Uma vestal em casa de moças de reputação suspeita. Parece ser essa a imagem que o prefeito de Palmas, Carlos Amastha (PSB), tem de si. Mesmo distante milhas e milhas, diretamente de Edmonton (Canadá), onde participou da abertura da segunda edição dos Jogos Indígenas, na terça-feira, 4, o prefeito vociferou novamente nas redes sociais, desta feita, contra a políticos do Estado do Tocantins.

“Os caras sendo indiciados, denunciados, por crimes que todos sabemos que na maioria dos casos são verdadeiros, têm a coragem de pedir voto”, disparou Amastha. Segundo o prefeito, “de trabalho, de projetos, de melhorar a vida da população, ninguém fala”. “Vamos cobrar meu povo (sic). In­competência, roubalheira, tem que acabar”, alfinetou o gestor.

Tudo começou quando o chefe do Executivo comentou sobre a pressão para as definições sobre a disputa do pleito 2018. O prefeito disse que não quer saber disso no momento e que, na hora certa, tomará “alguma decisão”.
“Monte de gente enchendo paciência falando de 2018. Não quero saber. Tenho um diamante para polir. Na hora certa tomarei alguma decisão. Agora não”, postou. Ato contínuo, Amastha ressaltou: “Por isso o Tocantins não sai do buraco”. “Bando de políticos, na maioria vagabundos, que apenas pensa nisso. E o povo ainda vota neles. Até quando?”, questionou.

O ataque histérico gerou reações imediatas, dentre elas, o seu mais ferrenho crítico, o deputado Wanderlei Barbosa (SD). O parlamentar disse que vai enviar ofício a todos os prefeitos, vice-prefeitos, vereadores e associações da classe política para informá-los da declaração do prefeito de Palmas, nas redes sociais. “Ao atingir políticos do Estado, o Amastha xinga prefeitos, vice-prefeitos, vereadores, deputados estaduais, federais e senadores”, avaliou Wanderlei.

Para o parlamentar, o prefeito tenta fazer uma jogada de marketing político pessoal. “Não sei se tem orientação para isso, mas, dessa forma, ele fecha as portas para toda a classe política do Estado, não tenho dúvida”, afirmou o deputado.

Wanderlei disse repudiar esse tipo de comportamento porque ele generaliza e coloca todos no mesmo balaio. “Isso não é ruim para ele, é ruim para o Estado, que tem os seus líderes totalmente achincalhados por alguém que não tem compromisso com muitas cidades do Estado, mas com seu próprio telefone e com o que diz nas redes sociais”, criticou.

“Inclusive, o Amastha desrespeita ele mesmo e o grupo político dele, que conta com Tiago Andrino, Júnior Coimbra, Alan Barbiero e Ricardo Ayres, e sua base na Câmara de Palmas, composta por políticos antigos, como Jucelino Rodrigues, Folha, que tem três mandatos, Marilon Barbosa, Major Negreiros. Todos foram chamados de vagabundos”, afirmou Wanderlei.

Já o deputado federal Cesar Halum (PRB), em discurso na solenidade de lançamento do programa “Meu Lote Legal”, na quarta-feira, 5, no Palácio Ara­guaia, ressaltou que, quem quer parceria não pode ir às redes sociais e chamar todo mundo de vagabundo. “Aqui nesta mesa não tem vagabundo, só tem gente séria”, defendeu.

Para o parlamentar, Amastha não pode generalizar. “Precisa dar os nomes dos ‘vagabundos’, isso, sim, que é ser corajoso”, alfinetou o deputado.

Amastha fala em indiciamentos, denúncias e roubalheiras. “Ora, ora, o prefeito parece ter esquecido de lembrar da Operação Nosotros, que apurou fraudes em licitações e vasculhou seu apartamento, apreendendo dólares e documentos, enquanto ele estava em viagem à cidade de Barcelona; da investigação do TCU que barrou as futuras obras do BRT de Palmas, por indícios de licitações fraudulentas; ou mesmo que abriga no Paço Municipal, na condição de secretário municipal, o ex-deputado federal Junior Coimbra, envolvido até o pescoço nas delações da Odebrecht.”

O certo é que o tiro pode ter saído pela culatra, porque quem tem teto de vidro não pode atirar pedras para cima.