Enquanto os adversários de Marcelo Miranda estão divididos, emedebista tem a vantagem de já começar com 20% das intenções de voto para o pleito de outubro
Em época de pré-candidaturas, vários são os nomes especulados pelos partidos, pelos eleitores mais afoitos e até mesmo pelos pretensos pré-candidatos. No Tocantins, não é diferente. Talvez na história deste Estado, em nenhuma pré-eleição, apareceram tantos pré-candidatos. Talvez seja um claro sinal de amadurecimento político, ou de consolidação da democracia, mesmo porque tivemos num passado não muito distante, inglórios dias de ditadura velada. Mas esse tema é para ser discutido em outra oportunidade.
Voltando às pré-candidaturas, é natural que algumas delas sejam apenas factoides eleitorais, que não teriam qualquer sustentação numa acirrada disputa. Nesse contexto, não é absurdo considerar que as candidaturas de Paulo Mourão (PT), Mauro Carlesse (PHS), Ataídes Oliveira (PSDB), Marlon Reis (Rede) e até Marcos Sousa (PRTB) têm poucas chances de se consolidarem. Para o eleitor palmense, esta última pretensão se assemelha às eternas e renitentes candidaturas à prefeitura da capital, encabeçadas por caricaturas ímpares, Getúlio Vargas (PTdoB) e Abelardo (PSol), aquele mesmo que repetia num ar de deboche, referindo-se aos adversários: “a palavra deles, tem ou não tem valor?”.
Pitada humorística à parte, os pré-candidatos citados não possuem base expressiva de votos. Mourão e Carlesse, por terem obtido modesta votação nas eleições de 2014 para deputado estadual, menos de 2% dos votos. O petista conseguiu convencer 14.489 eleitores e Carlesse, 12.187. Aliado a isso, seus partidos também não ajudam em nada. O PT sofre o maior desgaste que uma sigla partidária já experimentou depois da redemocratização do país. Já o PHS praticamente inexiste no cenário nacional, uma vez que não possui nem uma dezena de congressistas atualmente.
Ataídes herdou o mandato de senador com o falecimento de João Ribeiro. Tentando se tornar conhecido do eleitorado tocantinense, disputou uma única eleição para governador, em 2014, e angariou míseros 3,5% dos votos válidos. Os outros dois – nunca avaliados pelas urnas – podem ser classificados como “nanicos”, face à inexpressividade de suas siglas. É provável, portanto, que a grande maioria deles se torne candidata ao Senado ou a vice-governador em chapas encabeçadas por outros líderes regionais.
Passada a primeira peneira, restariam no páreo o atual comandante do Palácio Araguaia, Marcelo Miranda (MDB), a senadora sem partido Kátia Abreu, o prefeito de Palmas, Carlos Amastha (PSB), e o prefeito de Araguaína, Ronaldo Dimas (PR). Dentre eles, o único confirmado, nesta data, é o próprio governador. Sua pretensão em se reeleger é legítima e mais do que natural. Os aliados – baseados em pesquisas de consumo interno – apostam que o chefe do Executivo tem popularidade, principalmente no norte do Estado e, em pleno exercício do cargo, entraria na disputa com aproximadamente 20% dos votos.
Já a senadora vem experimentando uma dose amarga de solidão, oriunda da falta de um grupo político forte – que ela não consegue arregimentar, por mais que tente – como também a resistência daqueles que sempre foram o esteio de sua base eleitoral: os agropecuaristas. Depois que Katia se uniu ao PT, e por consequência, aos “sem terra” que aquele partido tanto protege, nota-se uma verdadeira rejeição por parte dos antigos aliados. Inobstante a isso, o provável ingresso no PDT de Ciro Gomes também afasta alguns simpatizantes ao seu nome. As chances, portanto, do voo solo da senadora decolar são pequenas. Todavia, por enquanto, isso não é um problema grave: Katia tem mandato até 2022.
Em contrapartida, a candidatura de Amastha é uma incógnita. Muitos ainda duvidam que ele seria capaz de renunciar ao cargo de prefeito de Palmas. É que além de abrir mão de administrar um orçamento bilionário, o gestor perderia o foro privilegiado. Em tempos de operações policiais matutinas, políticos sem foro acordam, quase todos os dias, suando em bicas. O certo é que se Amastha for “louco” (sic) o suficiente para renunciar ao cargo de prefeito e entrar na disputa, provavelmente não atrairá políticos de peso para sua chapa – face ao seu comportamento agressivo e temperamental – faltando-lhe, nesse caso, consistência política à pretensão.
Resta Ronaldo Dimas. Contudo, a decisão de renunciar ao cargo de prefeito de uma cidade que ele organizou a duras penas, também exige reflexão, ponderação e uma boa dose de coragem. Entretanto, esse pré-candidato seria o único a conseguir agregar – em um só grupo – a grande maioria antagonista ao candidato Marcelo Miranda, formando, naturalmente, um bloco opositor consistente. Diferentemente dos pré-candidatos Kátia e Amastha, Dimas seria capaz de convergir e atrair apoio de nomes como Siqueira Campos, Eduardo Gomes, Vicentinho(s), Carlesse, Ataídes e até mesmo a própria senadora, caso ela se convencesse que não tem quaisquer chances. Deputados federais e estaduais da base governista insatisfeitos poderiam declarar solidariedade a uma candidatura encabeçada por Ronaldo Dimas.
Dois cenários se formam, nestas circunstâncias: se houver pulverização de candidaturas, os votos se dividem em demasia e as chances de Marcelo Miranda se reeleger aumentam significativamente. Caso haja polarização entre Dimas e Miranda, a tendência é que a disputa seja muito acirrada, visto que, ao contrário de Amastha, Kátia e outros nomes, o prefeito de Araguaína é capaz de reunir uma parcela significativa de oposicionistas em torno do seu nome.
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