Tendo Siqueira Campos (DEM) como suplente, o ex-deputado federal diz que a frente política da qual participa tem um projeto para a modernização do Tocantins

Eduardo Gomes afirma que, no Senado, irá contribuir para a governabilidade tanto do presidente da República como do governador a ser eleito no Tocantins | Foto: Divulgação

Carlos Eduardo Torres Gomes, vice-presidente da regional Centro-Oeste do Solidariedade (SD), diz que é uma honra ser candidato ao Senado e ter como suplente o ex-governador Siqueira Campos (DEM). Se eleito, pretende contribuir com a governabilidade tanto do presidente da República como do governador a ser eleito no Estado do Tocantins. Candidato ao Senado em 2014, perdeu para a senadora Kátia Abreu (PDT) por uma diferença de 0,87% dos votos, o que o credencia, sublinha, a disputar novamente o cargo em 7 de outubro deste ano.

Em 1997, Eduardo Gomes se tornou vereador em Palmas. Já no PSDB, foi reeleito em 2000 e, como presidente da Câmara, assumiu interinamente a prefeitura em 2002. Foi presidente duas vezes da Câmara Municipal. Na eleição de 2002, chegou à Câmara dos Deputados, com número expressivo de votos: 37.251. Em 2006, foi reeleito com 33.664 votos. Já em 2010, obteve 49.455 votos. Em três mandatos, Eduardo Gomes se tornou um dos mais influentes parlamentares do Brasil, participando com protagonismo da cúpula que comanda a Câmara, sendo basicamente um “ponto fora da curva”, uma vez que não se conformou em exercer apenas o papel de figurante.

Após relutar em ser candidato a suplente de senador de Siqueira Campos, o sr. aceitou o convite. No primeiro dia de campanha, ao anunciar que não teria condições físicas de continuar, o ex-governador indicou-o para substitui-lo.
O fato ocorreu circunstancialmente, sem qualquer tipo de combinação. Contudo, isso não me impede de dizer que torço para que Deus dê muita saúde a Siqueira Campos — de modo que, após ganharmos as eleições, possamos vê-lo no Senado na primeira oportunidade. É importante para o Tocantins ver um brasileiro que basicamente criou um Estado na Assembleia Nacional constituinte assumir os microfones do Senado e falar sobre a incrível experiência 30 anos depois. É preciso ressaltar os vários acertos, avanços e a radical modificação da vida do povo tocantinense. A região desenvolveu-se com o novo Estado, o que melhorou a qualidade de vida da população, retirando-lhes a pecha de “corredor da miséria”.

Eduardo Gomes: “Siqueira Campos [foto], num gesto de grandeza e consideração pelos mais de 30 anos de amizade, refluiu e acabou por indicar meu nome para encabeçar a chapa, tornando-se o primeiro suplente” | Foto: Divulgação

A eleição suplementar influiu em seus planos?
Todo o processo, até chegar ao amadurecimento da candidatura, passou pela inesperada eleição suplementar. Foi um momento diferente, dois turnos de votação, uma experiência totalmente nova. A população optou pela estabilidade que o governo, em poucos dias, conseguiu transmitir. Dentro desse mesmo grupo político, mantive minha pré-candidatura ao Senado, respeitando as demais pretensões. Após alguns acertos, com honra e sem quaisquer reclamações, fiz a composição da chapa com o ex-governador Siqueira Campos. Fui indicado como primeiro suplente e me dei por satisfeito, porque há certos momentos na política que o melhor a fazer é equilibrar os desejos pessoais e dos pares com as necessidades do partido. Não poderia tomar qualquer decisão sozinho, se havia me submetido a fazer parte de um grupo. Logo em seguida, o ex-governador, num gesto de grandeza e consideração pelos mais de 30 anos de amizade, refluiu e acabou por indicar meu nome para encabeçar a chapa, tornando-se o primeiro suplente.

O sr., como protagonista, aposta que tem chance de ser eleito?
A campanha será pujante e ampla no que se refere a simbologia histórica [Siqueira Campos de suplente]. E dinâmica em razão da nossa vontade de trabalhar em todo o Estado diuturnamente, baseado num projeto de atuação no Senado, que foi elaborado e estudado há mais de quatro anos, que visa beneficiar e proporcionar melhoria de vida à população. Tenho vasta experiência como deputado federal. Estou animado com o projeto e com a nova missão, na certeza que iremos contribuir para ampliar a qualidade da gestão do governador Mauro Carlesse (PHS), que será reeleito. Vamos trabalhar na captação de recursos, na melhoria da educação, da saúde pública, na conclusão de obras estruturantes, além da atração de novos investidores, gerando emprego e renda para o povo.

