A ex-deputada estadual, Luana Ribeiro (PC do B), revela que pode disputar as eleições de Palmas em 2024. A ex-deputada pondera que a decisão ainda depende de muitas variantes, mas confessa que está muito propensa a atender o chamamento da população da capital para que entre na disputa.

“Esse é um processo que ainda falta muito para se ter uma decisão final, mas devo confessar que por onde eu passo as pessoas têm perguntado se vou ser candidata. Querem ter uma opção e se lá na frente eu sentir que tenho condições, não tenho porque não disputar”, anunciou a ex-deputada.

Luana Ribeiro atribui à imaturidade política o fato de ter chegado a liderar as pesquisas de intenção de voto como candidata a prefeita em 2012, mas ter acabado em terceiro lugar, dando a impressão de que abandou a campanha do meio do caminho. Luana garante que desta vez sobra experiência e maturidade.

“De lá para cá, eu ampliei meus horizontes, eu conheci gestões e eu sei que a cidade de Palmas, assim como no passado, tem grandes desafios. Nós temos aqui uma capital planejada, que era para ter um BRT e infelizmente não temos. O que tem hoje é um problema muito sério no transporte público”, apontou a ex-parlamentar.    

Filha do ex-senador João Ribeiro, Luana é turismóloga e exerceu quatro mandatos de deputada estadual. Iniciou a carreira política em 2006, quando se elegeu deputada estadual. Em 2012, disputou a prefeitura de Palmas e chamou atenção pelo crescimento rápido nas pesquisas e perda de consistência na reta final.

Luana exerceu quatro consecutivos de deputada estadual e, em 2018, assumiu a presidência da Casa, se tornando a primeira mulher a assumir o comando do Legislativo estadual. Nesta entrevista exclusiva ao Jornal Opção, ela falou ainda sobre os grandes desafios de Palmas, que inclui o Hospital de Urgência e Emergência, o BRT e regularização de bairros irregulares, dentre outros temas.

“Eu tenho orgulho da história do meu pai e construí uma carreira seguindo o seu exemplo de homem público dedicado”, afirma Luana | Foto: arquivo pessoal

A senhora já externou publicamente que pode disputar as eleições da capital em 2024. O que a motiva a voltar disputar a Prefeitura de Palmas?

Ninguém pode ser candidato de si mesmo. Esse é um processo que ainda falta muito para ter uma decisão final, mas devo confessar que por onde eu passo as pessoas têm me perguntado: vai ser candidata? Você tem pretensão de disputar as eleições de Palmas? As pessoas na rua têm me perguntado muito sobre essa possibilidade. Pedindo uma opção e se lá na frente eu sentir que tem condições, não tenho porque não disputar.

Eu tenho uma trajetória política, venho de uma família política, meu pai [senador João Ribeiro] foi político pioneiro no Tocantins que contribuiu com a luta pela criação do Estado. Eu tenho orgulho, muito orgulho da história do meu pai. E construí uma carreira seguindo o seu exemplo. Como ele, tenho uma vasta folha de serviços prestados ao nosso Estado.

Comecei na política muito jovem e hoje eu tenho certeza que eu tenho uma bagagem muito maior do que quando ingressei na vida pública. E quando você gosta de um ofício, como eu gosto de servir o próximo, de servir as pessoas, não muda muita coisa se tem ou não mandato eletivo. Minha casa continua movimentada, minha vida continua movimentada, eu tenho recebido as pessoas. Então, é um processo que eu vou dizer, aliás, meu pai sempre dizia, uma vez na vida tem que perder uma eleição para saber como é que é.

Eu nem me sinto assim, que tenha perdido uma eleição, muito pelo contrário, foi um processo. Eu não sou de ficar olhando para trás, eu foco é na frente, mas foi um processo onde eu tive uma boa votação e não tivemos legenda. Então, não posso nem reclamar, porque a população foi maravilhosa comigo, eu só tenho que agradecer. Os amigos foram maravilhosos, os prefeitos, vereadores, as lideranças que me apoiaram. Então, nem posso dizer, nem posso reclamar, muito pelo contrário, eu sou muito grata a todos aqueles que me apoiaram em todos esses anos, ao longo da minha trajetória política, cada pessoa que participou desse processo. Foi um processo de muito trabalho e de muito aprendizado. Na vida, a gente, até o fim, vai aprendendo.

