“Estou credenciado a a disputar o governo”

27 janeiro 2018 às 11h23

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Prefeito de Araguaína admite dificuldades para vencer o duro pleito de outubro, diz que seu partido busca alianças e detalha avanços na gestão municipal

Reeleito prefeito de Araguaína em 2016, pelo PR, Ronaldo Dimas é pré-candidato ao governo do Estado do Tocantins. Nessa entrevista, ele expõe suas conquistas à frente da Prefeitura de Araguaína, as dificuldades para conquistar o Palácio Araguaia, como também, as possíveis alianças políticas para obter êxito nas eleições deste ano.
Dono de um alentado currículo político e de atuação na representatividade classista, Dimas foi deputado federal entre 2003 e 2006 e um dos fundadores e o primeiro presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado do Tocantins (Sinduscon), de 1992 a 1997. Também foi presidente, por dois mandatos, da Federação das Indústrias do Estado do Tocantins (Fieto), no período de 1997 a 2003, e conselheiro da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
O senador Vicentinho Alves, recentemente, lançou o seu nome como pré-candidato ao governo estadual, quando as conversações com outros partidos ainda estavam no estágio inicial. Qual foi o seu posicionamento? O sr. está pronto para esse desafio?
Considero que uma série de ações na condição de prefeito de Araguaína me credencia a disputar o cargo de governador. Contudo, também me surpreendi, inicialmente, com a atitude do senador Vicentinho. Achei sinceramente, no começo, que ele estava me perguntando se eu aceitava, mas quando percebi, ele já havia emitido nota à imprensa, prestando-me todo o seu apoio, na condição de presidente estadual do PR.
Conversei, após alguns dias, com os vereadores da cidade, representantes da sociedade civil organizada, das associações comerciais, dos sindicatos rurais, além de empresários, amigos e familiares. Recebi apoio unânime. Senti que há uma junção de situações que convergem em torno do meu nome, em minha direção, enfim. É por isso que eu resolvi aceitar a missão, porque não posso fechar os olhos e ignorar esse fato. Não estou me vangloriando de nada, absolutamente, mas acho que posso sim, contribuir com o crescimento do governo do Estado e implantar um novo modelo de gestão. Posso dizer que sempre sonhei em assumir esse cargo. Só acho – de forma muito positiva – que aconteceu antes do esperado.
Em que pese o senador Vicentinho estar alinhado com o Palácio Araguaia, o lançamento de um candidato próprio causou certa estranheza no meio político. Dentre as possíveis alianças para compor essa chapa, existem vários partidos aliados interessados, evidentemente. Quais são as possíveis composição partidárias e qual é o segredo para competir e ganhar uma eleição que certamente será muito disputada?
Quero esclarecer que houve uma confusão, por parte da imprensa, quando fui visitar o governador Marcelo Miranda, acompanhado do senador Vicentinho e dos deputados federais da nossa região, Lázaro Botelho e Cesar Halum. Não fui lá para tratar de política ou composições e sim firmar acordos para destinação de recursos para Araguaína, entre os quais uma emenda impositiva que deveria ser direcionada para investimentos em infraestrutura urbana da nossa cidade.
Respondendo seu questionamento, já disputei o governo estadual em 2006, na condição de vice na chapa encabeçada por Siqueira Campos. Lutamos contra o próprio governador Marcelo Miranda. Quando as chapas foram lançadas, estávamos melhor posicionados nas pesquisas, contudo, Miranda disputava a reeleição e com o decorrer do tempo, a condução da máquina administrativa lhe beneficiou.
Essa é uma realidade, não é fácil disputar com quem está no poder. O Gaguim, por exemplo, ficou pouco mais de um ano à frente do governo e deu trabalho para Siqueira Campos, em 2010. Já o Sandoval, em poucos meses à frente do Palácio Araguaia, disputou voto a voto com Marcelo Miranda em 2014.
Nestas circunstâncias, além da máquina ser forte, não se pode deixar de reconhecer que o governador é um sujeito carismático, boa praça, líder e todo mundo gosta dele, inclusive eu, mesmo porque não tenho nada contra a pessoa dele. A minha divergência é político-administrativa. Creio que está faltando a máquina rodar, mas mesmo assim, o respeito e o considero um forte candidato.