Eduardo Gomes diz que irá contribuir para ampliar a qualidade da gestão governador Mauro Carlesse (foto) | Foto: Divulgação

Acredita no fenômeno da transferência de votos?
Pesquisas internas, realizadas antes mesmo da convenção, indicavam que, mesmo que Siqueira Campos disputasse o cargo de senador, eu era o segundo nome mais lembrado pelos eleitores. Creio que é possível sair vitorioso confiando nos meus próprios eleitores, que residem principalmente em Araguaína e Palmas, dois colégios eleitorais que me prestigiam em peso. Entretanto, seria irracional não reconhecer o fato de que o ex-governador ser meu suplente vai trazer milhares de votos para a chapa, contribuindo para uma vitória sem sustos.

A indicação do empresário Ogari Pacheco (DEM), abastado empresário paulista cujo patrimônio declarado ao TRE ultrapassa R$ 400 milhões, para segundo suplente tem relação direta com o reforço do caixa de campanha?
Não. A legislação eleitoral, após as últimas reformas, estabeleceu limites legais de doação, fundo partidário e limite de gastos. O teto de gastos não pode passar a cifra de R$ 2,5 milhões. Independentemente de ser médico e cientista de sucesso, além de empresário bem-sucedido no ramo da farmacologia [Laboratório Cristália], Ogari Pacheco não poderia fazer doações além do limite estabelecido por lei. Se quisermos mudar o País, temos que atrair pessoas novas para a política, retirá-las da zona de conforto. O fato de ele ter aceitado participar do processo político e declarar seu patrimônio, sem quaisquer constrangimentos, mostra que não há nada para esconder e que sua única intenção é contribuir com o desenvolvimento do Tocantins. O destino de quem não gosta de política e não se dispõe a participar dela é ser governado pelos que gostam e que nem sempre estão preparados para o exercício do cargo público. Ogari Pacheco tem investimentos e negócios no Estado do Tocantins há mais de 40 anos, antes mesmo da emancipação política. Sou seu amigo e fiz o convite para compor a chapa na condição de segundo suplente, porque tenho certeza que seus conhecimentos e sua vasta experiência poderão contribuir para um mandato repleto de realizações.

Para Eduardo Gomes, a parceria com César Halum (foto), dará certo | Foto: Divulgação

Como está a parceria com outro candidato da chapa, César Halum (PRB)?
A parceria dará certo. Somos amigos há 35 anos e Halum, além de ter sido meu professor no ensino médio, foi meu colega de bancada na Câmara dos Deputados. Há sintonia entre nós, não resta dúvida, bem como o desejo nosso e do próprio governador Carlesse de ter uma bancada federal a mais coesa possível. Dessa forma, poderemos garantir a obtenção de mais recursos para o Estado, como também lhe proporcionar governabilidade.

O sr. é considerado uma personalidade ímpar, que transita em vários círculos políticos, uma espécie de “gente boa”. É capaz de manter amizade com Carlos Amastha (PSB) e Lúcio Campelo (PR), dois rivais históricos, ou com Ronaldo Dimas (PR) e César Halum, que não se dão bem. O seu jeito de fazer política é diferente?
O comportamento advém da formação que meu pai deu a todos os filhos. Trata-se da primazia para uma boa conversa. Sempre. Desde criança aprendemos a manter o respeito pela divergência, optando sempre pelo bom convívio. Por isso não tenho problemas com quaisquer candidatos neste pleito, quer seja para governador [Amastha, Marlon Reis (Rede) ou Simoni (PSL)] ou para senador [Irajá (PSD), Paulo Mourão (PT), Ataídes (PSDB) ou Vicentinho (PR)]. Democracia é isto: respeitar as pessoas e suas ideias.