Que paralelo a senhora faz desse momento com a primeira postulação como candidata a prefeita de Palmas, em 2012. Já disse que não é muito de ficar olhando para trás, que seu foco é o futuro. Quais são os novos desafios da cidade e como a senhora pretende solucioná-los?

Quando eu falo olhar para frente, a gente não pode esquecer o que passou na nossa trajetória, na nossa vida. Naquele momento, [2012] onde eu fui candidata a prefeita, eu era muito mais jovem, mas eu me preocupei em elaborar um Plano de Governo, uma proposta estruturada com foco nas principais demandas da população.

E eu acho que uma coisa que pesou demais naquela eleição, dentre outros fatores que ocorreram, mas talvez o principal deles tenha sido o fato de eu ser muito jovem, e as pessoas perguntavam, será que ela dá conta de gerir uma cidade? Então, hoje não. Hoje até a iniciativa privada é diferente, a política é diferente. Hoje as pessoas ingressam mais jovens.

Eu, quando fui eleita deputada, fui a terceira mais jovem do Brasil. Então, assim, de lá para cá, a idade vem caindo cada vez mais e se a pessoa demonstrar que tem competência, não há obstáculo que não possa ser superado. Mas de lá para cá, eu ampliei meus horizontes, eu conheci gestões e eu sei que a cidade de Palmas, assim como no passado, tem grandes desafios.

Nós temos aqui uma capital planejada, que era para ter um BRT [Bus Rapid Transit], por exemplo, e infelizmente nós não temos. Hoje temos um problema muito sério no transporte público. O trabalhador, as pessoas, sofrem muito com isso. Então, à medida que a cidade cresce, também crescem os problemas e, obviamente, também as oportunidades.

Hoje nós temos uma cidade onde há uma demanda muito grande por escola, por creches para as mães que trabalham o dia inteiro, para os pais, para as famílias que não têm condição de pagar uma escola particular e nenhuma pessoa para cuidar dos filhos. Então, assim, são muitos desafios que temos à frente da Capital. E fortalecer a economia local, eu sempre digo que não é só Palmas, mas o Estado do Tocantins como um todo, tem que criar cada vez mais uma independência econômica na iniciativa privada. A iniciativa privada tem que expandir, tem que crescer, tem que se fortalecer na nossa Capital.

De todos os Estados da federação, a única capital que não tem hospital municipal é Palmas.


A senhora também aponta que Palmas é a única capital que não tem um hospital municipal, que tem sido uma das promessas mais citadas as últimas campanhas e nunca saiu do papel. Porque na campanha o hospital parece tão prioritário e depois simplesmente é esquecido?


Esse debate é antigo e as pessoas estão cada vez mais desacreditadas. Infelizmente é a realidade. De todos os Estados da federação, todos, a única capital que não tem hospital municipal é Palmas. Araguaína já tem, que é a segunda maior cidade do Tocantins, sendo que a receita de Palmas é bem superior. Existiram compromissos de pessoas que foram eleitas, inclusive esse foi um dos carros-chefes das campanhas. Então, eu acho que agora falar nesse momento em hospital, as pessoas até ficam desacreditadas, mas é algo necessário. 

Agora o Tocantins me conhece, sabe que eu não fujo à luta e que se eu me comprometo, vou até o fim. Nós estamos ainda, no mês de agosto, numa campanha do “Agosto Lilás”, que eu vi mobilização no Estado inteiro e é um projeto de lei de minha autoria. Então, no dia a dia das pessoas tem um pouquinho de mim. Não só com essa lei, mas tem muitas outras leis que beneficiam o Tocantins.

As 30 horas da saúde, que eu comecei lá atrás, ninguém acreditava. Foram 13 categorias beneficiadas. Todo mundo achava que minha luta seria em vão e não foi. Então, isso é muito gratificante. Tem o trabalho, tem muito projeto de lei interessante e as pessoas sabem que eu sou de realizações. Se eu me comprometo a fazer alguma coisa, eu vou até o fim e quero o melhor resultado possível. Inclusive, eu acredito que no poder público.