Também não tenho nada contra a pessoa da senadora Kátia Abreu (sem partido), outra possível adversária. Temos parcerias e ela tem destinado recursos e emendas para Araguaína, quer seja na condição de ministra da Agricultura, enquanto ocupou o cargo, quer seja como senadora da República.
Em relação aos possíveis pré-candidatos, o prefeito Carlos Amastha e o deputado estadual Mauro Carlesse (PHS), também os conheço, tenho boa relação e mantenho o diálogo aberto com todos eles. Numa campanha, é necessário levar propostas de melhorias para a população e não fazer ataques pessoais, o que eu acho um tanto quanto desajeitado.
Como é a sua relação com o seu vice Fraudneis Fiomare, que assumirá a Prefeitura de Araguaína durante sua campanha?
Muito boa, uma vez que no primeiro mandato ele também foi meu vice. Estamos bem afinados. Ele sabe exatamente o que está ocorrendo na gestão e se dispôs a ajudar em todos os aspectos. Acredito sim que ele tem a capacidade de aplicar com sabedoria todos os recursos que angariamos ao longo dos últimos cinco anos.
Tirei uma licença neste mês de janeiro, que é um período mais tranquilo, para fazer algumas articulações políticas e consolidar essa candidatura. O vice assumiu interinamente, de forma tal que ele se ambiente com o cargo e os problemas, estando totalmente pronto para assumir a gestão, a partir de abril de 2018.
É natural é que o senador Vicentinho, líder do seu partido, seja candidato à reeleição na sua chapa. O outro candidato ao Senado poderia ser o ex-deputado federal Eduardo Gomes?
Sim, perfeitamente. É um ótimo nome, meu amigo de longa data. Contudo, há também chances de ser o Siqueira Campos, o Amastha e até mesmo o César Halum. O senador Vicentinho certamente vai compor um grupo forte, mas é necessário convencer os outros que o nome dele é o ideal. Não adianta ele convencer apenas a mim, pois não podemos cometer o erro de impor nada a ninguém. Acredito que Vicentinho seja um bom nome, pois assumiu a liderança no Senado Federal após a morte do senador João Ribeiro. Tem sido o esteio de muitas prefeituras – cujos gestores assumiram compromisso com ele – e isso lhe servirá como credencial para emplacar seu nome nas próximas eleições.
Procedem as especulações de que o seu filho, Tiago Dimas, será lançado como candidato a deputado federal em 2018?
Ele participa da minha administração e é responsável pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável, ligado à Secretaria do Planejamento. Ele tem demonstrado vocação e interesse em se candidatar ao cargo. Ele ainda não está filiado a nenhum partido, mas do mesmo jeito que já disse que não decido sozinho a formação da chapa majoritária, sendo necessário avaliar a melhor composição política, a candidatura dele passa pelo crivo das percepções momentâneas, pesquisas qualitativas e quantitativas, além de conveniências das alianças partidárias. Não forço candidaturas, nem mesmo do meu filho. Nunca fiz isso e nunca farei. Se a pessoa ganha a eleição, foi ele que ganhou. Se perde, foi eu que perdi. Então, não opino nada. Se ele quiser entrar na política, será bem-vindo.
Na última entrevista ao Jornal Opção, em dezembro de 2016, o sr. acabara de ser reeleito e expôs, à época, os desafios do segundo mandato. Decorrido pouco mais de um ano, quais foram os avanços da sua administração à frente da Prefeitura de Araguaína?
Muita coisa mudou. Entregaremos o Parque Cimba oficialmente, porque a população começou a utilizá-lo antes mesmo da inauguração. Foram necessárias algumas desapropriações, em que pese a morosidade da justiça. Já entregamos, também, três conjuntos habitacionais e estamos finalizando o quarto.
Em relação ao Lago Azul e a via que dá acesso a ele, entregamos à população no aniversário da cidade. O lago era propriedade privada, inclusive. A avenida Via Lago proporciona o acesso, o turismo e o lazer aos araguainenses. Além disso, a via liga os bairros da região sul com o centro da cidade e, também, desafoga o trânsito. Isso proporciona um pique de desenvolvimento para a cidade, não há dúvidas quanto a isso.
