“Estou preparado para governar o Tocantins”
24 junho 2018 às 00h00
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Senador que disputa a eleição suplementar para o governo neste domingo, se diz confiante de que será o escolhido pelo eleitor tocantinense, que agora poderá comparar passado, realizações, currículo e histórias dele e de seu adversário
Dock Júnior
Para a disputa do segundo turno da eleição suplementar, o senador Vicentinho Alves (PR) considera-se o candidato mais preparado para administrar o Estado do Tocantins até o dia 31 de dezembro. Na sua visão, há inúmeras potencialidades a serem exploradas, como também é possível organizar as contas públicas. Contudo, o necessário mesmo neste mandato-tampão é o lançamento das bases para importantes projetos, que deverão ser implementados ao longo do próximo mandato.
Vicente Alves de Oliveira (PR) é portuense, agropecuarista e piloto comercial. É casado e pai de quatro filhos, entre os quais o deputado federal Vicente Junior (PR). A história política de Vicentinho Alves nasce basicamente junto com o Estado do Tocantins, uma vez que foi eleito em 1989 para o cargo de prefeito de Porto Nacional, em 1998 para deputado estadual e reeleito em 2002. Em 2006 foi alçado ao cargo de deputado federal e, por fim, em 2010, a senador da República.
Ao disputar a eleição suplementar, o sr. conseguiu superar o candidato Carlos Amastha (PSB) e ir ao segundo turno, agora, para uma disputa em igualdade de condições com o governador interino Mauro Carlesse (PHS), já que o tempo de TV e rádio é idêntico. A quais fatores o sr. atribui essa expressiva votação?
Primeiro ao conhecimento que o povo mais simples do interior tem das minhas realizações no Estado. Em todas as cidades tem obras que levamos com os nossos recursos, fruto das nossas emendas parlamentares. Infelizmente, nas grandes cidades essa comunicação não é tão eficiente, apesar de termos ainda mais emendas nas maiores cidades. Neste segundo turno pudemos esclarecer melhor a nossa atuação, a nossa história e o eleitor teve condições de comparar melhor e, logicamente, escolher o melhor.
Neste domingo, 24 de junho, realizar-se-á o segundo turno entre o sr. e o governador interino Mauro Carlesse. Qual é a sua expectativa para esse pleito eleitoral?
Eu espero que o Tocantins mantenha a tradição de escolher o nome mais preparado para governar o Estado, como sempre o fez. E para isso, basta que ele compare o passado, as realizações, o currículo e o sentimento de cada um dos candidatos por esta terra. Eu tenho 30 anos de vida pública, sem escândalos. Acumulei muita experiência. Sei como conseguir recursos. Sou um estudioso de gestão pública e me sinto preparado para este desafio.
Uma vez eleito para cumprir o mandato até 31 de dezembro deste ano, quais são os seus maiores desafios? Que projetos pretende implantar à frente do governo estadual para que sua gestão fique registrada como ímpar na história do Tocantins?
É um governo de emergência que nos desafia a colocar todas as estruturas de governo para funcionar. Mas eu quero ir além disso. Quero lançar bases de projetos importantes. Serei o governador que vai elaborar o orçamento de 2019 e isso é uma grande responsabilidade. Deixaremos o Estado preparado para crescer.
As eleições ordinárias de outubro de 2018 são uma realidade da qual é impossível para um agente político esquecer ou não fazer planos. Quais são suas pretensões para aquela eleição e, como membro do parlamento nacional, qual a importância do pleito para os cargos eletivos, como senadores, deputados federais e estaduais?
Penso que serão as eleições gerais que vão mudar o Brasil para sempre, depois de toda a turbulência que vivemos desde 2013. Nunca o País e o Estado debateram tanto o seu futuro. Temos um eleitorado desesperançoso, frustrado, mas com a oportunidade de mudar tudo e fazer história. Os políticos que mantiveram uma postura coerente nos últimos anos podem se apresentar nesta eleição como uma alternativa de experiência. O eleitor quer mudar, mas precisa também de segurança e experiência.
Como o sr. traçaria o paralelo entre o surgimento do Estado do Tocantins e sua trajetória política?
Penso que sou um dos mais legítimos filhos políticos da luta libertária do Tocantins. Fui testemunha ocular das mobilizações da Conorte, da Cenog, do Comitê Pro-Criação do Tocantins e tantas outras iniciativas que resultaram na emenda à Constituinte que criou nosso Estado em 1988. De lá pra cá, participei de todas as eleições, como candidato ou apoiador, e estive presente nos grandes debates que marcaram a vida do Estado nesse período. Isso me dá uma bagagem muito grande. Um conhecimento da realidade política que vai ajudar na gestão, sem dúvida nenhuma. Não se faz gestão sem compreender o ambiente político ao seu redor e o seu contexto histórico.
