A polarização entre a senadora Kátia Abreu (pP) e a deputada federal Professora Dorinha (UB) na disputa pela cadeira no Senado, que vinha desde a pré-campanha, parece ter os dias contados. Pelo menos três candidatos – Carlos Amastha (PSB), Mauro Carlesse (Agir) e o ex-senador Ataídes Oliveira (Pros) – estão chegando com muita força para brigar pela vaga.

As pesquisas de intenção de voto, divulgadas durante a semana indicam uma virada importante. A senadora Kátia Abreu, que tenta o seu terceiro mandado, já não lidera mais a corrida. A Professora Dorinha assume a posição. Kátia ainda ocupa o 2º lugar, ameaçado pela aproximação dos competidores Amastha, Carlesse e Ataídes.

Ataídes Oliveira enfrenta a sua quarta eleição, depois de ter sido eleito suplente de senador em 2010 e ter tido a oportunidade de assumir o cargo com a morte do titular, senador João Ribeiro, em 2012. Em 2014, disputou o governo do Estado, tendo ficando em 3º lugar com 3,54% dos votos. Em 2018 tentou a reeleição para o Senado. Terminou em 5º lugar na disputa de duas cadeiras, com 13,34% dos votos.

Ataídes agora é um nome conhecido do eleitor tocantinense. Nesta eleição conseguiu aglutinar em torno do seu nome cerca de 800 vereadores em todo o Estado. Um impressionante exército de cabos eleitorais. Se todos estiverem de fato engajados em sua eleição, Ataídes tem todas as condições de assumir a polarização com Professora Dorinha pela conquista da cadeira. As pesquisas ainda não mostram a força dessa base de apoio. Pode ser que o apoio dos líderes não esteja se convertendo em apoio popular.  

O ex-governador Mauro Carlesse ainda tem chão para percorrer até as urnas. Para ser eleito senador, primeiramente precisa garantir o registro de candidatura. O candidato enfrenta uma ação de impugnação contra seu registro, com base no entendimento jurídico de que ele estaria inelegível por ter renunciado ao mandato, em 11 de março, para impedir a instalação de processo de impeachment, em tramitação na Assembleia Legislativa.

Carlesse ainda tem outro grande desafio: se conseguir o registro de candidatura, ainda pode ser barrado na hora de tomar posse, caso ganhe. O mesmo que aconteceu com o ex-governador Marcelo Miranda, em 2010 – foi eleito senador, mas não pode tomar posse. O candidato do Agir tem adotado a estratégia de enfrentar uma batalha de cada vez.

Depois de ser abandonado por praticamente todos os aliados, aos poucos vem tendo que se reerguer politicamente. Buscou um novo partido, lançou candidatura isolada para o Senado e tem surpreendido pelos grandes eventos que tem conseguido realizar. Carlesse foi desprezado pelos líderes políticos, mas não pelo povo. É o que sua campanha vem demonstrando. Se passar pela Justiça Eleitoral, terá conquistado o que precisa para se tornar um candidato competitivo que também tem chances de conquistar a cadeira.

Amastha demorou a perceber que estava sendo escalado numa posição que renderia menos do que poderia. As pesquisas indicaram que sua posição deveria ser de protagonista com capacidade para ajudar a definir o resultado. Um candidato a deputado federal que poderia não se eleger, Amastha passou agora a ser o parceiro de peso do candidato Ronaldo Dimas que ganhou muito com a sua adesão. Amastha promove um arrastão em Palmas com Dimas e ganha a seu favor a simpatia da região norte, mais fechada com o ex-prefeito de Araguaína. Dimas consolidou uma chapa forte e Amastha ganhou um governador que pode ser determinante para conquistar a cadeira do Senado.

Kátia e Dorinha ainda são as favoritas. Dorinha, cada vez mais, porque é a candidata do governador Wanderlei Barbosa e tem como crescer. Basta colar no governador. Kátia enfrenta um alto índice de rejeição, mas tem a seu favor a pulverização dos votos e um esquema político-partidário invejável, que já conquistou ao menos três mandatos no Senado – dois com ela e um com seu filho, Irajá Abreu, candidato ao governo pelo PSD. Uma marca que só ela tem no Tocantins.