Após a virada do ano, as articulações se intensificaram e a tendência é que nem todos os postulantes atuais se mantenham na disputa e que outros nomes surjam

Prefeitura de Palmas: muita gente de olho | Foto: Secom / Prefeitura de Palmas

Assusta o eleitorado o número de pré-candidatos a prefeito em Palmas. A cada dia uma nova figura que, muitas vezes, não está nem mesmo filiada a uma sigla partidária, até o momento. Haverá filiações, troca de partidos, conjecturas e articulações até o final do prazo, que se finda no início de abril de 2020.

Tiago Andrino (PSB) será o candidato do ex-prefeito Carlos Amastha. Isso restou definido após a saída do concorrente Alan Barbiero do partido. Se havia algum senão, acaba de ser desfeito e Amastha já “colocou o bloco na rua” disposto a eleger seu escolhido e, mais do que isso, derrotar a “traidora” Cinthia Caetano, como ele gosta de discursar. Amastha se dispôs, inclusive, a disputar o cargo de vereador na capital, não apenas para fortalecer a chapa do seu candidato, como também para ter um palanque em 2021 e 2022, porque já percebeu que as redes sociais não lhe dão a audiência que gostaria de ter.

A verdade é que, mesmo considerando sua competência e comprometimento com a coisa pública, não será tarefa nada fácil para o pessebista Andrino – mesmo com o irrestrito apoio do seu líder – porque se o ex-prefeito consegue transferir-lhe uma grande quantidade de votos, também consegue transmitir-lhe, na mesma proporção, sua rejeição.

Já Barbiero, mesmo que ainda admirador do trabalho de Amastha à frente da Prefeitura de Palmas, deixou o PSB após constatar que não teria chances de lançar seu nome para a disputa. Migrou para o Podemos, partido liderado por um dos grandes expoentes da política tocantinense: Ronaldo Dimas, prefeito da próspera Araguaína. Por mais incrível que possa parecer, Alan entra na corrida eleitoral com grandes chances, após essa tacada de mestre. Por sua rejeição ser insignificante, ter passado glorioso como gestor e conseguir expressar suas ideias com facilidade, pode se tornar o elemento novo na eleição de Palmas. Uma opção para todos aqueles que abominam os velhos políticos ou não querem reeleger aqueles que estão no poder.

Por falar no exercício do poder, Wanderlei Barbosa (Progressistas) e Cinthia Ribeiro (PSDB) encaixam-se no contexto. O primeiro é vice-governador e a performance do Palácio Araguaia durante o período eleitoral pode determinar seu sucesso ou seu fracasso. Barbosa é articulado, inteligente, discursa fácil e sabe fazer política como ninguém. Não há um só político no Tocantins que tenha 30 anos de mandatos consecutivos, como Wanderlei tem, e isso, logicamente, é fruto de sua capacidade de arregimentar votos e poder de convencimento.

Já a segunda é a prefeita Cinthia Ribeiro, uma das herdeiras do legado do ex-senador João Ribeiro. O que era para ser um sucesso, em termos de articulação política, revelou-se como fracasso e Cinthia não tem em sua base sequer 10 entre os 19 vereadores, capazes de votar de forma uníssona em suas proposituras. Cinthia não conseguiu também, até a presente data, ser a candidata do seu próprio partido ao cargo que atualmente exerce.

Há uma briga declarada com o ex-senador Ataídes Oliveira e, em que pese o diretório nacional dizer que sua reeleição é prioritária para os tucanos, as palavras não se transformam em atitudes e Ataídes continua lhe desafiando, dia após dia, demonstrando-lhe sua falta apoio e representação na própria sigla. Algumas “línguas ferinas” desconfiam até que, analisando bem o comportamento da prefeita, ela sequer lançaria candidatura. É uma incógnita em que pese ela ser candidata natural a reeleição.

O deputado estadual Junior Geo (PROS), assim como Barbiero, mostra-se um candidato combativo, dissonante, aliado às massas estudantis e a um eleitorado denominado “consciente”. Ambos precisam atingir as massas. O eleitorado que os dois já conquistaram é fiel e não se deixa vender, mas para ganhar uma eleição majoritária é preciso atingir a massa pobre, que vive e sobrevive às margens da sociedade, em bairros pobres desprovidos das estruturas e serviços públicos comuns ao centro da cidade.

Geo precisa, portanto, na sua primeira tentativa para se eleger a um cargo executivo, muito mais que todo fundo eleitoral do PROS/Tocantins. É necessário rodar a periferia, gastar a sola do sapato e mostrar que não é o candidato da elite pensante.

Já o ex-prefeito Raul Filho é uma incógnita. Não há pistas sobre qual partido o abrigará e nem tampouco qual o grupo político ele se vinculará. Pelo seu mais absoluto silêncio e ostracismo, não é possível, pelo menos por enquanto, tecer quaisquer previsões sobre Raul, em que pese muitos acreditarem que ele tem forças para se reerguer, baseado nos 31,43.% de votos válidos obtidos na eleição de 2016, mesmo estando inelegível.

Outros, por enquanto apenas “interessados” no processo eleitoral e dependendo de articulações ou suportes monetários, surgem neste cenário: o pevista e ex-deputado estadual Marcelo Lelis, o vereador Milton Neris, o empresário Gil Barison, o médico e ex-vereador Joaquim Rocha, o delegado Hudson Guimarães, entre outros. Naturalmente, haverá ainda um candidato do PT, que nem mesmo o partido sabe – no momento – quem é, mas que será lançado, obedecendo a ordem da direção nacional, de ter um candidato petista em cada uma das capitais do país.