse seja o pontapé inicial do novo momento eleitoral que vamos viver, que é a eleição propriamente a partir de 5 de agosto, quando termina o prazo das convenções”, comenta o líder petista.
O suplente de senador defende que o Tocantins precisa superar o ciclo da improvisação para iniciar um novo ciclo de planejamento que seja capaz de recuperar a capacidade de desenvolvimento do Estado. “A gente precisa vencer esse ciclo do siqueirismo e iniciar um novo ciclo no nosso Estado. E que a gente possa planejar o Estado com ações de curto, médio e longo prazo. O Estado foi governado até agora meio por eventos. Um evento vai sucedendo o outro e vai levando, um governador não termina e entra outro, com outro ritmo”, ressalta.
Donizete Nogueira está confiante de que Paulo Mourão irá para o segundo turno e cita números de pesquisas internas que apontam a boa projeção do pré-candidato. “As pesquisas trazem informações qualitativas e, nesse sentido, nos dá conta que nós vamos disputar o segundo turno, provavelmente com Wanderlei. Não podemos desconsiderar que, em torno do Ronaldo Dimas, tem uma aliança forte, mas o vínculo dele com o bolsonarismo vai tirá-lo do segundo turno, no meu ponto de vista”, destaca Donizete Nogueira.
Nesta entrevista exclusiva ao Jornal Opção, o dirigente petista fala sobre a estratégia eleitoral do partido para estas eleições, a participação do ex-presidente Lula na articulação da pré-candidatura de Paulo Mourão e a construção de uma frente ampla e palanque único dos partidos que integram a base de apoio ao presidente Lula.
“Candidatura de Paulo Mourão é necessária para o PT se reposicionar no Tocantins”
Como está sendo organizada a visita do presidente Lula ao Tocantins?
Essa visita faz parte da estratégia de consolidação da candidatura do companheiro Paulo Mourão, que começa com o encontro entre o Paulo e o presidente Lula, em Brasília, no ano passado. O encontro colocou o PT do Tocantins na agenda eleitoral. O entendimento que se seguiu criou as condições de o PT participar dessa agenda numa condição muito singular. Estamos falando do presidente Lula, que desde aquela data vem liderando as pesquisas de intenção de voto. Depois disso, nós tivemos a entrevista dele a uma emissora de rádio do Tocantins, o que reposicionou a questão do Paulo como pré-candidato a governador com apoio de Lula, dando um recado geral para a militância do partido que às vezes tinha dúvidas. Aproveito para fazer um registro que todas as vezes que o Paulo foi pré-candidato e a candidatura foi retirada não foi uma questão dele, mas por questão conjuntural que o partido precisou retirar o seu nome. Agora, por dois aspectos este projeto se concretiza.
A candidatura do Paulo Mourão é necessária para o PT se reposicionar no Estado. Nós vimos aí desde da criação do Estado com candidaturas próprias. Tivemos Osvaldo Alencar, em 88; tivemos o Célio [Moura) em 90; o Dr. Neilton [Araújo], em 94; Célio Moura novamente em 98; depois em função das necessidades conjunturais e também das demandas das candidaturas em nível nacional, a gente construiu aliança para ajudar no processo eleitoral. Então o Paulo não retirou [sua candidatura] por decisão própria, mas por questões conjunturais. Agora é o inverso, as circunstâncias conjunturais exigem ter candidatura, além da percepção que temos de que o PT devia voltar a se posicionar no cenário estadual como um agente político que tem uma proposta para o Estado.
O perfil do Paulo Mourão que é um político de centro, também se tornou estratégico para o PT, nestas eleições?
Eu quero voltar um pouquinho atrás. Em 2003 nós fizemos um movimento de abertura do PT. Quando a gente trouxe o Raul Filho para disputar a prefeitura de Palmas, como trouxe o companheiro Paulo Mourão para disputar a prefeitura de Porto Nacional, já em 2004. Nós fizemos esse movimento de abertura. Porque o PT é um partido de massa. É um partido socialista, mas de massa. Isso permite ao partido, nas movimentações que a conjuntura exige, alargar um pouco mais o seu espectro ideológico, da esquerda para o centro para fazer a disputa naquele momento histórico. Não vejo o companheiro Paulo Mourão como um homem esquerdista, mas o vejo como um humanista, como um homem de centro-esquerda. O Paulo está engajado na luta do Partido dos Trabalhadores já de muito anos. Tem sempre defendido as propostas do partido no que diz respeito ao modelo de desenvolvimento para o Tocantins. Então, tal como em 2003 e 2004 a gente fez um movimento de abertura do partido. Nesse momento está se fazendo um movimento em nível nacional pela necessidade histórica de ampliação. Mas não vejo o Paulo como processo de ampliação, mas como quadro de dentro da casa do PT que tem defendido a proposta que o partido tem para o país, de inclusão social, de inserção de todas as camadas sociais na vida e no orçamento do país. O Paulo não é mais uma necessidade para o partido ampliar, mas é uma necessidade para o partido se reposicionar no Estado com um projeto de desenvolvimento que vem ficando distante já ao longo de três ou quatro eleições.