Em relação ao seu partido, o SD, qual a sua avaliação acerca dos destinos da sigla no Tocantins?
Participo da gestão nacional do partido na condição de vice-presidente regional do Centro-Oeste. O deputado estadual Vilmar Oliveira é o presidente estadual. Para as eleições de outubro, o grupo está fechado com o governador Mauro Carlesse (PHS) e seu vice, Wanderlei Barbosa (PHS), que até recentemente era filiado ao SD. Estamos coesos e, além do meu êxito como senador, vamos eleger Tiago Dimas e Pastor Eli Borges a deputado federal, reeleger Amélio Cayres e Vilmar Oliveira, além do vereador Léo Barbosa, para deputado estadual. O SD optou por não lançar candidatura à Presidência da República e estamos apoiando o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB).

“Vou lutar pela revitalização do Projeto Rio Formoso”

Na condição de um dos parlamentares tocantinenses mais experientes — inclusive como secretário da mesa diretora da Câmara dos Deputados —, caso seja eleito senador, o sr. pretende manter o protagonismo, não se conformando em ser apenas um membro do baixo clero?
Quanto mais articulada a bancada federal e quanto mais deputados e senadores envolvidos com as necessidades da região, maior é a chance de trazer recursos para o Tocantins e haver sucesso e destaque para todos. Quanto a execução das obras, como a emenda impositiva que ligaria a região do Matopiba à Ferrovia Norte-Sul, é uma questão mais complexa, porque depende de documentação em dia do próprio Estado e há outros entraves, entre os quais licenças ambientais. Muitas obras iniciadas no Tocantins necessitam ser retomadas e vamos lutar para que isso ocorra. Há estradas estratégicas que viabilizam o acesso a municípios importantes que não estão pavimentadas. É necessário revitalizar, recuperar e retomar o Projeto Rio Formoso, ampliando os investimentos e colocando em prática os projetos de irrigação que alavancam a agricultura, que geram emprego e renda.

Qual sua percepção do projeto Matopiba?
As ações integradas dependem muito, e não apenas de legislação, mas principalmente de financiamentos e condições logísticas. É uma ideia boa, mas há problemas internos para serem solucionados. Só é possível dar certo se melhorarmos as condições dos Estados que compõem o projeto — Tocantins, Piauí, Maranhão e Bahia —, que, investindo juntos e de maneira consorciada, poderão alavancar o projeto.

O sr. diz que está preparado para ser senador há mais de quatro anos, desde a disputa de 2014. Se eleito, quais áreas irá priorizar?
Todas as bandeiras que carreguei como deputado federal serão imediatamente retomadas. Preocupo-me com o combate à dependência química e, portanto, devo retomar ações como as destinadas à Fazenda da Esperança. É necessário destacar o cuidado e melhoria da qualidade de vida dos idosos, como fiz com a Universidade da Maturidade na UFT. Vou zelar pelo meio ambiente, como propor a revitalização de parques, estimulando práticas esportivas saudáveis. Vou buscar recursos para investimentos na melhoria do transporte público e infraestrutura.

Se for eleito senador, será favorável à emancipação de alguns municípios?
Desde que estabelecidos critérios razoáveis, seria favorável. Há vários exemplos de municípios que possuem 40 ou 50 mil habitantes e não são emancipados. Estão prontos para caminharem sozinhos, mas a legislação rígida é um entrave. Caso os critérios como população e renda sejam cumpridos e não haja distorção, votaria a favor do desmembramento, porque, na ampla maioria das vezes, resulta em desenvolvimento.

Caso assuma o mandato de senador em 2019, o sr. encontrará um cenário totalmente diferente do que deixou em 2014, porque houve o agravamento de uma crise financeira sem precedentes, além do impeachment da ex-presidente da República, Dilma Rousseff (PT). Caso seu candidato [Alckmin] não consiga se eleger presidente, qual será sua relação com o mandatário eleito?
Terei uma postura colaborativa com relação à governabilidade. O povo brasileiro exige mudanças radicais. O País passa por mudanças das regras eleitorais, financiamento público de campanha, outras proibições — o que já é um filtro. Vamos estar atentos aos anseios do povo. O Brasil e o Tocantins precisam reencontrar o caminho do crescimento econômico.

Nos bastidores, cogita-se que uma das suas pretensões políticas é ser prefeito de Palmas.
Não, absolutamente. Já tive oportunidade de disputar e não quis. Sonho apenas que minha cidade tenha um bom gestor. Existem vários palmenses competentes para o exercício deste cargo. Posso dizer que me comprometo a ajudar muito a prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro (PSDB). Desejo ver Palmas amparada e desenvolvida e serei o senador representante da capital no Congresso.