Ex-prefeita de Palmas, que tinha desistido da política, é hoje pré-candidata ao Senado e defende candidatura do ex-juiz Marlon Reis ao governo

Nilmar Ruiz, ex-prefeita de Palmas

Ela foi prefeita de Pal­mas entre 2001 e 2004 e deputada fe­deral en­tre 2007 e 2010. Em 2018, fi­li­ou-se ao par­tido Rede para ser can­didata ao Senado pelo To­can­tins nas elei­ções de outubro. Nil­­mar Ruiz avalia, nesta en­tre­vista, suas realizações, con­­quistas e perspectivas pa­ra a disputa de um no­vo man­­dato, destacando, principalmente, suas ações participativas à frente da Pre­fei­tu­ra de Palmas, que na sua opi­ni­ão, foi um di­visor de águas em termos de gestão participativa.

A ex-prefeita é na­tural do Rio de Ja­nei­ro (RJ), pioneira em Palmas desde a dé­cada de 90, pedagoga com es­pecia­liza­ções em Política e Estra­té­gia Na­cional, em Admi­nis­­­tra­ção Es­colar, e, também, dou­to­ra “honoris ca­u­sa”pe­la Faculdade de Educação Teo­ló­gi­ca da Ama­zô­nia em 2000.

Na condição de ex-prefeita de Palmas, qual é a sua concepção sobre a atual administração da capital do Tocantins?

Às vezes fico pensando o que eu faria se na época que fui prefeita tivesse o orçamento que a Prefeitura de Palmas tem hoje. O meu orçamento anual girava em torno de R$ 130 milhões. O de 2018 é R$ 1,3 bilhão, dez vezes mais, e a cidade não cresceu tanto as­sim. Acredito que a atual administração avançou em alguns pontos, por exemplo, na rede física da educação, tanto as escolas em tem­po integral, como os centros de edu­cação infantil, melhorou a es­tru­tura da saúde, ampliou os espaços de lazer e esportes e principalmente fortaleceu a imagem de Pal­mas nacional e internacionalmente. Porém errou, e errou feio, no que se refere ao modelo de desenvolvimento, para se aumentar as oportunidades, para se gerar mais empregos, melhorar a condição das pessoas e promover o crescimento da cidade e criar melhores con­dições para as pessoas. A meu ver, não é aumentando impostos e cri­ando taxas que se aumenta a ar­re­cadação e se desenvolve uma ci­da­de. Ao contrário, empobrece as pes­soas, reduz o mercado consumidor, gera o fechamento de em­pre­sas e aumenta o desemprego. O aumento sustentável da arrecadação e o desenvolvimento acontecem quando se reconhece na iniciativa privada e na população os gran­des parceiros, quando se fortalece e apoia as iniciativas de geração de renda, porque aí, se produz mais, o comércio vende mais, se em­prega mais, há mais dinheiro cir­culando e, consequentemente, se arrecada mais impostos, sem o au­mento da carga tributária, fazendo com que a prefeitura tenha mais recursos para executar as po­lí­ticas públicas.

Além de secretária de Educação do Estado (1995 a 2000), a sra. foi prefeita de Palmas entre 2001 e 2004. Quais foram os le­ga­dos que considera relevantes no exer­cício destes cargos?

Sempre me preocupei em ajudar a melhorar a vida das pessoas. Por isso escolhi a profissão de pro­fessora. E nos cargos que passei, como a Coordenação dos Pro­je­tos de Escolarização de Meninos e Meninas de Rua, no Distrito Fe­de­ral, as Secretarias Municipal e Es­tadual da Educação, Prefeita de Pal­mas e deputada federal, dentre ou­tros, esse sempre foi o meu fo­co. Entendo que nas medidas que empoderam as pessoas, promovem a participação dos segmentos, articulam as ações e apoiam as iniciativas, há crescimento individual e coletivo e bons resultados.

Na Secretaria Estadual da Edu­ca­ção, com o envolvimento dos profissionais da educação e com as comunidades, desenvolvemos, den­tre muitas outras ações, um grande programa de alfabetização, o ABC da Cidadania, que mudou a po­sição do Tocantins, no que se re­fere ao analfabetismo. O projeto Cons­trução da Cidadania abriu a es­cola para a participação e uso pe­la comunidade e a Escola Au­tô­no­ma de Gestão Compartilhada, que descentralizou os recursos financeiros para as escolas, cujas administrações, através dos conselhos escolares, introduziu um novo modelo, uma nova filosofia, fazendo com que os preceitos da Cons­ti­tuição fossem praticados: Edu­ca­ção é dever de todos com o apoio do Estado.

