Marcus Marcelo: “Eu defendo que os professores precisam ganhar bem”

O deputado Marcus Marcelo (PL) se mantém como um dos líderes mais próximos do ex-candidato ao governo Ronaldo Dimas (PL), um dos principais nomes das oposições no Estado, mas no plenário da Assembleia Legislativa o deputado está cada vez mais próximo do governador Wanderlei Barbosa (Republicanos), porém sem necessariamente ter de aderir. “Aquilo que eu entender que é importante para ajudar o governo do Tocantins, estou muito aberto para que isso aconteça de forma muito tranquila mesmo”, declara o deputado, sobre modo de alinhamento.

Marcus Marcelo aponta que Araguaína avançou muito em termos de gestão pública nos últimos dez anos e que o prefeito Wagner Rodrigues (Solidariedade), que segue o trabalho iniciado por Dimas, deve ser reconduzido ao cargo. “Wagner vem dando continuidade a um planejamento que foi feito e de que eu também fiz parte. O momento agora é de continuar trabalhando, o processo eleitoral é no próximo ano e nós vamos nos sentar para reavaliar todo esse projeto e ver como estará o pensamento do grupo”, pontua o parlamentar, que assegura que o prefeito será candidato a reeleição.

Deputado de primeira legislativa, Marcus Marcelo aponta que a educação é prioridade entre suas bandeiras de luta no Parlamento estadual. “Uma de nossas principais bandeiras é a da defesa da educação, que tem o poder de transformação de uma sociedade. Temos o intuito de fortalecer a educação com qualidade, valorização dos professores e de todos os profissionais da educação, com remuneração justa, vamos lutar muito para isso que aconteça”, assegura. 

Marcus Marcelo, de 49 anos, é biólogo e médico veterinário. Professor da rede estadual de ensino, foi secretário de Governo em Araguaína de 2006 a 2008. Foi também vereador por dois mandatos consecutivos, três vezes presidente da Câmara, vice-prefeito de Araguaína e eleito deputado estadual no ano passado com 13.277 votos, sendo 9.407 deles em Araguaína. Nesta entrevista exclusiva ao Jornal Opção, o deputado fala da sua estreia no Legislativo estadual, faz uma avaliação do governo Wanderlei Barbosa, aponta que Ronaldo Dimas ainda tem muito que contribuir com o Tocantins e revela que o grupo político do qual faz parte tem projeto de poder para 20 anos em Araguaína. 

O sr. já se ambientou em seu novo palco político, o plenário da Assembleia Legislativa?

Todo começo de trabalho é sempre desafiador, mas a experiência que acumulamos ao longo da nossa história nos serve de orientação e nos garante tranquilidade. Tive a oportunidade por duas vezes de ser vereador de Araguaína, três vezes presidente da Câmara e recentemente estava na condição de vice-prefeito [de Araguaína]. Chego a esta Casa com muita vontade de trabalhar. O Parlamento, claro, modifica um pouco a forma do trabalho em cada local, mas não é tão diferente do que desenvolvemos na Câmara. Já me ambientei aqui, estou trabalhando muito, já apresentando algumas proposituras, pertinentes a este momento do Estado. Podem ter certeza que, de nossa parte, a população verá muita dedicação para que a gente possa trazer resultados para o Estado do Tocantins.

Qual é o foco de sua atuação na Assembleia Legislativa, como profissional identificado com a educação?

É bem amplo, mas temos algumas bandeiras que acabam criando uma identidade maior. Sou professor de carreira, da rede estadual de ensino, concursado há mais de 20 anos, e uma de nossas principais bandeiras é a defesa da educação, que tem o poder de transformação da sociedade. Temos o intuito de fortalecer a educação com qualidade, valorização dos professores e de todos os profissionais da área, com remuneração justa. Vamos lutar muito para que isso aconteça. Além da educação, também sou médico veterinário, então a causa animal tem sido trabalhada, tendo iniciado essa atuação na Câmara de Araguaína e trazendo para cá de modo que a gente possa fazer essa defesa. Não posso deixar de mencionar também a pauta da inclusão. Em Araguaína, por exemplo, sou autor da Clínica-Escola Mundo Autista, a terceira clínica do Brasil desse tipo, que tem feito um trabalho extraordinário, referência em nível nacional – inclusive, em 2021 recebemos a presença do [então] ministro [da Educação, Milton Ribeiro], que veio in loco conhecer o trabalho da clínica. Tenho certeza de que com esse exemplo [da clínica], trabalhando com muita firmeza aqui na Casa, vamos conseguir levar o benefício a outras comunidades, para que a gente possa abrir clínicas em mais cidades.

O professor não pode ficar tão desvalorizado em relação a outras categorias 

Como sr. avalia a resistência dos prefeitos à implementação do piso salarial nacional dos professores? Como fazer para que os municípios se tornem defensores desse benefício?

Precisamos discutir esse tema com clareza. Eu compreendo que, de fato, possam ter alguns municípios com essa dificuldade. Visitando o secretário da Educação [Fábio Vaz] esta semana, tratamos desse assunto. É importante trabalhar para criar uma unidade na pauta da educação. O Estado também tem de ter visão para uma educação municipalista, em que precisa dar suporte e apoio aos municípios, principalmente às secretarias [da Educação] das cidades menores. O que é importante é que nós precisamos pautar a valorização do profissional da educação, a valorização dessa remuneração. Eu defendo que esses profissionais precisem ganhar bem mesmo. Outras categorias avançaram no decorrer dos últimos anos. Infelizmente, o salário do professor ficou para trás. Portanto, é um debate que nós teremos de encarar. Eu percebi no secretário a vontade de fazer o melhor, ele [Fábio Vaz] é servidor de carreira da área também. Apresentei um expediente ao governador, exatamente pedindo o aumento do salário do professor, atendendo inclusive o piso que foi aprovado – e o piso tem de ser reajustado anualmente, é o que a lei determina desde 2008. Sabemos que dificuldade existem, mas nós temos de buscar os caminhos. O que não pode é a categoria ficar tão desvalorizada em relação a outras.  

