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Governador Marcelo Miranda (PMDB), familiares próximos e auxiliares são os alvos da operação

Foto: reprodução/ PF
Foto: reprodução/ PF

Dock Jr.

Na manhã desta segunda-feira (28/11), a Polícia Federal deflagrou a Operação Reis do Gado, contra um suposto esquema que teria atuado no Estado do Tocantins desviando aproximadamente R$ 200 milhões.

Os crimes foram praticados contra a administração pública, promovendo a lavagem de capitais por meio da dissimulação e ocultação dos lucros ilícitos no patrimônio de membros da família do governador do Estado, Marcelo Miranda (PMDB). O próprio chefe do Poder Executivo foi alvo de condução coercitiva e de busca e apreensão, contudo, a busca na sua residência restou infrutífera, na medida em que o governador e nenhum membro de sua família estavam no endereço. Um chaveiro foi chamado para abrir a porta.

A polícia cumpriu mandados também na casa do pai do governador José Edmar Brito Miranda, para quem haveria ainda mandado de condução coercitiva, e também dos seus irmãos, Maria Glória Miranda e Brito Miranda Junior que tiveram prisão temporária decretada.

O secretário de Infraestrutura do Estado, Sérgio Leão, também teve sua a prisão temporária decretada e já foi conduzido à sede da PF. Dois empreiteiros também estariam sendo conduzidos coercitivamente para prestarem depoimentos. Também teriam sido presos Júnior Miranda e Maria da Glória Carvalho Miranda, irmãos de Marcelo. O ex-governador Siqueira Campos (sem partido) foi conduzido na condição de testemunha, mas não figura entre os investigados. Ele também chegou a ser conduzido coercitivamente em outubro na Operação Ápia. Os suspeitos devem responder pelos crimes de lavagem de dinheiro, peculato, corrupção passiva e fraudes à licitação.

O nome da operação “Reis do Gado” foi dado em razão dos principais investigados serem grandes pecuaristas no Estado do Pará e a compra de gado era a destinação de grande parte das verbas desviadas, onde se operava verdadeira lavagem de dinheiro.

Mais de 280 policiais federais participam da operação, desencadeada simultaneamente em Palmas e Araguaína no Tocantins, Goiânia/GO, Brasília/DF, Caraguatatuba/SP, Canãa dos Carajás, Redenção, Santa Maria, São Felix do Xingu e Sapucaia/PA, visando cumprir 108 mandados judiciais expedidos pelo Superior Tribunal de Justiça, dos quais 8 mandados de prisão temporária, 24 de condução coercitiva e 76 de busca e apreensão.

A investigação apontou um esquema de fraudes em contratos de licitações públicas com empresas de familiares e pessoas de confiança do chefe do executivo estadual, que teria gerado enorme prejuízo aos cofres públicos. A ocultação do dinheiro desviado seria feita por meio de transações imobiliárias fraudulentas, contratos de gaveta e manobras fiscais ilegais, como a compra de fazenda e de gado. A polícia informou ainda que parte do valor foi destinado a formação de caixa dois para campanhas realizadas no estado.

A Secretaria de Comunicação do Estado disse, através de nota à imprensa, que o governador Marcelo Miranda determinou livre acesso às dependências da sua casa e do Palácio Araguaia. “Até o momento, tanto a Procuradoria Geral do Estado (PGE), quanto o escritório de advocacia, que representa Marcelo Miranda, não tiveram acesso à decisão da Justiça”, esclareceu.

Marcelo estava em Araguaína e foi conduzido à capital para prestar depoimento, acompanhado de uma delegada da PF. O governador, em razão foro privilegiado, será ouvido pelo ministro Mauro Campbel, do STJ, numa sala da Justiça Federal em Palmas/TO.