Secretário Estadual da Agricultura do Tocantins, Jaime Café, fala de sua trajetória política e do agronegócio

O atual Secretário Estadual da Agricultura do Tocantins, Jaime Café, é produtor rural, foi presidente do Sindicato Rural de Lagoa da Confusão e prefeito daquele município por dois mandatos. Exerceu o cargo de Secretário de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento na gestão estadual entre 2011  2014, como também ocupou o cargo de deputado estadual no ano de 2017.

Nesta entrevista exclusiva, ele discorre sobre trajetória política, como também expõe sobre a realização da maior feira tecnológica no ramo do agronegócio da região norte, a Agrotins.  

O Sr. já exerceu o cargo de prefeito de Lagoa da Confusão e, também, Secretário da agricultura em outra gestão estadual. Também chegou a assumir o cargo de deputado estadual, na Assembleia Legislativa do Tocantins, uma vez que era suplente. Poderia traçar um perfil desse histórico?
Sou produtor rural na região da Lagoa da Confusão há mais de 30 anos, exercendo atividades no ramo da pecuária, cultivo de arroz, soja e milho, como também já tive oportunidade de produzir frutas, como melancia. Estou na vida pública desde quando encabecei a criação do Sindicato Rural de Lagoa da Confusão e tive a missão de organizar o setor que, na época, estava sem muita estrutura.

Como presidente, consegui ajudar muito essa classe e, exatamente por esse motivo, exerço atualmente o cargo que hoje ocupo, uma vez que estou como gestor do setor agropecuário do governo do Tocantins.

Na condição de prefeito de Lagoa da Confusão, quais foram os avanços?
O enfoque foi, sem dúvidas, a agricultura e a industrialização dos produtos que eram produzidos na época. Percebi enquanto gestor o quanto era importante levar Indústrias para lá, porque muito mais interessante do que arrecadar impostos, era criar empregos. Já no primeiro ano de mandato tivemos a felicidade de contar com alguns empresários locais e mudamos o nosso plano diretor, criando um distrito agro industrial. 

Foi um modelo mais moderno, sem doar áreas para ninguém, uma vez que dois produtores que tinham áreas estratégicas cederam parte das terras para esse distrito, para o qual levamos a infraestrutura necessária. Hoje, sem dúvidas, é a maior área de armazenamento de grãos, com maior capacidade estática de armazenamento do norte do Brasil, localizada na saída para a cidade Dueré. 

Atraímos várias Indústrias para processar o arroz produzido na região e conseguimos atrair empresas no segmento de sementes, principalmente de soja e arroz, gerando emprego e renda. Isso foi realmente uma marca da minha gestão. 

Penso que o lema adotado foi trocar o imposto pela gestão e pelo emprego. Sabemos que a competitividade no ramo Empresarial existe e, por isso, é necessário que haja uma carga tributária justa para que o produto possa chegar no mercado com preços competitivos. 

Aliado a isso, as pessoas que foram beneficiadas com emprego naquela região, acabavam por gastar seus salários na própria cidade, gerando riqueza e renda para o município, uma vez que mais de 2.000 pessoas obtiveram empregos diretos.

O senhor também chegou a assumir o cargo de deputado estadual uma vez que era suplente em 2017…
Em que pese ter sido pouco tempo no parlamento, acredito que essa experiência foi muito importante e isso me credencia a entender como funciona o sistema legislativo. Por isso, podemos elaborar demandas que possam viabilizar a vida das pessoas, tanto na cidade quanto no campo. Levantei várias bandeiras dos produtores rurais, na condição de deputado representante do setor Rural, como a desburocratização no sistema de licenciamento ambiental. 

Após assumir a Secretaria de agricultura do Estado do Tocantins, percebi que o governador estava muito sensível em relação a esse tema. Já estamos discutindo o encaminhamento para Assembleia, nos próximos dias, do novo código florestal tocantinense. Há um novo código brasileiro, contudo, lei estadual está defasada. Não há pretensão de facilitar o desmatamento, nada disso, mas sim, especificar com clareza o que é permitido e o que não é, para que o produtor possa ter segurança nas suas atividades, contribuindo com o país em relação à produção de grãos, outras atividades agrícolas ou industrialização.

