Jovens indígenas que estudam no Centro de Ensino Médio Indígena Xerente (Cemix), em Tocantínia, receberam esta semana, a cartilha sobre Eleições, produzida pela Justiça Eleitoral especialmente para o povo Akwẽ. Traduzida na língua materna xerente, a publicação bilíngue faz parte da 3ª edição de uma coletânea desenvolvida para os indígenas do Tocantins e disponibilizada nas quatro línguas faladas pelos povos originários do estado.

Iniciativa faz parte do Programa de Inclusão Sociopolítica dos Povos Indígenas no Tocantins, que este ano distribuiu cinco mil cartilhas bilíngues nas línguas faladas pelo Povo Panhi – Apinajé, Povo Iny – Karajá, Javaé e Xambioá; Povo Mehí – Krahô e Povo Akwẽ – Xerente. O material disponibiliza informações de forma simples para facilitar a compreensão sobre o sistema eleitoral e, principalmente, reforçar a importância do voto para o fortalecimento da democracia brasileira e para a representatividade dos povos indígenas.

Durante a ação no Cemix de Tocantínia, os jovens indígenas das aldeias Brejo Comprido, Porteira, Lajeado, Rio Sono e Funil também puderam participar de uma votação simulada. Com urnas posicionadas no centro da escola, os estudantes escolheram personagens fictícios para treinar a ordem do voto e o tempo de conferência. Experiência válida tanto para quem vai votar pela primeira vez – como é o caso do estudante Kiris Srãwe Xerente, que tem 17 anos e compartilha estar “ansioso para o voto” – quanto para quem ainda não vota, mas quer se preparar, como a Hayka Wakntidi Brito Xerente, de 15 anos, que diz estar preparada a partir de agora: “perdi o medo de errar e agora já aprendi como dar meu voto”.

Juiz eleitoral da 13ª Zona Eleitoral e coordenador do Programa, Wellington Magalhães destacou que a ação é educativa e visa despertar o interesse do público jovem e estimular a compreensão acerca do processo eleitoral brasileiro. Segundo ele, “a ação de hoje levou em consideração a importância da participação do jovem indígena nas eleições. Reunimos os estudantes do ensino médio e fundamental para que nós pudéssemos conversar sobre a importância do voto e o fortalecimento da participação do indígena no processo político democrático”, registrou.

Para o diretor do Cemix Warã, Armando Sõpre Xerente, a abordagem bilíngue facilita a compreensão e consequentemente o trabalho dos professores na promoção da pauta dentro do centro de ensino. “Com a cartilha a gente vai refletir e pensar na nossa língua e isso é emocionante. Esse livro vai ajudar os professores na conscientização dos estudantes e eu creio que vai ajudar muito até pra gente entender mesmo o que é a democracia, na nossa língua, como podemos participar e como podemos contribuir”, disse.