Você tem de dar bons resultados porque o dinheiro é público. É um motivo maior para você fazer uma obra bem feita, de qualidade, duradoura. Onde as pessoas possam usufruir de um serviço e de uma obra de qualidade, de uma estrutura de qualidade, um serviço de qualidade. E eu tenho certeza, com tudo que eu aprendi ao longo dos anos, na minha trajetória de trabalho, na trajetória acompanhando o meu pai, eu tenho certeza que dá para realizar. É só ter boa vontade.

Como senhora ver o crescimento acelerado do distrito de Luzimangues, já postulando a emancipação. É um problema ou uma solução para Palmas?
As pessoas querem jogar a batata quente para a mão do outro. Luzimangues legalmente faz parte de Porto Nacional, mas está colada em Palmas. Então, tem como Palmas atender a população de Luzimangues? Eu sei que a população de Luzimangues quer a emancipação. Mas quer fazer, sim, vão correr atrás, vão lutar. Mas até que se consiga isso, não pode deixar a população a ver navios. E não tem só Luzimangues, não. Nós temos outros desafios maiores aqui dentro da capital que são bairros que ainda não estão regularizados, que não estão asfaltados, que não têm energia, que não têm água. É chegar para cima do problema, é resolver e solucionar. É isso que tem que ser feito.

Como é que a senhora avalia a gestão da prefeitura Cinthia Ribeiro (PSDB), também uma herdeira política do senador João Ribeiro?
Sim, eu a respeito [Cinthia Ribeiro] como viúva do meu pai. Mas uma coisa é a pessoa que foi casada com o meu pai, que eu gosto de separar bem, e outra coisa é a gestão da Prefeitura de Palmas. Eu não vou dizer que só houve erros, porque não existe só erros, claro que não. A gente tem que reconhecer o que foi positivo. Mas também tem muitas coisas que deixaram a desejar. Como o transporte público de Palmas.

Quer mudar? Quer acabar com o monopólio?  Ok, mas tem que ter um planejamento, tem que ter um preparo. A sociedade, a população, o usuário, acaba pagando uma fatura alta. Então, tudo pode ser feito, mas depende da forma que é feita. Para mudar o transporte público da capital, tinha que ter programado, planejado com antecedência, para a população não pagar uma fatura tão alta.

As creches, que eram de período integral, não são mais. E como é que ficam as mães que trabalham o dia inteiro, os pais, as famílias, que não têm com quem deixar os filhos pequenos? Minha mãe me criou dizendo assim: o maior patrimônio que uma mãe pode deixar para o filho, um pai pode deixar para o filho, é a educação, que isso ninguém te toma, isso ninguém tira de você.

Hoje nós estamos caminhando para um mundo globalizado, para um mundo tecnológico, com acesso à informação, com inteligência artificial. Mais do que nunca, a sociedade exige que a gente prepare as pessoas para o que vai vir e para o que já chegou. Então, uma coisa muito importante de qualquer gestão, é uma educação de qualidade. É uma educação onde a mãe e o pai podem trabalhar com a certeza de que aquela criança está sendo bem educada.

Isso é bíblico. Em Provérbios 22, versículo 6 fala: ensina o menino, ensina a criança o caminho que ele deve andar e não se desvirtuará dele. É isso, conhecimento, educação. É uma coisa que uma gestão precisa de priorizar. Uma gestão tem que priorizar uma educação de qualidade para a população. E sem contar que não é só priorizar uma educação de qualidade. Tinha que construir mais creches, mais escolas, ampliar mais vagas. E isso não foi feito de acordo com o crescimento, a velocidade do crescimento populacional de Palmas.

A senhora integra de um partido de esquerda [PC do B], que faz parte da base do presidente Lula. A senhora poderia vir ser a candidata da base da esquerda em Palmas, que hoje tem poucos nomes se contrapondo aos pretensos candidatos de direita, que são muitos. A propósito, como é que a senhora avalia o governo Lula?