Na Prefeitura de Palmas não foi diferente, chamamos a população para participar da Gestão. Quando efetivamos o Planejamen­to Participativo, em que discutimos os problemas de todos os bair­ros e setores com os moradores, elencamos as soluções e priorizamos os recursos, de forma conjunta, exercitamos a cidadania. As­sim aconteceu também com o “Palmas limpeza, mais saúde e mais beleza”, com o Calendário Tu­rístico, com o Projeto de Eco­tu­ris­mo de Taquaruçu. Além disso, na minha gestão foram entregues as principais obras de infraestrutura da cidade como o aeroporto, a ro­doviária, a ponte de Palmas a Pa­raíso, asfaltei o equivalente a 24 qua­dras, melhoramos a saúde e fo­men­tamos a economia. Fiz uma ges­tão compartilhada e tenho mui­to orgulho de ser chamada até ho­je de “Prefeita Comunitária”.

A sra. também foi eleita deputada federal pelo Tocantins, cargo que exer­­ceu de 2007 a 2010 e, posteriormente, em 2013. Como avalia es­sas experiências e quais foram os projetos mais importantes do seu mandato?

Participar como deputada federal das grandes discussões nacionais foi um enorme aprendizado e uma grande oportunidade na minha vida. Foquei minha ação parlamentar na educação, por entender que é através da educação que as mudanças estruturais acontecem e na valorização e o aumento da participação da mu­lher na política. Fui a primeira procuradora da Mulher da Câmara dos Deputados. Defendo que só haverá justiça social quando ho­mens e mulheres estiverem paritariamente nas instâncias de poder e decisão e quando todos tiverem os mesmos direitos e oportunidades. Atuei em muitas comissões, como a de Defesa ao Consumidor, Ciên­cia e Tecnologia, Desenvolvimento de Cidades, e participei de muitas frentes, como a do Ensino à Dis­tân­cia, da reforma política. É mui­to bom poder colaborar para que as leis no nosso país venham responder às necessidades do nosso povo, para que o Legislativo cumpra o seu papel e, principalmente, com as mudanças tão necessárias pa­ra que o Brasil saia dessa crise mo­ral, ética, social e econômica.

Nas eleições de 2010, a sra. não con­seguiu se reeleger, ficando na suplência. A quais fatores atribui esse tropeço?

Foram vários fatores, mas acredito que o mais importante foi a ques­tão das coligações. Naquele momento eu estava filiada ao PR e defendi pela não formação de chapa única, mas fui voto vencido, o que resultou na não eleição de nenhum deputado pelo PR e a enorme desigualdade de recursos financeiros para as campanhas, provocando uma concorrência desleal. Por não concordar com o modelo eleitoral e político em vigor, decidi não participar, como candidata, das últimas três eleições. Volto agora como candidata ao Senado, para contribuir com esse momento de transformações que estamos vivendo, agora pelo Rede, um partido com uma nova visão e no projeto do candidato ao governo do ex-juiz Marlon Reis, um dos autores da Ficha Limpa e que, a meu ver, representa a verdadeira mudança para o nosso Estado e a esperança de ver o Tocantins voltar para os trilhos do desenvolvimento.

É natural que durante a pré-campanha, a sra. queira esclarecer alguns episódios havidos na sua carreira política, tais como uma declaração judicial de inelegibilidade, por oito anos, em decorrência de captação ilícita de recursos para as eleições de 2010. O que houve exatamente, foi uma contradição de informações na prestação de contas de sua campanha?

Houve um erro contábil que a própria Justiça reconheceue me absolvendo de qualquer penalidade. É importante ressaltar que passei por muitos cargos públicos e nunca tive problema algum. Quando fui secretária da Educa­ção, administrei o maior orçamento do Estado por mais de seis anos e fiz uma gestão limpa e transparente. O mesmo ocorreu na quando fui prefeita de Palmas. Nunca me envolvi em escândalos. Sou fi­cha limpa e mais do que isso, te­nho minha consciência limpa.

A sra. chegou a anunciar que abandonaria a vida pública e política em 2014, para se dedicar à carreira de escritora e palestrante. Todavia, há alguns dias filiou-se ao Rede visando disputar o cargo de senadora na chapa encabeçada por Marlon Reis ao governo do Tocantins. O que a levou a mudar de ideia?

Realmente, em 2014 eu não tinha intenção de concorrer mais a cargos eletivos. Estava decepcionada com o modelo e a forma de se fazer política. Nos últimos anos, me dediquei a escrever livros, ministrar palestras, no sentido de ajudar as pessoas a efetivar mudanças no seu modo de ser e de agir. Mas diante do momento que estamos vivendo, em que todos nós clamamos por mudanças, resolvi ser candidata, para contribuir com as transformações que precisamos efetivar no Tocantins e no Brasil. Além disso, encontrei em Marlon Reis a pessoa que tem a capacidade de fazer as transformações que nosso Estado tanto precisa, que é o combate firme contra a corrupção, colocar a gestão do Estado no eixo e promover o desenvolvimento econômico que mudará a vida das famílias tocantinenses para melhor. É essa a política que acredito, que pode realmente criar condições de oferecer ao tocantinense um ganho de qualidade de vida.