O Sr. transferiu o seu título eleitoral para Palmas e disputou eleição para vereador na capital do Tocantins no ano de 2020. Embora os seus laços estejam interligados à cidade de Lagoa da Confusão porque o Sr. decidiu entrar nessa disputa?
Em 2018 empreendi mudança definitiva para capital e me estabeleci aqui. Em 2020 surgiu a oportunidade de me candidatar. Fiz um trabalho árduo e embora muito recente, com apenas dois anos morando na cidade, obtive uma votação muito expressiva. 

Fiquei muito feliz com esse reconhecimento e pela repercussão do meu nome na capital, pois fui o décimo mais bem votado. No entanto, fiquei como suplente, por conta da Lei eleitoral brasileira, que prevê a ascensão ao cargo pela legenda. São nove vereadores que atualmente estão no exercício do mandato que obtiveram menos votos do que eu. Foi uma experiência importante, percebi que a campanha de vereador na capital é muito disputada e considero que foi um aprendizado muito grande, sobretudo porque Palmas é um lugar apaixonante e muito bom para o desenvolvimento exercício de qualquer atividade.

Em razão da pandemia a Secretaria Estadual da Agricultura que o Sr. comanda foi obrigada, pelo segundo ano consecutivo, a promover a “Agrotins” de forma virtual e digital. Foram feitos alguns “Workshops” a respeito dos novos rumos do agronegócio, mas seria interessante que o senhor expusesse como serão estas inovações…
Considero a Agrotins 2021 como uma resposta acerca da importância que o governo dá ao agronegócio e a Agricultura Familiar. Mesmo sendo um tempo difícil – não sendo possível fazer a feira de forma presencial em razão da pandemia – foi necessário criar alternativas. O tema da Feira desse ano foi o “Agro 4.0”, ou seja, a tecnologia chegando até o produtor, visando com que ele tenha melhor produtividade. A feira tecnológica, nesse modelo virtual e digital, é prova do pioneirismo. 

Desde o ano passado, o modelo implantado pelo ex-deputado federal e ex-secretário César Hallum, realmente não permite que haja aquele clima festivo. Porém, conseguimos levar até o produtor as tecnologias de forma virtual, para que ele acesse a plataforma a qualquer momento, mesmo porque ela vai ficar aberta ainda por mais 35 dias, após a finalização do evento. Nesse tempo, pode-se assistir e rever palestras, rodadas de conversa, cursos, que tratam sobre mercado e tendências, especialmente nas principais atividades agrícolas do Estado. São palestras que tratam sobre o mercado futuro da carne, do arroz, da soja, do milho, além de questões jurídicas ligadas a financiamentos e outros temas correlatos. 

Nos pavilhões, em que houveram palestras com pessoas renomadas, há vídeos sobre os mais variados temas, sobre o nosso mercado e, por isso, a feira simboliza a importância do agronegócio. Além disso, a Agrotins também tem a sua importância econômica, uma vez que há vendas de colheitadeiras, máquinas e implementos agrícolas e automóveis utilitários ou não. Já os bancos oferecem linhas de crédito diferenciadas para aquisição desses bens e assegura esse viés, gerando oportunidades para os produtores.

E quanto a atividade Pesqueira no Tocantins? Também foi tema da Agrotins?
A atividade aquícola foi o ponto alto da Agrotins 2021. Foram vários projetos apresentados, em especial por parte da Embrapa, que apresentou durante o evento, soluções para os problemas enfrentados pela área, no que concerne a tanques-redes e formas de evitar a mortandade dos peixes durante a sua criação. 

Participaram algumas empresas durante a feira que apresentaram, inclusive, propostas para fazer infraestrutura para Aquicultura e Pesca, com a participação da Embrapa, o que viabilizará projetos de produção de peixes no grande lago de Palmas, por exemplo. 

Enquanto secretário da Agricultura o que o Sr. ainda pode melhorar nesse setor e quais são as suas perspectivas para o resto do mandato?
Entendo como muito importante a doação de máquinas ou emendas parlamentares para aquisição delas para pequenas associações rurais. Todavia, muito mais importante que isso, é habilitar o cidadão para que ele possa trabalhar, concedendo-lhe o título para que ele possa ser o dono da área, contrair financiamentos, investir mais na sua terra e desburocratizar a obtenção de uma licença ambiental. Isso permite que haja exploração da terra de maneira sustentável, como também lhe traz segurança jurídica.

Estamos fazendo um grande esforço para promover essa regularização fundiária e gerar essas condições e, para tanto, estamos em parceria com o Incra com o Naturatins, para que esse pessoal tenha condição de ter acesso ao crédito e produzir nas mais diversas áreas, gerando emprego, renda e mais riqueza para o Tocantins.