Qual é a expectativa do partido com a visita do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva?
Esperamos que a visita do presidente Lula seja um momento de muita confraternização democrática; que a gente possa atrair outros setores, tanto para a pré-candidatura do presidente Lula, quanto para o companheiro Paulo Mourão e que esse seja o pontapé inicial do novo momento eleitoral que vamos viver que é a eleição propriamente, a partir de cinco de agosto, quando termina o prazo das convenções. Será um momento de muita alegria, momento de revigorar a militância petista, queremos ganhar toda a militância de esquerda. Estamos discutindo com outros partidos de esquerda, queremos conquistar setores de partidos já que não é possível certos partidos, pelo menos setores desses partidos.
“A possibilidade de ganharmos no primeiro turno existe”
As pesquisas apontam alguma possibilidade de Lula vencer logo no primeiro turno. Qual é a estratégia do PT para resolver a eleição no dia dois de outubro?
A possibilidade de ganharmos no primeiro turno existe, mas também de também de não ganharmos no primeiro turno. Eu acredito que agora é trabalhar. O presidente Lula vem conduzindo de forma muito equilibrada, a cada dia colocando mais um tijolo nesta construção de uma força política que possa vencer a barbaria que está aí instalada. Então a gente precisar fortalecer essa construção, trabalhado muito e trabalhando positivamente, fugindo da polarização. Essa questão da polarização existe. Só não teve polarização na eleição de 1989, a primeira eleição para presidente da República, após a reabertura política. Sempre foi PT e PSDB, só que a disputa entre PT e PSDB era uma disputa de projeto. Era uma disputa onde o ódio não exalava. A disputa era entre um projeto do neoliberalismo que foi um desastre e outro projeto que continua defendendo o nacional-desenvolvimentismo, com inclusão social e soberania do país. Que há de considerar que durante o governo Lula e o que estamos vivendo agora de submissão e falta de amor próprio de nação era inimaginável. Então existe uma polarização hoje que sempre existiu. Só que agora a polarização é ou você está do lado da democracia ou do lado da barbaria. Do lado da violência, do lado da morte, do lago da mentira, porque este é o governo da mentira. Os analistas conseguiram mapear que o [presidente Jair] Bolsonaro conta sete mentiras por dia. É até irônico. Essa polarização requer de nós muita tranquilidade, capacidade de acolhimento do diferente. Era inimaginável a quatro anos atrás [Geraldo] Alckmin, que estes tucanos de alta plumagem viessem com o Lula, com o PT e outros partidos. O PSDB era outro partido, outra ponta de lança do projeto de disputa. Então a gente para consolidar a eleição no primeiro turno, que é extremamente necessário, com a diferença significa, para ver se a gente aplaca esses arroubos golpistas a gente vai ter que continuar trabalhando muito e acolhendo aqueles que em algum momento foram responsáveis pelo confronto.
Qual é a contribuição do Tocantins que sempre prestigiou o PT em votação para presidente da República?
A gente perdeu algumas eleições no Tocantins até ganhar a primeira, depois não perdemos mais. A responsabilidade do PT do Tocantins é conseguir neste cenário que está aí que você tem um candidato do PL que é o partido do presidente da República; é importante fazer um parêntese que é a primeira vez na história do Brasil que um presidente disputa com um ex-presidente, isso também é uma novidade. Diante da nossa responsabilidade, em tendo um represente do presidente Lula e Alckmin, nós temos que construir o nosso. Nós precisamos ampliar esse palanque. Nós gostaríamos muito de ter outros partidos conosco que em outros momentos foram fundamentais para o país. Nós gostaríamos de contar com o PDT, a gente quer ter o PSB alinhado num palanque só com a gente, já que a nacional tem o vice; queremos chegar às convenções ampliando com PSB, PDT, PSOL e REDE. Então a responsabilidade da atual direção e do pré- candidato a governador é com sabedoria, ir costurando a possibilidade de trazer para um palanque único para que a gente possa contribuir com a vitória do presidente Lula, que segundo as pesquisas, mantém uma vantagem significativa frente ao atual presidente.
A federação Brasil da Esperança tem um problema do Tocantins, os deputados se mantêm na base do governo, com vai ser na campanha; aproveito para perguntar o que explica que o Tocantins não ter oposição, todos os deputados querem ser governo?
Em outros momentos o PT conseguiu ser oposição aos governos sem ser sectário, sem ser panfletário. A deterioração da política no nosso Estado, assim como no Brasil, levou a essa geleia geral que estamos vivendo. Tem oposição, mas é aquela coisa sem senso de responsabilidade. Veja bem, um governador não termina o mandato, aí assume um já na reta final, todo mundo quer ajudar a dar certo para o bem do Estado. Então é um pouco isso. Agora também, não podemos passar a mão na cabeça, tem a expectativa de eleição de cada partido, e até o momento não se vislumbrava uma candidatura do PT, está disputando o governo do Estado como está, entre as três principais candidaturas. Nós temos quatro. Você tem a candidatura do Palácio Araguaia; você tem a candidatura do Palácio do Planalto, que é do Ronaldo Dimas, ligadíssimo ao Bolsonaro; você tem as candidaturas do Paulo Mourão e do [Osires] Damaso. Essa situação não dava, há três meses atrás, a não ser para alguns como eu, o [ex-deputado José] Santana, Paulo Mourão de que o movimento que estava acontecendo no Brasil também iria acontecer o Tocantins. Que o Lula iria conseguir puxar o nosso candidato até pelo histórico do Paulo, que não é uma pessoa anônima, é uma figura conhecida e respeitada no Estado e que a gente chegaria na condição de disputar o governo. E hoje estamos os colocando nesta condição. Por isso, uma vez que a legislação impede desses partidos subir no palanque diferente da federação, esses parlamentares vão estar todos juntos no palanque só com Paulo Mourão e Lula.
