Gedeon Pitaluga | Foto: Reprodução

Na quarta-feira, 28, uma das mais importantes instituições, a Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Tocantins (OAB-GO), elegeu seu novo presidente: Gedeon Pitaluga.

Candidato pela segunda vez, ele obteve êxito apenas nesta última, após conquistar 1.267 votos (36,5%) contra 1.265 (34,7%) depositados para Célio Henrique e 992 (29%) para Juvenal Klayber.

Há muito mais política — às avessas — nessa eleição institucional classista que o leitor pode imaginar. Restou claro que os advogados querem a independência da Ordem, não permitindo que a presidência da instituição se torne um balcão político.

Célio Henrique representava muito mais que a continuidade de Walter Ohofugi, que contribuiu com muitos avanços. Contudo, pecou quando o tema foi a defesa das prerrogativas dos advogados. O candidato situacionista carregou o peso dos equívocos da gestão do presidente em exercício, mas também sua vinculação com a política, uma vez que é ardente defensor do PT e seus membros. Pesou também o fato de os adversários e do eleitorado não terem se esquecido da filiação de Ohofugi, em plena eleição suplementar, ao PSD, presidido pelo deputado federal e senador eleito Irajá Abreu, sigla ligada ao grupo político da senadora Kátia Abreu (PDT).

Juvenal Klayber é, reconhecidamente, o melhor advogado eleitoral do Tocantins. Já advogou para os mais diversos grupos políticos, inclusive para o atual governador Mauro Carlesse (PHS). Exatamente em razão dessa proximidade e fama de bem-relacionado com os altos figurões da política tocantinense, Klayber ficou fora do páreo.

O seleto eleitorado se questionava em todas as rodas de conversa, pessoais ou virtuais, acerca da impossibilidade de enfretamento que Klayber teria se tivesse que questionar o governador Carlesse, caso os interesses da OAB entrassem em rota de colisão com os interesses do Palácio Araguaia. Como preceitua o bom “juridiquês”: “Deste desiderato, Klayber não se desincumbiu”.

Diante de todas estas circunstâncias, o candidato que poderia representar os verdadeiros interesses da OAB tocantinense era mesmo Gedeon Pitaluga. Sob a insígnia da “independência” e defesa das prerrogativas da classe, sem submissão a qualquer poder político, os advogados, extremamente corporativos, acabaram por concluir que, entre as três opções, Pitaluga fosse a melhor delas.

Acertaram? É provável que sim. Se erraram, o tempo dirá. É característica do Estado democrático de direito que o eleito beneficie ou prejudique todos os eleitores, independentemente da escolha de cada um deles. É o preço da democracia.  Se o direito romano é a base do direito brasileiro, nada mais oportuno que parafrasear o Imperador Júlio César: alea iacta est.