Quais seriam os projetos a serem apresentados à população, capazes de alavancar sua campanha e alçá-la ao cargo de senadora da República?

O nosso Tocantins tem um potencial enorme, podendo se tornar um dos mais ricos Estados da federação. Porém muito se tem falado das nossas vocações, da posição estratégica para um grande centro de distribuição para o mercado Norte e Nordeste do país e para o mercado internacional, da intermodalidade de transportes que precisa ser concluída, do nosso potencial hídrico e energético, e tantas outras riquezas. Porém se avançou muito pouco, não se percebeu que o modelo de desenvolvimento adotado até agora está totalmente esgotado, que a gestão ineficiente, descontrolada e corrupta está fazendo com que o Tocantins não avance. Colaborarei diretamente através de emendas orçamentárias socorrendo diretamente o Estado e os municípios tocantinenses, principalmente nesse momento difícil que nos encontramos. É imprescindível, porém, apoiar o Estado na busca de novos modelos, de novas soluções de novos investidores, conseguir autorização para as operações externas, que venham gerar lucro, para que através do fortalecimento das parcerias entre os setores público e privado possamos crescer, gerando mais oportunidades e melhores condições de vida da população. Mas, além da responsabilidade com o nosso Estado, quero contribuir com a mudança nacional e essa também é função da senadora. Zelar pelos direitos constitucionais, fiscalizar os gastos do poder executivo, ajudar para que as indicaçõesdos cargos de comando do país sejam feitas dentro da maior transparência, competência e seriedade e para que as reformas éticas, sociais, políticas e econômicas aconteçam e promovam no Brasil a potência que ele precisa ser no que se refere à condição de vida do seu povo e no panorama internacional.

Marlon Reis

Qual é a sua visão sobre o maior incentivador de sua candidatura, o ex-juiz Marlon Reis, e quais são suas perspectivas sobre o pleito de 2018? Uma plataforma de governo alicer­çada basicamente no combate à corrupção é suficiente para obter êxito nas eleições?

Reconheço em Marlon Reis as características fundamentais para um bom governante. Equilíbrio e inteligência emocional, humildade, formação e preparo, visão de futuro, ser inovador, está aberto a ouvir e incorporar novas ideias, ser determinado, ter liderança, ter poder de articulação e rede de conhecimento, saber o que quer, e, principalmente, ser honesto, respeitar as leis e o dinheiro público. Sinto tudo isso no Marlon. A plataforma de governo do Marlon não se alicerça apenas no combate à corrupção, porém acredito que essa seja a principal. Se a corrupção continuar fazendo com que os recursos que deveriam ser aplicados na saúde, na educação, na segurança, nas políticas públicas, na infraestrutura, no desenvolvimento do nosso Estado, sejam desviados e roubados, isso afugenta investidores nacionais e internacionais que não aceitam o sistema de propina instalada pela corrupção. Não há como pensar em outras ações nem em desenvolvimento para o Tocantins. Marlon pode mudar isso.

O pré-candidato lhe recebeu efusivamente no partido Rede, quando declarou no ato de sua filia­ção: “Estamos muitos felizes em receber na Rede Sustentabilidade a Nilmar Ruiz. Ela chega trazendo experiência e um desejo de inovação que caracteriza este grupo que se une no Tocan­tins”. A sra. está pronta para assumir tal compromisso político-partidário?

Deus me concedeu muitas oportunidades na vida e eu venho, em cada uma delas, tentando aprender com os meus erros e acertos. Procuro fazer sempre o melhor, sendo fiel às minhas convicções e aos meus ideais. Encontrei na Rede e no projeto do Marlon Reis ao governo do Tocantins, o melhor caminho para que eu possa continuar cumprindo a minha missão de colaborar para que as pessoas vivam melhor, para que tenhamos uma sociedade mais justa e mais fraterna e para que o nosso Estado e o Brasil retomem o seu importante papel. Sou muita grata ao grupo que me acolheu tão bem e feliz por poder contribuir com esse projeto.

E quanto à candidatura da presidenciável Marina Silva, qual é sua expectativa?

Eu conhecia a história, a determinação e as principais ideias de Marina Silva. Porém, a medida que a conheço melhor, me surpreendo com a pessoa humana, com o enorme conhecimento que ela tem do Brasil, com a humildade, simplicidade e competência com que ela transmite o seu ideário e os seus projetos, com a fé em Deus e a forma amorosa como se relaciona com as pessoas. Acredito que um governante antes de tudo, tem que ter inteligência emocional e ser estrategista e isso ela demonstra a todo momento.

Em nome do Jornal Opção, lhe desejo sorte e sucesso na sua caminhada e que a sra. possa representar os anseios da população de Palmas e do Tocantins.

Muito obrigada! É isso que eu peço a Deus!