O sr. foi eleito na chapa encabeçada por Ronaldo Dimas, candidato de oposição. Como fica sua condição na Assembleia, onde parece não haver contrários ao governo?

Eu vejo isso de forma muito tranquila. O processo eleitoral se encerrou no dia da eleição. Claro que eu sempre fiz política com muita identidade de grupo, mas agora a gente vive um momento de espírito público acima de tudo. Então, minha missão aqui na Assembleia é trabalhar para que a gente possa contribuir com o desenvolvimento do Estado. Essa é minha preocupação, minha missão, chego com vontade de trabalhar e, principalmente, de fazer aquilo que entender que seja importante para ajudar o governo do Tocantins. Eu estou muito aberto para que isso aconteça de forma muito, mas muito tranquila, mesmo. A gente tem de construir para frente, o processo eleitoral se encerra e a gente está vivendo outro momento agora. Esse momento é de ajudar o Estado.

Não me coloco entre os postulantes [a prefeito de Araguaína], muito pelo contrário, me coloco na condição de ajudar

Seu nome aparece entre os prováveis candidatos a prefeito de Araguaína em 2024. Que avaliação o sr. faz dessas cogitações?

Estou muito focado em desenvolver um bom trabalho como deputado estadual. Lá atrás, quando aceitamos aquela composição – com o prefeito Wagner Rodrigues estando na condição de vice-prefeito –, já sabíamos, e era um planejamento de grupo, que eu ajudaria o Wagner a ser eleito prefeito e naturalmente teria um respaldo de todo o grupo, inclusive do prefeito Wagner, para que a gente chegasse à Assembleia Legislativa. Nosso foco, então, é fazer um bom mandato de deputado estadual, contribuir com o Estado, com Araguaína e toda a região, à qual eu tenho uma gratidão enorme. A população de Araguaína tem reconhecido muito nosso trabalho, tive de lá mais de 9 mil votos – foram exatamente 9.407 votos de pessoas que, de fato, acreditam no nosso trabalho. Então, não me coloco entre os postulantes, muito pelo contrário, me coloco na condição de ajudar a contribuir e que a gente possa se sentar à mesa, planejar e entender o futuro de Araguaína e do Tocantins.

O ex-prefeito Ronaldo Dimas deixou uma marca importante em Araguaína, uma gestão modelo para o Estado que teve sequência com a eleição de Wagner. O sr. acha que o atual prefeito consegue manter esse grupo unido em torno de sua reeleição?

O trabalho do então prefeito Ronaldo Dimas foi fruto de um grande planejamento e de que me orgulho muito de ter participado. Cheguei junto com o prefeito Ronaldo, em 2013 – ele, prefeito, e eu, vereador de primeiro mandato –, já assumindo a presidência da Câmara. Foram seis anos e três mandatos consecutivos. E todo o planejamento que foi feito para 20 anos. A gente colocou isso com muita clareza. Estamos hoje com dez anos à frente do município e entendo que a população compreendeu os avanços que Araguaína teve ao longo deste período. Avançamos significativamente em todas as áreas: na infraestrutura, educação, saúde, nos projetos de habitação. O prefeito Wagner vem dando continuidade a um planejamento que foi feito e de que eu também fiz parte. O momento agora é de continuar trabalhando, o processo eleitoral é no próximo ano, vamos reavaliar todo esse projeto e ver como estará o pensamento do grupo. O Wagner será candidato à reeleição e a gente tem contribuído e ajudado o prefeito. Agora, quero ajudar como deputado estadual, não em questão da gestão do prefeito Wagner, mas ajudar Araguaína, essa é a nossa missão.

Ronaldo é um grande líder. Tenho convicção plena que ele tem muito ainda a contribuir com o Estado

Como o sr. avalia o futuro político do ex-prefeito Ronaldo Dimas? Ele se mantém como um potencial candidato a governador em 2026?

O Ronaldo é um grande líder, tem uma história. O Estado todo o conhece. Foi presidente da Federação das Indústrias do Tocantins (Fieto), foi deputado federal, um dos prefeitos mais bem avaliados do Estado e do Brasil. Acompanhei-o na condição de presidente da Câmara em várias premiações em Brasília, em São Paulo… então, foi uma gestão reconhecida. Teve a coragem de colocar o nome à disposição para o governo do Estado. A gente precisa respeitar o resultado das urnas, mas não tenho dúvidas de que o Ronaldo é um grande líder e que para o futuro as coisas vão se organizando. Ele é jovem ainda, tem muito pela frente e eu tenho convicção plena de que ele tem muito ainda a contribuir com o Estado.

Vejo de forma positiva o trabalho que ele [Wanderlei Barbosa] vem desenvolvendo à frente do governo do Estado 

Como o sr. avalia o governo de Wanderlei Barbosa?

Faço uma avaliação positiva. O reconhecimento da população em ter dado a oportunidade para continuar conduzindo os rumos do Estado demonstra isso. Estive com ele em algumas oportunidades e a gente percebe a vontade que ele tem de acertar. Pode ter certeza que, quando a gente tem vontade e age com pensamento positivo, as coisas acontecem.