O sr. assumiu o cargo de Senador em 2011. Quais foram os grandes projetos e o grande legado do seu mandato como congressista?
Eu destacaria aqui a defesa das minorias e o empenho pelo investimento em infraestrutura do Estado. Apresentei ou votei diversos projetos para os indígenas, quilombolas, aposentadoria especial para garis e fui o senador que mais conseguiu recursos para grandes obras no Estado. A Ferrovia Norte-Sul, as travessias urbanas das cidades da Belém-Brasília, a BR-242 e ainda foi possível trazer benefícios para todas as 139 cidades. Não há uma cidade tocantinense que não tenha um benefício trazido por mim.
O sr. se considera um difusor do municipalismo. Nestas circunstâncias, o sr. se bate pela revisão do pacto federativo que majora as cotas dos Fundos de Participação dos Estados (FPE) e dos Municípios (FPM)? Isso não abalaria as contas e compromissos já firmados pela União?
Eu posso afirmar com tranquilidade que eu fundei o municipalismo no Tocantins. Fui o presidente da ATM (Associação Tocantinense dos Municípios) que construiu a sede em Palmas. Como deputado e senador trouxe benefício para todas as cidades e sempre apoiei os prefeitos na luta pelo novo pacto federativo. Já está mais que claro que a carga maior de responsabilidades está com os municípios, mas a fatia maior dos impostos está com os governos centrais. Os Estados e a União também serão desonerados com o novo pacto. É só uma questão de Justiça. Repassar mais recursos a quem tem mais responsabilidades com o povo.
É sabido que sua base eleitoral é o município de Porto Nacional. O sr. foi um dos parlamentares a apresentar, desde emendas ao Plano Plurianual/PPA 2016, requerimentos direcionando verbas para a construção da nova ponte sobre o Rio Tocantins naquele município, ao custo de R$ 250 milhões. Assim como a primeira ponte inaugurada ainda na década de 70, a nova obra é um instrumento de integração para a cidade. Qual é a perspectiva para que essa ponte se torne realidade?
A chance desta ponte ficar pronta está intimamente ligada ao Tocantins ter um portuense no comando do governo. Eu tenho compromisso com esta obra porque nasci e cresci no pé desta ponte. Outro não tem. E eu já provei isso ao conseguir os recursos no orçamento e também o financiamento da Caixa Econômica Federal.
O governo já tem condições de tocar essa obra, mas não o fez porque o recurso foi conseguido por mim e tentaram me jogar contra a população, depois que anunciei que seria candidato. Entretanto, hoje o povo de Porto de Nacional sabe que tudo não passou de uma jogada política do governador interino [Mauro Carlesse]. Sentaram em cima da verba e se o povo de Porto vacilar esse dinheiro será desviado para outra região. Comigo no governo esse risco não existe.
A crescente vocação agrícola da cidade também merece destaque, uma vez que novas indústrias, concessionárias, além de outros comércios se instalaram no município, gerando emprego e renda. Como o sr. avalia essa expansão meteórica desse segmento e também a influência da instalação do pátio multimodal da Ferrovia Norte-Sul em terras portuenses?
Eu lutei muito para essa ferrovia beneficiar Porto Nacional e região. Hoje eles compreendem toda aquela nossa luta. Tantas mobilizações, tantas emendas, tanta luta e está aí em Luzimangues, a distribuidora de combustíveis, a esmagadora de soja, as lavouras, o trem passando. É só o começo porque agora chegarão as indústrias de processamento, com emprego de qualidade para a nossa gente. É toda uma geração de políticos que lutou por isso e eu me orgulho de ter sido ponta de lança dessa geração.
Qual a sua percepção acerca das chamadas travessias do Araguaia, na Ilha do Bananal e, também, em Xambioá, cuja ordem de serviço da ponte já foi chancelada pela Presidência da República? Qual é o grau de importância dessas duas alças viárias para o Estado do Tocantins?
O Pará vem se tornando um grande produtor e o Sul daquele Estado não tem infraestrutura adequada para escoar a produção. O caminho é o Tocantins, onde temos a ferrovia.
Eu entendo que já evoluímos o suficiente para fazer uma estrada na Ilha do Bananal sem agredir o meio ambiente, usando todo o conhecimento de engenharia disponível. Com essa ligação pela ilha, através da TO-500, como também a ponte sobre o Rio Araguaia em Xambioá, nossas relações comerciais com o Mato Grosso e o Pará vão se intensificar.
É uma nova fronteira econômica e a gente já aprendeu que desenvolvimento só vem com logística. Como governador, vou me empenhar para fazer tudo isso virar realidade.