Há projetos para incentivar o turismo de negócios através de parcerias público-privadas. Haverá, de frente para o lago, um centro de convenções, um shopping, restaurantes, quiosques, hotéis e, também, na área pública, o centro administrativo. Ao final da avenida, à esquerda, faremos ainda, um complexo esportivo, cujas parcerias já foram firmadas com as Confederações Brasileiras de Triathlon e Canoagem para implantação de centros de treinamento de referência para a região norte, nestas duas modalidades. Os recursos para isso já estão alocados junto ao Ministério dos Esportes.
E quais são os investimentos nas outras áreas?
Há previsões de investimentos consideráveis, uma vez que o Banco de Desenvolvimento da América Latina pretende injetar recursos na ordem de U$ 50 milhões, faltando apenas a autorização do Senado. Além disso, as emendas impositivas totalizam R$ 50 milhões, que serão utilizados na infraestrutura física da cidade.
O projeto de esgotamento sanitário, denominado saneamento integrado, envolve a canalização de córregos, revitalização de nascentes, além da construção da rede de tratamento de esgoto e outros parques urbanos.
Inobstante a isso, estamos também concluindo a ampliação do Hospital Municipal, através de recursos do Ministério da Saúde, o recapeamento asfáltico em vários bairros, o que resulta, evidentemente, em vários investimentos na cidade.
No que concerne ao aeroporto da cidade, se a princípio não parece ser um problema da administração municipal, suas deficiências trazem sérios transtornos para a população da cidade. Qual a sua visão acerca do tema e como resolver tais problemas?
Assim como a rodoviária, que reformei e adequei sem permitir que ela parasse de funcionar, o aeroporto é a porta de entrada da cidade. Há cinco anos eu luto para conseguir adequá-lo às normas internacionais de aviação. Foi lançado o programa do governo federal para apoiar a aviação regional, contudo, o processo de readequação foi muito lento. Hoje, nós cumprimos todas as etapas, como o projeto básico e nesse momento, está no último passo, uma vez que o processo está sendo analisado pelo Ministério dos Transportes.
Após isso, assinaremos o convênio e serão investidos cerca de R$ 50 milhões na infraestrutura e equipamentos, adequando-o às exigências da aviação internacional. O cronograma já está pronto e autorizado e homologado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Estamos, também, trabalhando há mais de seis meses nos estudos de viabilidade para atrair as empresas para operar no aeroporto. Fizemos contatos junto ao governo do Estado do Tocantins, através da Secretaria da Fazenda, de forma tal que fosse oferecido desconto, de 15% para 3% no ICMS pago no combustível, para as empresas aéreas, desde que elas operem em mais de um aeroporto em nosso território. O governador aceitou e isso fortalecerá a aviação regional e vai alavancar, de vez, o aeroporto da nossa cidade.
Na aprovação do empréstimo de R$ 500 milhões na Assembleia Legislativa, houve uma certa polêmica, quando certo trecho de pavimentação asfáltica foi retirado do projeto, prejudicando sua cidade. Como essa situação foi contornada?
O governo do Estado tinha projetado para o trecho que liga o Distrito de Novo Horizonte até Araguaína, além da duplicação da rodovia, duas avenidas marginais para atender a parte comercial daquelas comunidades, que inclui o bairro Barra da Grota. Em que pese essas vias comerciais serem ideais, a verba foi destinada apenas para a construção e duplicação da via.
Com o tempo, haverá o microparcelamento da área reservada para a marginal, por parte dos proprietários, e essas marginais acabarão por ser construídas pelos próprios empreendedores. Já existem algumas indústrias no local, que necessitam escoar a produção, como é o caso da Geomex, uma exportadora da matéria-prima da gelatina.
Há também um intenso trânsito e comércio de gado, advindo do Estado do Pará e oeste do próprio Tocantins, que passa por esta estrada, com destino aos frigoríficos de Araguaína, que hoje totalizam cinco unidades. Portanto, nossa cidade é um grande polo comercial do Estado do Tocantins e se tornou referência para a região e, por isso, a urgente necessidade de pavimentar e duplicar o trecho.