Expulsão de Kátia Abreu foi a crônica de um desfecho anunciado
25 novembro 2017 às 09h31
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A Comissão de Ética e Disciplina do PMDB não recuou e acabou por acatar, colegiadamente, a decisão de expulsar a senadora tocantinense Kátia Abreu, por atacar membros e autoridades regionais e nacionais do PMDB, além de ter votado no Senado contra a orientação do partido. O documento, assinado pelo presidente da comissão, Eduardo Karuse, foi entregue ao presidente nacional da sigla, senador Romero Jucá, na quinta-feira, 23, que recebeu os membros da Comissão no diretório nacional, em Brasília.
Karuse pediu, ainda, que Jucá tome “as providências necessárias ao cumprimento da decisão”, quais sejam, comunicação ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o Tribunal Regional Eleitoral do Tocantins (TRE-TO) acerca do cancelamento da filiação da parlamentar.
Kátia recebeu a notícia durante evento sobre o cenário político brasileiro na Universidade Yale, em Connecticut (EUA). Em nota à imprensa, foi irônica: “Fui expulsa exatamente por não ter feito concessão à ética na política. Fui expulsa por defender posições que desagradam ao governo. Fui expulsa pois ousei dizer não a cargos, privilégios ou regalias do poder”. E arrematou: “Fiquei no PMDB e não saí como queriam. Fiquei e lutei pela independência de ideias e por acreditar que um partido deve ser um espaço plural de debates. A democracia não aceita a opressão”.
O certo é que essa expulsão já havia sido decidida há tempos. A homologação do colegiado é apenas a pá de cal. Kátia foi teimosa, permaneceu no PMDB com o intuito de medir forças, mas essa novela teve seu capítulo final e a senadora tocantinense foi a grande derrotada. Muito embora ela pose como vítima, a expulsão foi um desprestígio, além de ser obrigada a arcar com prejuízos políticos, uma vez que sua exclusão da sigla lhe impede, por exemplo, de presidir qualquer comissão em trâmite no Senado.
Em que pese Kátia Abreu ter a pretensão de disputar o governo do Estado do Tocantins em 2018, ela não definiu em qual partido pretende se filiar. Ela disse que, por enquanto, continuará sem partido, e que vai conversar “com a população do Tocantins e com as lideranças políticas sérias do país antes de decidir o que será melhor para meu Estado e o Brasil”.
Lideranças sérias, apontam os burburinhos, seriam os membros do PDT, PSD e PT. A filiação neste último partido daria fôlego à candidatura de Lula à Presidência, entretanto, é bem improvável, uma vez que seria muito complexo convencer alguns membros do próprio PT, como também seria complicadíssimo convencer grande parte do eleitorado da senadora a aceitar tal filiação.
O PSD está – e sempre esteve – de portas abertas para a senadora, mesmo porque ela foi uma das fundadoras da sigla, ao lado do líder paulistano Gilberto Kassab, presidente nacional. Contudo, sua filiação não agregaria nada ao partido em termos regionais, visto que ela já é respeitada e considerada um grande líder naquela sigla, mesmo porque seu filho, Irajá Abreu, é presidente estadual da agremiação.
O destino deve ser mesmo o PDT. O Jornal Opção tentou contato com os líderes do partido no Tocantins, como o prefeito de Pedro Afonso e presidente da Associação Tocantinense dos Municípios (ATM), Jairo Mariano, a deputada estadual Luana Ribeiro e também o ex-deputado Ângelo Agnolin, contudo, não foi possível obter informações mais consistentes acerca de tal filiação.
Ao que parece, assim como ocorreu com o PMDB em 2014, Kátia será uma imposição da executiva nacional numa filiação “goela abaixo”.
O que muda para o cenário das eleições em 2018 ainda é difícil conjecturar, todavia, pode-se garantir que, a partir de agora, Katia terá condições de alinhavar alianças políticas e formar legendas para a disputa do governo do Estado, o que era impossível antes de sua expulsão do PMDB, na medida em que o candidato “modeba” não seria, sob nenhuma hipótese, a senadora.