Médico Luciano Teixeira entra na disputa, MDB se aproxima de Dimas e Agir 36 cogita candidatura de Carlesse ao Senado

Palácio Araguaia, sede do governo de TO | Foto: reprodução

Nos últimos dias a corrida pelo Palácio Araguaia ganhou novos contornos que podem alterar o quadro da disputa. O médico Luciano Teixeira, foi apresentado como candidato pelo partido Democracia Cristã (DC), antigo PSDC. O médico ainda não confirmou se aceita ou não a indicação do partido, que o considera pré-candidato. O MDB reelegeu Marcelo Miranda presidente e deu indicativo bem claro de que pode marchar com o PL de Ronaldo Dimas e o UB da deputada Dorinha Seabra, pré-candidata ao Senado. Wanderlei Barbosa (Republicanos) terá de superar a gestão da campanha eleitoral. Dois pré-candidatos são envolvidos na Operação Catilinárias da Polícia Federal que apura desvios de recursos do transporte escolar.

O médico Luciano Teixeira é um velho conhecido do eleitor tocantinense. Já disputou pelo menos três eleições no Tocantins. Já foi candidato a vice-prefeito de Palmas, em 2016, pelo PEN; a deputado federal em 2018, obtendo 2.366; e a vereador de Palmas, em 2020, pelo PSDB, tendo alcançado 349 votos. O médico ganhou visibilidade política não pelo resultado das eleições que disputou, mas pelas denúncias que levaram ao afastamento do então governador Mauro Carlesse (UB).

Luciano denunciou Carlesse de montar um esquema de recebimento de propina obrigando os prestadores de serviço de saúde junto ao Plano de Assistência à Saúde dos Servidores do Tocantins (Plansaúde), a efetuar o pagamento de quantia indevidas como condicionante para o recebimento dos valores devidos pelo Estado. O esquema, segundo investigação, teria movimentado vultosas quantias em espécie na conta pessoal de Mauro Carlesse para dar aparência de legalidade às vantagens ilícitas recebidas, devidamente comprovada pela Receita Federal.

Luciano, se aceitar a missão, o que é bem provável, será um franco atirador. E terá como alvo pré-candidatos que devem explicação sobre suspeitas de irregularidades em suas gestões. Sua candidatura tem poucas chances de decolar, será apenas mais um pretenso pré-candidato que pode não chegar ao fim da corrida.

O gigante acordou. O velho MDB de guerra está de volta. Esvaziado, com pouca representatividade, mas ainda vivo e disposto a lutar para voltar ao poder. O partido é hoje uma pálida ideia do que representou ao longo da história política do novo Estado. Para se ter noção, o MDB já foi o maior e mais importante partido do norte de Goiás e do Tocantins, melhor partido para se eleger prefeito e vereador. Atualmente conta com apenas um deputado estadual, Elenil da Penha, e uma deputada federal, Dulce Miranda.

Há pouco, sofreu uma debandada de deputados estaduais. Deixaram a legenda Jair Farias, Valdemar Júnior, Nilton Franco e Jorge Frederico, que preferiram engrossar as fileiras do Republicanos, sigla do governador Wanderlei Barbosa. Atualmente, o partido não passa de uma legenda do mirandismo. Ainda assim é um grande partido, que tem tradição e maior capilaridade na estrutura política do Estado e, naturalmente, tem muito a contribuir com a eleição do próximo governador.

O partido de José Freire, Brito Miranda, Moisés Avelino, Derval de Paiva, Júlio Resplande, Freire Júnior, Josi Nunes e Osvaldo Reis acumula a experiência de quatro governos, considerados progressistas. Portanto, tem participação efetiva na construção do poder no Estado. Na única eleição, em 2018, em que não lançou candidato próprio a governador, o MDB elegeu o maior número de deputados estaduais, cinco ao todo: Valdemar Júnior, Elenil da Penha, Nilton Franco, Jorge Frederico e Jair Farias – além da deputada federal Dulce Miranda. O partido apoiou o candidato Carlos Amastha (PSB), que foi para o segundo turno com Mauro Carlesse, que venceu a disputa.