O meu pai, o senador João Ribeiro, fez parte do conselho da Presidência da República do presidente Lula, mas ele era de um partido, que é o PL, onde esteve o presidente Bolsonaro. Então, cada um tem sua forma de ser, seu estilo.

No meu caso, foi por uma conjuntura política que eu fui convidada a ingressar os quadros do PC do B. Mas eu digo uma coisa: independente de qualquer partido, existem pessoas, existe gestão. A direita e a esquerda do Brasil ainda não são completamente consolidadas, agora que está se formando. Então é algo que ainda está sendo desenhado na nossa sociedade.

Independente de qual sigla que a Luana estiver, a Luana vai trabalhar igual um leão para servir ao próximo. Incansavelmente, igual uma gigante, para que as pessoas possam receber um trabalho de qualidade lá na ponta, independente de partido. Partido não define pessoas. Partido define ideias, mas, como eu disse, no Brasil, essas ideias não são muito consolidadas ainda.

E com relação à avaliação da gestão do presidente Lula, eu acho que ainda é muito nova a gestão dele e a gente não pode desacreditar. Até mesmo porque o Brasil não é só feito por um presidente da República, mas pelo produtor rural. O Brasil é um país que exporta alimento para o mundo inteiro.  A crise nos Estados Unidos reflete no Brasil. Então são vários fatores, mas eu digo que é uma gestão que está iniciando agora e eu não posso desacreditar, eu não posso desacreditar no gestor do meu país, eu não posso desacreditar no meu país.

Igual se você for falar da gestão anterior do presidente Bolsonaro, ninguém pode dizer que foi de tudo ruim, e ninguém vai dizer que foi tudo perfeito. Então tem seus erros, tem seus acertos, e acredito que o presidente [Lula] vai fazer uma boa gestão no nosso país, sim. Agora, ter um apoio de quem está no comando do país seria muito gratificante.

Ex-deputada Luana Ribeiro no plenário da Assembleia Legislativa | Foto: Silvio Santos

Como dizia meu pai, tem que combinar com o povo. Vox Populi, Vox Dei, a voz do povo é a voz de Deus.


A senhora vai lutar para ter esse apoio, tendo em vista a estreita ligação que o seu pai teve com o presidente, inclusive de amizade?

As pessoas já estão tratando como se eu fosse completamente candidata. É uma questão que eu não fujo à luta, mas eu não posso ser candidata de mim mesma. Eu tenho que ser uma candidata da coletividade, eu tenho que ser uma pessoa, como dizia meu pai, que tem que combinar com o povo. Combinou com o povo, está tudo certo, Vox Populi, Vox Dei, a voz do povo é a voz de Deus. Se eu ver que eu tenho boa aceitação, que eu tenho condições, aí eu vou fazer uma costura e quanto mais apoio conseguir, sempre é o melhor para qualquer candidatura. Não só para mim, mas para qualquer candidatura. Mas primeiro tem que combinar com o povo.

Palmas agora tem segundo turno. O que muda na disputa pela Prefeitura o advento do segundo turno?
Como Palmas cresceu muito, agora, com o segundo turno, eu acredito que democratiza mais a disputa. Oportuniza mais a apresentação de projetos para a cidade. É um processo natural da legislação brasileira, que eu não vou nem entrar nesse mérito, porque senão a gente ia ter que reformular toda a estrutura política e partidária do Brasil, no meu ponto de vista. Então, o importante é ter bons nomes e que o eleitor tenha boas possibilidades para escolher o seu gestor, seu representante.

E que avaliação a senhora faz da gestão estadual? 
É o mesmo caso. É igual avaliar o presidente da República. É uma gestão recente, que é nova, apesar do governador ter assumido um período antes em substituição ao titular. Eu só não quero é que o Tocantins fique passando por atos que descredibilizem o Estado, como a cassação de mandato de governador. Isso é muito ruim para a economia local. Então, a gente torce que o governador faça uma gestão de qualidade, atenda os anseios da população e conclua o trabalho, porque o Tocantins tem pressa no desenvolvimento, no crescimento. O Estado está expandindo e nós temos muitas, muitas, riquezas. Solo, clima, população. Então o nosso Estado tem tudo para expandir e para crescer.