Paulo Mourão já aparece em algumas pesquisas acima dos dois dígitos, como o sr. avalia esse percentual de intenção de voto?
Nós temos as nossas informações internas. Nós fizemos pesquisa em dezembro, fizemos uma agora no início do mês de junho, e as informações que os números trazem, foi uma pesquisa feita pelo instituto Vox Populi, encomendada pela direção nacional, nós conseguimos superar a barreira, não é dos dois dígitos não, mas de dos 20%. Nós hoje somos o segundo colocado empatado tecnicamente com o terceiro, nas nossas informações internas. A pesquisa traz informações qualitativas e neste sentido nos dá conta que nós vamos disputar o segundo turno, provavelmente com o Wanderlei. Não podemos desconsiderar que em torno do Ronaldo Dimas tem uma aliança forte, o vínculo dele com o bolsonarismo vai tirá-lo do segundo turno, no meu ponto de vista. As pesquisas nos dizem que estando no segundo turno, no patamar que está a aceitação do presidente Lula no Tocantins, nós podemos vencer as eleições no Estado.
“Pode haver surpresa de último momento em que a gente traga pessoas que estão em outras frentes ou em outros campos”
Como vai ser a composição da chapa majoritária, qual vai ser a participação dos partidos da federação PV e PCdoB?
Primeiro, nos propusemos consolidar a candidatura do Paulo. Ela está consolidada. Ela está com potencial eleitoral evidente. Segundo, estamos trabalhando junto com a federação nacional uma melhor composição dessa chapa nossa. E como tudo que está aí parece que é, mas ainda não é, pode haver surpresa de último momento em que a gente traga pessoas que estão em outras frentes ou em outros campos, para a nossa chapa. Penso que a gente entra agora na composição da chapa majoritária. Então será feitos esforços junto à federação porque o funcionamento da federação ocorre muito em nível nacional. A federação é uma operadora das decisões em nível nacional. A gente entra no mês de julho nesta etapa majoritária que ser uma chapa muito forte. Tem uma coisa que essa eleição traz de diferente para nós. Ela está sendo decidida de cima para baixo. Não das decisões partidárias, mas do eleitor. O eleitor decidiu quem que ele quer para presidente e esse presidente vai puxar, principalmente governadores e senadores. No patamar que está o presidente Lula candidatos a senador que estão em outro campo que podem relação conosco podem vir para o nosso palanque. Porque é a situação mais favorável a eleição de um senador é está apoiando o presidente Lula e para levar o apoio do PT precisa estar no palanque do Paulo Mourão.
“Esse momento crucial requer a experiência do presidente Lula e a capacidade de gestão do companheiro Paulo Mourão”
O que o sr. gostaria de acrescentar de importante que deixamos de abordar?
Só queria dizer que estamos em um momento crucial do nosso país. E que é também muito crucial para o nosso Estado. Com todo respeito com a contribuição que o governador Siqueira Campos deu ao nosso Estado, ninguém pode apagar a história dele, mas a gente precisa vencer esse ciclo do siqueirismo e iniciar um novo ciclo no nosso Estado. E que a gente possa planejar o Estado com ações de curto, médio e longo prazo. O Estado foi governado até agora meio por eventos. Um evento vai sucedendo o outro, e vai levando. Um governador não termina e entra outro, com outro ritmo. Nós estamos precisando planejar o nosso Estado para os próximos 30 anos, romper esse ciclo de governar por evento para passar a governar por planejamento. Mas esse próximo período a gente precisa preocupar com a comida na mesa das pessoas, o emprego para as pessoas, com a segurança, o que vai exigir muita capacidade de trabalho e como eu disse no início, estamos vivendo um momento muito crucial em nosso país, precisamos romper com esse ciclo da concentração de renda e voltar a distribuir renda para que o país possa se desenvolver. A eleição do presidente Lula e a eleição do Paulo aqui no Estado é muito importante para o momento que a gente vive no país e no Estado do Tocantins. Eu creio muito nisso. Eu creio que as coisas vieram para acontecer depois dessa tempestade pelo qual passou o presidente Lula não é pouco. Abriram 24 processos contra ele, foi inocentado nos 24. Os dois que ele havia sido condenado os juízes não viram condições de continuar com os processos, pela falta de materialidade. Depois de tudo isso, esse momento crucial requer a experiência do presidente Lula e a capacidade de gestão do companheiro Paulo Mourão.