Após ser reeleito presidente da legenda, o ex-governador Marcelo Miranda declarou que mantém sua pré-candidatura ao Senado e sua simpatia pela pré-candidatura do ex-prefeito de Araguaína Ronaldo Dimas (PL). Miranda confessa que a deputada federal e ex-primeira-dama Dulce Miranda foi convidada a compor chapa com o ex-prefeito e que ainda não tomou uma decisão. Para ele, Dulce está determinada a seguir o projeto de reeleição à Câmara Federal.

Nos bastidores dizem que a aliança entre MDB e UB já está acertada. Será indiscutivelmente um grande ganho para o pré-candidato Ronaldo Dimas, principalmente num momento tão delicado da sua postulação, com sua vinculação à Operação Catilinária, da Polícia Federal, que apura desvios de recursos públicos do transporte escolar. A operação virou um grande pesadelo para Dimas. O pré-candidato possivelmente não perdeu simpatizantes, pela visita da Polícia Federal à sua residência, mas sua pré-candidatura não será mais a mesma depois da operação. Ainda que não tenha tido maiores desgastes, é certo que terá reflexo no crescimento futuro.

Dimas não é o único a se preocupar com os desfechos da operação. O ex-prefeito de Gurupi Laurez Moreira (PDT), um nome certo na composição da chapa do governador Wanderlei Barbosa, agora passa a ser uma incógnita. Se vinha mantendo sua pré-candidatura ao governo como forma de garantir a indicação para a vice, agora terá de se contentar com o que lhe for oferecido. Laurez, que era um reserva de luxo no banco governista, pode se transformar em fardo.

Laurez e Dimas ainda estão melhores que os pretensos pré-candidatos ao Senado Marcelo Miranda (MDB) e Mauro Carlesse (Agir 36), que querem, mas não sabem se poderão ser candidatos. Ambos, ex-governador afastados de seus cargos enfrentam problemas com direitos políticos suspensos. Miranda garante que é elegível e segue com a pré-campanha ao Senado. Carlesse sonhou muito ser senador e chegou fazer uma reserva de recursos na ordem de R$ 2 bilhões no caixa do Estado para sacudir o Estado de obras neste último ano de mandato. Os recursos economizados são a base do governo Wanderlei Barbosa.

Carlesse dificilmente conseguirá ser candidato. Após a renúncia, se tornou automaticamente inelegível. Antes do afastamento, era um candidato forte ao Senado, agora o único cargo que conseguiria se eleger é a deputado estadual. Mas nem isso vai poder. Velhos aliados, porém, não ligam para impedimento e se encarregam de evidenciar o nome do ex-governador. É o caso do Agir 36, que se reuniu semana passada com a presença do ex-governador e anunciou o desejo de vê-lo disputando a cadeira do Senado.

Numa semana de muitos desdobramentos políticos, o empresário Edison Tabocão (PSD) voltou a ser lembrado como o vice ideal para o governador Wanderlei Barbosa. O empresário tem o perfil que agrada ao governador, mas seu nome tem resistência em função da filiação partidária. O problema é que o empresário é filiado ao PSD do senador Irajá Abreu e para alguns líderes governistas isso seria fortalecer demais o clã Abreu, que já compõe a chapa majoritária com a senadora Kátia Abreu (PP), candidata à reeleição para o Senado.

Correndo por fora, os pré-candidatos Paulo Mourão (PT) e Osires Damaso (PSC) não se veem como adversários, mas como potenciais aliados. Estiveram juntos na recepção à presidente nacional do PC do B, Luciana Santos, vice-governadora de Pernambuco, na visita ao Tocantins. Deixaram a impressão de que, na disputa pela terceira via, há mais convergência do que divergência. Mourão e Damaso, juntos, antecipam a ideia de entendimento na terceira via, na medida em que perceberem a possibilidade de algum deles alcançar o segundo turno.

Ainda é cedo para tirar conclusões dos fatos políticos dos últimos dias. O certo é que esta eleição não vai ser fácil para ninguém. Todos os pré-candidatos que se apresentaram até agora disputam o cargo de governador pela primeira vez, isso já é o bastante para colocá-los no mesmo nível de possibilidades. O que vai fazer a diferença é justamente a campanha, que, quanto mais avança, mais revela as contradições, mas também as qualidades desses homens públicos que terão a responsabilidade de dirigir os destinos do Estado.